Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 09 de Julho de 2025 às 16:31

Quase 60% dos itens de inflação estão acima do teto da meta perseguida pelo BC, diz Galípolo

Aos parlamentares, Galípolo enfatizou que, enquanto presidente do BC, ele não tem poder de interpretar ou de flexibilizar "qualquer tipo de comando legal"

Aos parlamentares, Galípolo enfatizou que, enquanto presidente do BC, ele não tem poder de interpretar ou de flexibilizar "qualquer tipo de comando legal"

Alessandro Dantas/PT no Senado/Divulgação/JC
Compartilhe:
Agências
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (9) que a inflação oficial do Brasil está bastante disseminada e que quase 60% dos itens que compõem o índice estão acima do teto da meta perseguida pela instituição.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (9) que a inflação oficial do Brasil está bastante disseminada e que quase 60% dos itens que compõem o índice estão acima do teto da meta perseguida pela instituição.
"A inflação está bastante disseminada. Aproximadamente 45% dos índices que compõem a inflação estão [em nível] superior ao dobro da meta. Vou ter aproximadamente 58%, quase 60%, superior ao teto da meta. Temos que acompanhar a meta, que é 3%", afirmou. As declarações foram dadas em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
O Banco Central busca atingir a meta central de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Nesta quinta-feira (9), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) relativo a junho, quando a inflação oficial do Brasil deve descumprir oficialmente a meta contínua pela primeira vez.
Nas cinco primeiras divulgações de 2025, o IPCA ficou acima de 4,5% no acumulado em 12 meses. A alta dos preços foi de 5,32% até maio. No novo sistema, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada em 12 meses permanece por seis meses consecutivos de divulgação fora do intervalo de tolerância.
Aos parlamentares, Galípolo enfatizou que a autoridade monetária busca atingir o alvo central de 3% e que ele, enquanto presidente do BC, não tem poder de interpretar ou de flexibilizar "qualquer tipo de comando legal", em referência ao decreto presidencial que estabeleceu a nova sistemática de meta para a inflação.
"A meta não é uma sugestão à autoridade monetária, a meta decorre de um decreto. A meta é 3%. A meta não é 3%, com 1,5 [ponto percentual] para cima ou para baixo, no sentido que posso perseguir a meta de maneira leniente. [...] A banda da meta foi criada para absorver choques", reforçou.
Segundo Galípolo, o papel do Banco Central é "colocar a taxa de juros em um patamar restritivo o suficiente pelo tempo que for necessário para atingir aquela meta dentro do horizonte relevante."
Em junho, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar os juros em 0,25 ponto percentual, subindo a taxa básica (Selic) a 15% ao ano - o maior patamar desde julho de 2006. O colegiado do BC volta a se reunir nos dias 29 e 30 de julho.
Na Câmara, o presidente do BC também destacou que sua fala não sugere a abertura do debate para elevação da meta. "Qualquer tipo de flexibilização nesse sentido, o sinal que é dado é de que nós somos um país que está confortável com uma moeda que pode perder mais valor ano a ano", afirmou.

Notícias relacionadas