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Publicada em 21 de Agosto de 2025 às 11:03

Apesar da queda, taxa de trabalho informal é alta e impacta economia nacional

De acordo com o IBGE, Brasil tem 38,7 milhões de pessoas trabalhando na informalidade

De acordo com o IBGE, Brasil tem 38,7 milhões de pessoas trabalhando na informalidade

MARCO QUINTANA/ARQUIVO/JC
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Cássio Fonseca
Cássio Fonseca
Com a menor taxa de desemprego da série histórica brasileira iniciada em 2012, atingida no trimestre que se encerrou em junho, com 5,8%, surge um cenário de otimismo. Outra queda importante foi na informalidade, que está em 37,8% —  só é maior do que no segundo trimestre de 2020 (36,6%) —, equivalente a 38,7 milhões de pessoas. No entanto, apesar da boa comparação, o número bruto é demasiadamente alto. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a menor taxa de desemprego da série histórica brasileira iniciada em 2012, atingida no trimestre que se encerrou em junho, com 5,8%, surge um cenário de otimismo. Outra queda importante foi na informalidade, que está em 37,8% —  só é maior do que no segundo trimestre de 2020 (36,6%) —, equivalente a 38,7 milhões de pessoas. No entanto, apesar da boa comparação, o número bruto é demasiadamente alto. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo com uma média similar ao longo dos anos, o trabalho informal no mercado brasileiro é um modelo longe do ideal e resulta em uma queda na arrecadação dos cofres públicos, além da diminuição do poder aquisitivo da população, destaca o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Rodrigo Salvato. Um dos principais impactos está na previdência e, consequentemente, na aposentadoria, que é um dos problemas do País atualmente.
É necessário, portanto, o fomento à formalização do trabalhador por parte do poder público. Os números de junho, inclusive, estão conectados com uma política de incentivo do governo para o mercado rodar mais no curto prazo e gerar uma cadeia de resultados que aumenta a renda das pessoas e diminui a informalidade e a taxa de desemprego. Por outro lado, Salvato se questiona sobre o fôlego para manter as coisas como estão.
“Apesar de um resultado positivo da Pnad e do mercado de trabalho, conseguimos sentir alguns efeitos de desaceleração e esgotamento dessas políticas. O que faz com que se pense um segundo semestre com uma dinâmica menor de crescimento e, para o ano que vem, o cenário se agravar com a taxa de juros estagnada”, projeta.
Esse movimento é um passo importante, também, para a estabilidade. “As pessoas que estão no mercado informal têm uma renda menor e mais instável. Com esse movimento para o mercado formal, cresce o poder de investimento também”, salienta o presidente do Corecon, que relata uma dificuldade do setor varejista na contratação de empregados no modelo informal. “Apesar da diferença de um ano para o outro ser pequena, no Brasil isso significa um grande montante de pessoas”, completa. No mesmo período em 2024, o emprego informal era 0,9% maior que em 2025.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos (Smdete) atua na capacitação do microempreendedor individual (MEI) para a formalização do negócio através de programas de incentivo. O diretor de empreendedorismo da pasta, Michel Sanchez, destaca o Mais Crédito Juro Zero, que fornece um microcrédito de até R$ 20 mil.
“No primeiro aporte, o programa oferece R$ 10 mil para o informal, o formal, a agroindústria familiar ou uma microempresa que fatura até R$ 360 mil. A verba para o informal tem o intuito de implementar essa mentalidade e, caso ele tenha interesse de buscar os outros R$ 10 mil, precisa se formalizar e passar por uma capacitação”, explica. O diretor também afirma que a formalização é um passo fundamental para o crescimento sustentável de qualquer negócio. “O empreendedor passa a ter acesso a uma série de direitos, benefícios e ao mercado produtivo”, completa.
Sanchez também compartilha que Porto Alegre teve um recorde de abertura de empresas em 2024, apesar das enchentes. Foram 40.705 novos negócios, com um aumento de 6% em comparação a 2023. Isso porque o setor de serviços foi muito utilizado no período das cheias. Em 2025, nos primeiros seis meses, foram 25.500 aberturas de novos negócios.
O microcrédito auxilia, além da formalização, no crescimento e na abertura de novos negócios. No caso da empreendedora Sharla Peixoto, em ambas as frentes. Ela trabalha com brechós há 13 anos e, desde 2021, tem o Brechó da Sharla, que conseguiu deixar as salas alugadas em prédios comerciais para uma loja de calçada, como sonhava a proprietária, através dos aportes. Foi possível, ainda, ampliar sua atuação ao construir um mini-mercado, que está previsto para ficar pronto em outubro. "Foi imprescindível o empréstimo. Primeiro, nem acreditávamos no juro zero, que ajudou muito e agora as vendas estão maravilhosas", conta Sharla.
Os montantes de R$ 10 mil foram liberados em junho do ano passado e em março deste ano, em nove parcelas. A segunda leva, portanto, ainda está sendo depositada e auxiliando na construção do novo negócio. E os planos para o futuro envolvem a expansão do brechó, que começou na garagem de casa e hoje entrega Brasil afora.

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