A crise climática deverá permear os debates sobre seguros dentro da COP30. O tema é defendido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), que, pela primeira vez, participará da Conferência.
No ano de 2024, foram gastos no mundo US$ 170 bilhões em indenizações por perdas em função da crise climática. No Brasil, foram quase R$ 20 bilhões, conforme alertou o presidente da entidade, Dyogo Oliveira, que esteve em Porto Alegre a convite do Sindicato das Empresas de Seguros do Rio Grande do Sul (Sindsergs). Ao trazer os números da enchente que ocorreu no Rio Grande do Sul no ano passado, como os 20 mil carros perdidos, o dirigente suscitou a urgência de as seguradoras adotarem a agenda da adaptação.
“As seguradoras não têm a opção de não participar (do debate). Por muito tempo, o setor de seguros se alijou desse processo, embora seja a principal vítima das mudanças climáticas”, destacou. Durante almoço promovido pelo Sindsergs, o dirigente informou que a confederação irá lançar, na COP30, o Relatório Brasil. O documento irá demonstrar as perdas a cada ano. "Isso tem que passar a fazer parte de todas as apólices de seguro existentes no Brasil porque todos os riscos vão impactar de uma maneira ou de outra”, disse, destacando a posição do Rio Grande do Sul, como um centro de convergência de massas de ar.
Para Oliveira, é preciso criar condições para reconstruir as cidades e proteção para populações mais vulneráveis. Ele lembrou que, enquanto no Brasil aeroportos e estados não possuem seguro, o México tem apólice de bilhões de dólares para incidentes climáticos, a França tem 98% das casas com seguro, e Peru e Chile estão encaminhando formas de assegurar sinistros provocados por questões climáticas.
O dirigente explicou que serão levadas à COP30 as prioridades das seguradoras, como o Seguro Social Catástrofe, em discussão na Susep (Superintendência de Seguros Privados) e o lançamento de Green Bonds, que são títulos de renda fixa para captar recursos a serem destinados a projetos de sustentabilidade. Também chamou atenção para o incentivo ao seguro rural. Atualmente, dos 80 milhões de hectares plantados no país, apenas 3 milhões possuem apólices. “O produtor vai precisar, cada vez mais, de proteção”, alertou.
Durante o evento, o dirigente falou aos participantes da importância da nova lei do Contrato de Seguro (lei 15.040/24), que entrará em vigor em dezembro. O texto irá disciplinar o mercado, especificando todos os procedimentos, dando prazos e incentivando a troca de informações entre as seguradoras. Já a Lei 213/25 mudará a dinâmica das associações e cooperativas, fazendo com que estejam ligadas a uma administradora e, esta, à Susep.
Para o fortalecimento do setor, Oliveira incentivou as seguradoras a colaborarem com o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, Previdência Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização (PDMS), construído conjuntamente entre corretores e seguradores. A meta da CNSeg é de que o país chegue a 20% no número de segurados. Isso representaria 6,5% do PIB em valores, o que equivale a R$ 750 bilhões. “Em função das enchentes, o setor privado do Brasil teve uma perda de mais de R$ 20 bilhões de reais. Nosso trabalho é motivar municípios , e estados a buscar proteção”, salientou.