As tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros entram em vigor hoje. Na semana passada, o presidente do país americano, Donald Trump, assinou o decreto que oficializou tarifas de 50% aos produtos exportados pelo Brasil. Mas a extensa lista de exceções à taxação acabou trazendo um alívio para quem imaginava o pior. Ficaram de fora dessa alíquota alguns dos produtos mais importantes na pauta de exportações brasileira para o mercado americano, como o suco de laranja, celulose e os aviões da Embraer. No total, são 694 exceções.
Dentre os produtos com peso significativo na balança, itens como o café e as carnes terão a tarifa extra de 40% - que se soma à de 10% que já está em vigor, chegando à taxa de 50%. Mesmo com as exceções, os impactos prometem ser fortes na economia nacional.
Em novo estudo divulgado, ontem, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) estimou que as tarifas adicionais sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos afetam 55% das exportações do Brasil e podem comprometer mais de 147 mil empregos.
"Apesar da isenção concedida a 694 produtos - o que representa cerca de 45% do valor exportado pelo Brasil ao mercado norte-americano - os efeitos sobre a economia nacional ainda serão expressivos", diz a Fiemg.
A simulação feita pela Fiemg chegou à conclusão de que a imposição da tarifa pode reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e até R$ 110 bilhões no longo prazo. A perda de renda das famílias poderá alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos, além da redução de 146 mil postos de trabalho formais e informais.
Ainda ontem o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que, diante do "tarifaço" anunciado pelos Estados Unidos, o governo colocará em execução um plano de contingência para mitigar esse "ataque injusto" e aliviar seus prejuízos econômicos sociais. Ele reiterou que todas as medidas cabíveis serão tomadas, inclusive recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lula reafirmou que o compromisso do governo é com os brasileiros. "O Brasil nunca saiu da mesa do diálogo. A única explicação que eu tenho é que interesses políticos, especialmente políticos eleitorais, não podem contaminar relações comerciais", disse ele, durante abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o "Conselhão", no Palácio Itamaraty.
O presidente repetiu que irá avançar em negociações comerciais com Emirados Árabes, México e Canadá durante sua presidência rotativa do Mercosul, que vai até o final deste ano.
No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que 4% dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos serão afetados pelo tarifaço imposto pelo presidente americano, Donald Trump. Deste porcentual, mais de 2% terão um destino alternativo.
"Graças à política que o presidente Lula inaugurou ainda em 2003, de abrir os mercados para os produtos brasileiros, elas representam 12%. Desses 12%, 4% são afetados pelo tarifaço, e dos 4%, mais de 2% terá, naturalmente, outra destinação, porque são commodities com preço internacional que vão encontrar o seu destino no curto ou médio prazo", afirmou Haddad. Ele disse ainda que, apesar do porcentual baixo, o governo não irá "baixar guarda" porque setores vulneráveis devem ser prejudicados pela tarifa de 50% para produtos brasileiros.
Principais itens que serão atingidos pela nova taxação
Café
Carne bovina
Frutas
Têxteis
Calçados
Móveis