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Publicada em 03 de Outubro de 2025 às 12:51

Receita Federal garantirá compensação de incentivos fiscais estaduais na transição tributária

O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, a secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, e o presidente do Comitê Gestor do IBS, Flávio César, participaram de coletiva de imprensa nesta sexta-feira

O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, a secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, e o presidente do Comitê Gestor do IBS, Flávio César, participaram de coletiva de imprensa nesta sexta-feira

Fernando Lacerda/Sefaz/Divulgação/JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
Enquanto a reforma tributária avança, o futuro passa a ser discutido. No caso de incentivos fiscais estaduais, a regra é clara: eles deixarão de existir frente ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). A ideia por trás disso é de acabar com a “guerra fiscal” entre os estados brasileiros, o que criaria condições desiguais de atração de investimentos. Mas tanto a secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, quanto o presidente do Comitê Gestor do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), Flávio César, garantem que as novas regras compensarão os incentivos fiscais estaduais.
Enquanto a reforma tributária avança, o futuro passa a ser discutido. No caso de incentivos fiscais estaduais, a regra é clara: eles deixarão de existir frente ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). A ideia por trás disso é de acabar com a “guerra fiscal” entre os estados brasileiros, o que criaria condições desiguais de atração de investimentos. Mas tanto a secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, quanto o presidente do Comitê Gestor do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), Flávio César, garantem que as novas regras compensarão os incentivos fiscais estaduais.
“A Receita Federal está trabalhando exatamente nisso, onde todos aqueles incentivos que são por prazo e com coisa certa para entregar serão recepcionados e, se tiver algum resíduo, vai ser devidamente compensado e isso ficará justamente a cargo da Receita”, informou Pricilla durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (3) durante a Semana Fazendária, que acontece no Farol Santander. O comentário da secretária foi considerado “muito contundente” por César.
De uma maneira geral, a secretária avaliou positivamente a mudança para o FNDR. “Vai ser um conjunto de recursos crescente e a gente vai poder efetivamente promover a política de desenvolvimento. Uma das grandes vantagens da reforma tributária para os estados é que ela rompe com a lógica de guerra fiscal, de ficar utilizando a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para atrair determinados investimentos que, do contrário, não viriam. Então, numa óptica absolutamente econômica, distorce as vantagens que determinado estado, determinada localidade tem para receber um ativo”, considerou Pricilla.
Enquanto a secretária pontuou que esse novo modelo de desenvolvimento será “mais racional, mais agregador e com efeitos multiplicadores”, sendo capaz de gerar “mais crescimento e desenvolvimento econômico”, César ponderou os benefícios da novidade do ponto de vista regionalizado. Para ele, as economias locais poderão se desenvolver a partir de atributos próprios.
A reforma tributária vai conceder oportunidade para os estados se fortalecerem através da sua vocação. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, há quatro grandes indústrias de celulose e uma quinta sendo instalada. Além disso, tem os setores de frigoríficos, sucroalcooleiro e temos agora, chegando muito forte, a citricultura. Então, é a oportunidade para que os estados possam se organizar e se preparar para no médio e no longo prazo se consolidarem nas suas vocações”, acrescentou César.

Comitê Gestor do IBS é criado em meio a impasses

O projeto de lei complementar que cria o Comitê Gestor do IBS, presidido por César, foi aprovado pelo Senado na terça-feira, 1º de outubro. Sob sua responsabilidade ficará a arrecadação e a distribuição do novo imposto entre os entes federados. O Conselho Superior, sua instância máxima, será composto por 27 representantes indicados por estados e Distrito Federal e 27 pelos municípios.
A organização das eleições para os representantes municipais gerou, todavia, disputas recentes entre a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), na escolha pela seleção dos representantes dos executivos municipais que seriam indicados para compor o órgão. Na ocasião, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que é vice-presidente da FNP, chegou a desfiliar a capital gaúcha da CNM diante do impasse.
O fato é que o Comitê Gestor do IBS foi criado e já possui tanto Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) quanto conta bancária. Agora, a sua composição não está definida. Nessa perspectiva, por enquanto, o Conselho Superior será composto inicialmente apenas por representantes dos Estados e do Distrito Federal. As eleições dos 27 representantes municipais estão suspensas até que o impasse entre CNM e FNP seja solucionado.
César considerou que a criação do Comitê foi “emblemática e histórica”. “Depois de muitos meses de intenso trabalho dentro dessa esfera, com estados e municípios em parceria com o governo federal, conseguimos aprovar o PLP (Projeto de Lei Complementar) 108, que traz toda a concepção do Comitê Gestor que já está em fase adiantada de implementação porque a Lei Complementar 214 instituiu um comitê gestor provisório”, celebrou o presidente do órgão.
Ele enfatizou, ainda, que o Rio Grande do Sul está tendo o que denominou como um protagonismo na transição e organização da reforma tributária. Como exemplo disso, relembrou a atuação gaúcha frente à criação e à implementação da nota fiscal eletrônica, que foi tornada obrigatória com a nova legislação.

CBS passa pela preparação das empresas

Enquanto a maior parte das discussões que envolvem o governo passa pelo IBS, que substituirá o ICMS, as empresas dão conta de outro imposto, a Contribuição Sobre Bens e Serviço (CBS), que unifica o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A transição para esse novo imposto ocorrerá de forma gradual entre 2026 e 2033.
As empresas que não conseguirem cumprir com as novas obrigações fiscais do ano-teste de 2026, pelo texto-base aprovado pelo Senado, serão intimadas a resolver as pendências antes que uma multa seja imposta definitivamente. Assim, será dado um prazo de 60 dias para que o pedido seja atendido e, em caso de cumprimento, a penalidade será extinta.
“A forma como construímos a reforma tributária no momento da regulamentação e da implementação, com diálogo com empresas e com a sociedade está facilitando muito (a preparação das empresas). Não vamos avisá-los depois do sistema estar pronto e, sim, estamos construindo com eles. Estou bastante animado e estimulado de que vai ser um sucesso essa reforma tributária”, considerou o secretário especial da Receita Federal do Brasil, Robinson Barreirinhas.

Barreirinhas responde críticas ao split payment

Além da criação dos novos impostos e da criação do Comitê Gestor, um terceiro ponto nevrálgico da reforma tributária é a criação de um novo sistema de pagamentos. A ideia é que ele reduza a sonegação e aprimore a cobrança de impostos. Um dos módulos da plataforma, o split payment, permitirá que o valor dos tributos seja direcionado em tempo real para o governo, estados e municípios, mas sua implementação tem sido um dos principais alvos de críticas por parte do empresariado, que também levanta dúvidas sobre o sistema.
“É um tipo de temor em que há sempre duas coisas. Uma, é a ansiedade natural de quando há algo novo. Mas tem também aquelas pessoas que estão de má-fé e querem gerar ansiedade por interesses escusos. Mas vamos ter um prazo de transição para isso também e vai passar a valer mesmo a partir de 2027 nas operações entre fornecedores e outras empresas, no varejo vai ficar para depois. Vai ter tempo para as pessoas se adaptarem a isso”, rebateu e explicou Barreirinhas.
O secretário especial acrescentou que “empresas de criminosos, noteiras, por exemplo, que não existem e estão lá para emitir nota têm que ficar preocupadas mesmo”. Porque, conforme defende, o surgimento do split payment “vai sim beneficiar o bom contribuinte, mas vai ser duro com esses criminosos”.

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