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Publicada em 22 de Agosto de 2025 às 13:58

Indústria gaúcha de tintas cresce quase o quádruplo da média nacional em 2025

Diretor da Abrafati credência os números à recuperação das enchentes e fatores culturais

Diretor da Abrafati credência os números à recuperação das enchentes e fatores culturais

Freepik/Divulgação/JC
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Cássio Fonseca
Cássio Fonseca
Pouco mais de um ano após as enchentes e com a fervorosa reconstrução do Rio Grande do Sul, o impacto deste processo se reflete no crescimento da indústria de tintas em relação à média nacional. No primeiro semestre de 2025, a região Sul, com ênfase nos gaúchos, cresceu 6,3%, enquanto o País como um todo registrou apenas 1,6%. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).
Pouco mais de um ano após as enchentes e com a fervorosa reconstrução do Rio Grande do Sul, o impacto deste processo se reflete no crescimento da indústria de tintas em relação à média nacional. No primeiro semestre de 2025, a região Sul, com ênfase nos gaúchos, cresceu 6,3%, enquanto o País como um todo registrou apenas 1,6%. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).
O diretor de relações institucionais e comunicação da associação, Fábio Humberg, considera o cenário nacional como positivo por conta da situação econômica e o avanço moderado do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão é que, até o final do ano, o crescimento seja entre 2,5% e 3%, bem abaixo do ano passado, que registrou 6% — uma marca incomum. “Estamos vendo que o Rio Grande do Sul deve ser a locomotiva do País. Acreditamos que ele deva manter um ritmo parecido neste segundo semestre”, analisa Humberg.
A região Sul como um todo costuma ser influente no setor, conforme explica o diretor. Os três estados são fortes na produção e venda, enquanto os gaúchos, ainda mais do que em Santa Catarina e no Paraná, possuem uma grande vinculação com as marcas locais. 
O otimismo para um aumento nas vendas no Brasil e a manutenção de um índice excepcional na região se dá pelo fato de a segunda metade do ano ser o momento mais aquecido do mercado. Há a preparação para as festas de final de ano, o 13º salário e os preparativos de hotéis e pousadas para o verão.
Já o primeiro trimestre é o pior, e justifica a modesta porcentagem até aqui. “Em janeiro, fevereiro e março, em geral, a verba está mais apertada, porque estão sendo pagos os parcelamentos para o Natal ou os impostos de início de ano”, diz Humberg.
Entretanto, elementos externos podem gerar desconfiança e afetar o desempenho da indústria. Em vigor desde o dia 6 de agosto, o tarifaço não afeta diretamente a indústria de tintas, já que o Brasil não exporta para os Estados Unidos, mas atinge outros setores envolvidos, conforme o diretor. “Projetos também podem ser congelados e grandes empreendimentos como shoppings e supermercados que seriam pintados não saem do papel".
Ademais, produtos que seriam pintados e exportados deixam de ser produzidos. “No Rio Grande do Sul, tem a indústria moveleira, que está sendo muito afetada. E todos esses móveis recebem pintura. Ao produzir menos, vai se vender menos tinta para essa indústria”, completa.
Vale destacar que o País não é uma potência de exportação como um todo, por conta do custo do frete comparado ao custo do produto. Os principais negócios ocorrem com nações vizinhas e do Oeste da África, mais próximo para envios por navio.
Por outro lado, a produção brasileira é a 4ª maior do planeta, atrás apenas de China, EUA e Índia. De acordo com a Abrafati, a indústria movimenta R$ 40 bilhões anualmente e produz 2 bilhões de litros de tintas com mais de dois mil fabricantes entre pequenas, médias e grandes empresas.
No Sul, somado ao advento das cheias, Humberg conta que a região tradicionalmente tem uma força na venda de tintas que está ligada a uma questão cultural de cuidado com a casa, além de uma grande quantidade de construções em madeira, que exige também uma manutenção mais frequente.
O apreço com as moradias, consolidado na região, também se tornou uma tendência global após a pandemia. “As pessoas se deram conta de como estar numa casa aconchegante é importante. Aquele período de isolamento mexeu muito com essa percepção do valor da pintura. Esse é um fator que tem estimulado a venda de tintas de maneira geral, e acontece também em outros países”, relata.
Ele completa que este fator também possui uma relação com as gerações mais novas, que valorizam a personalização e buscam um local que represente melhor a forma como cada um é ou está naquele período da vida. Elementos como uso de cores variadas, efeitos especiais na pintura, formas geométricas e desenhos nas paredes são destacados pelo diretor.

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