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Publicada em 06 de Agosto de 2025 às 08:49

Tarifaço de Trump pode cortar 146 mil empregos no Brasil em dois anos, diz Fiemg

Tarifas impostas por Trump começam a vigorar nesta quarta-feira (6)

Tarifas impostas por Trump começam a vigorar nesta quarta-feira (6)

Anna Moneymaker/Getty Images via AFP/JC
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Agências
O tarifaço aplicado por Donald Trump sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos pode levar à perda de 146,6 mil empregos formais e informais no País em um intervalo de até dois anos.É o que aponta um levantamento da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) divulgado nesta semana.
O tarifaço aplicado por Donald Trump sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos pode levar à perda de 146,6 mil empregos formais e informais no País em um intervalo de até dois anos.
É o que aponta um levantamento da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) divulgado nesta semana.
Linha de produção de indústria de madeira no Paraná Divulgação Abimci A imagem mostra um armazém com pilhas de madeira. O cálculo já considera as exceções à sobretaxa de 50% que foram estabelecidas em decreto do presidente americano, que acabou isentando quase 700 produtos do tarifaço, ou 43% do total exportado pelo Brasil aos EUA em 2024. As tarifas começam a vigorar nesta quarta-feira (6).
De acordo com a Fiemg, o impacto da nova política tarifária sobre os setores mais afetados deve causar uma redução de R$ 25,8 bilhões no curto prazo, de 1 a 2 anos, para a atividade econômica, o equivalente a 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Isso levaria a uma perda de 146.605 postos de trabalho nesse período, considerando empregados formais e informais. Ao considerar um prazo mais longo de manutenção das tarifas, de 5 a 10 anos, a queda para o PIB nacional seria equivalente a 0,94%, e a redução de empregos iria para 618,1 mil postos, segundo a Fiemg.
"Mesmo o setor que não exporte diretamente [aos EUA], acaba sofrendo impacto. A depender da estrutura do segmento, às vezes o efeito pode ser até maior para o fornecedor de insumos", afirma João Pio, economista-chefe da Fiemg e responsável pela pesquisa.
Levantamento feito à Folha pela entidade mostra que a perda de postos seria maior nos setores de siderurgia (queda de 8,1% de empregos no curto prazo), fabricação de produtos de madeira (-6,6%) e pecuária (-3,3%).
De modo geral, o tarifaço não deve reverter o quadro positivo do mercado de trabalho no Brasil, avalia o economista Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O efeito negativo, segundo Tobler, tende a ficar mais concentrado nas atividades diretamente afetadas.
O economista ressalta que as projeções colocam milhares de empregos em risco, ao passo que a população ocupada com algum tipo de trabalho (formal ou informal) alcançou o recorde de 102,3 milhões no trimestre até junho, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um reflexo da ocupação em alta, a taxa de desemprego recuou a 5,8% no mesmo período. Foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 6% na série histórica iniciada em 2012.

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