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Publicada em 30 de Setembro de 2025 às 17:15

Vinícolas projetam redução de custos com fornecimento de garrafas de vidro no RS

Garrafas transparentes, que precisavam ser trazidas da fábrica da Verallia em São Paulo, serão fabricadas em Campo Bom

Garrafas transparentes, que precisavam ser trazidas da fábrica da Verallia em São Paulo, serão fabricadas em Campo Bom

TÂNIA MEINERZ/JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
O fornecimento de vidros para garrafas de vinho era um dos maiores empecilhos da produção vitivinícola gaúcha. Primeiro, por problemas de abastecimento que, durante a pandemia, chegaram a causar a paralisação das atividades em algumas indústrias. Depois, pelo seu custo, que encarecia a produção.
O fornecimento de vidros para garrafas de vinho era um dos maiores empecilhos da produção vitivinícola gaúcha. Primeiro, por problemas de abastecimento que, durante a pandemia, chegaram a causar a paralisação das atividades em algumas indústrias. Depois, pelo seu custo, que encarecia a produção.
Agora, com o aumento na produção de embalagens de vidro para alimentos e bebidas da indústria francesa Verallia, que inaugurou sua segunda planta em Campo Bom no dia 23 de setembro, as expectativas do setor são altas.
O volume de garrafas produzidas deve quase dobrar: as atuais 700 mil embalagens fabricadas por dia se tornarão 1,3 milhão, e equivalerão a 820 toneladas diárias, números que a empresa espera atingir até o final de 2026.
A indústria, presente em 12 países pelo mundo, tem apostado suas fichas no Brasil, onde já possui, além das duas plantas em Campo Bom, unidades em São Paulo e Minas Gerais. E, ao todo, atende 342 clientes no País, produzindo para eles 325 formatos de embalagens de vidro.
Um dos principais públicos consumidores da indústria é o setor vitivinícola, que utiliza garrafas para sucos, vinhos e espumantes. Não à toa, a escolha por Campo Bom: é uma cidade relativamente próxima a Porto Alegre (56,6 quilômetros de distância) e, ao mesmo tempo, se conecta com a Serra Gaúcha, onde está o Vale dos Vinhedos. Localizadas na região, as vinícolas Salton e a Garibaldi, por exemplo, dependem quase inteiramente da Verallia para o fornecimento de garrafas para os seus produtos.
Na Argentina e no Chile, outros países que contam com plantas da indústria francesa, as instalações também estão em áreas de produção vinícola. Mas a aposta brasileira da Verallia tem como plano de fundo o potencial do mercado local. "O que se viu nos últimos semestres, é que o crescimento do Brasil é mais forte que na Europa. Lá, vemos uma redução do mercado de maneira significativa desde 2023, por várias razões. Aqui, o consumo está mais alto, em média", garantiu o CEO Global da Verallia, o também francês Patrice Lucas.
Apenas a Cooperativa Vinícola Garibaldi é responsável por adquirir a cada ano, 15 mil toneladas de embalagens de vidro fabricadas pela Verallia. Isso significa que, com a nova capacidade produtiva, 18 dias, 4 horas e 48 minutos de trabalho das duas plantas de Campo Bom seriam necessárias apenas para abastecer este cliente.

Garrafas transparentes precisavam ser transportadas de São Paulo

Entretanto, não é possível dizer que mais de um mês de trabalho seria necessário para abastecer a Garibaldi antes da expansão. Isso porque 25% das garrafas adquiridas pela vinícola — as transparentes, que estão sendo produzidas agora na nova planta industrial — precisavam ser transportadas da unidade da Verallia de São Paulo para Garibaldi, onde a indústria de bebidas está instalada. O que, é claro, encarecia a produção das bebidas devido aos custos logísticos.
"Isso representa, para nós, uma série de vantagens. Talvez, a principal delas seja a questão da segurança no fornecimento pela capacidade maior de produção. Fica mais seguro termos um fornecedor que vai nos atender em diferentes situações. Segundo, tem a questão do custo. Porque trazer o vidro (transparente) de São Paulo acabava tornando ele mais caro. Com a proximidade da fabricação em Campo Bom, a distância é bem menor, gerando um custo logístico muito menor para trazer a garrafa", explica o diretor executivo da Garibaldi, Alexandre Angonezi.
Esse ponto também é destacado pelo diretor-presidente da vinícola Salton, Maurício Salton: "Temos a expectativa de que essa expansão contribua para custos mais competitivos, reduzindo o gap em relação aos produtos importados que contam com subsídios em seus países de origem e também frente ao descaminho e ao contrabando, que são muito significativos no mercado brasileiro", pontuou o executivo. A parceria entre a empresa e a fabricante de vidros já tem mais de cinco décadas e garante o fornecimento de quase a totalidade das garrafas utilizadas pela Salton na indústria situada em Bento Gonçalves. 
Para Angonezi, no entanto, é difícil avaliar se o custo será reduzido ao consumidor final dos produtos. "Normalmente é uma soma de fatores, em que alguns custos diminuem e outros aumentam. Ainda estamos sofrendo um processo inflacionário no País e tivemos aumento de custos de outras fornecedoras. Então, é um pouco cedo para dizer se o preço lá na ponta vai cair imediatamente em função da redução do custo da garrafa", avalia o executivo da Garibaldi.

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