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Publicada em 22 de Setembro de 2025 às 18:29

Carne e café mantêm preço alto da cesta básica em Porto Alegre

 No caso da carne, o preço subiu 23% nos últimos 12 meses e 4,60% em 2025 na Capital

No caso da carne, o preço subiu 23% nos últimos 12 meses e 4,60% em 2025 na Capital

Stefani Reynolds/AFP/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
Embora tenha registrado queda acumulada de 2,44% nos últimos dois meses, o preço da cesta básica em Porto Alegre, que chegou a R$ 811,14 em agosto, continua sendo o terceiro mais caro entre as capitais do País, somente atrás de São Paulo (R$ 850,84) e Florianópolis (R$ 823,11). De acordo com a economista Daniela Sandi, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a manutenção da cesta básica da Capital em um patamar elevado é resultado da inflação nos preços da carne e do café. 
Embora tenha registrado queda acumulada de 2,44% nos últimos dois meses, o preço da cesta básica em Porto Alegre, que chegou a R$ 811,14 em agosto, continua sendo o terceiro mais caro entre as capitais do País, somente atrás de São Paulo (R$ 850,84) e Florianópolis (R$ 823,11). De acordo com a economista Daniela Sandi, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a manutenção da cesta básica da Capital em um patamar elevado é resultado da inflação nos preços da carne e do café. 
“Se por um lado alguns produtos in natura, como tomate, batata e feijão, estão registrando queda no preço, do outro nós observamos que produtos como a carne e o café seguem pressionando o valor da cesta básica”, explica. No caso da carne, o preço subiu 23% nos últimos 12 meses e 4,60% em 2025 na Capital. De julho para agosto, a oscilação foi tímida: 0,78%.
“A demanda internacional pela carne gaúcha segue alta, então o volume de exportações continua pressionando o preço deste produto no Estado. Por estarmos no período entressafra, em que há redução da engorda e do abate, a oferta regional também é impactada”, explica Daniela.
Para a economista do Dieese, o preço da carne no mercado doméstico não foi impactado pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início de agosto. A carne brasileira foi taxada em 50% pelos estadunidenses. “O Brasil continua batendo recorde nas exportações de carne, tanto que o preço do produto não baixou. Os mercados se ajustam, e os produtores foram atrás de outras regiões para exportar. Por isso, acredito que não tenha havido reflexo do tarifaço no preço da carne no mercado interno”, comenta.
O impacto do café no preço da cesta básica não é referente à variação do último mês, quando foi registrada queda de 1,6%, mas do acumulado dos últimos 12 meses, com alta de 82,53%. Isto fez do café o produto da cesta com a maior alta de preço no período. Em agosto do ano passado, o quilo de café custava R$ 35,72, contra R$ 65,55 no mesmo mês de 2025. Na avaliação de Daniela, o alto valor é resultado do cenário de baixos estoques deste produto mundo afora.
“O mercado de café está se ajustando, já que os estoques ainda estão muito baixos mundialmente. Os dois principais países produtores, Brasil e Vietnã, foram muito afetados por eventos climáticos nos últimos dois anos, o que restringiu bastante a oferta de café. No médio prazo, a expectativa é de que haja uma recuperação maior dos estoques, o que deve diminuir o preço do produto”, explica.
Segundo ela, para os próximos meses, a tendência é que o preço tanto da carne quanto do café se mantenha elevado. "São produtos cotados no mercado internacional, na bolsa de valores. No caso do café, há muita especulação na negociação de contratos futuros. Os produtores já estão vendo novos mercados, com 180 empresas brasileiras tendo sido autorizadas a exportar para a China", conclui. 

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