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Publicada em 08 de Julho de 2025 às 16:17

Estado reforça que banco de areia no Guaíba tem mais de 60 anos e não influencia cheias

Banco de areia é muito distante do canal de navegação (foto) e não oferece qualquer risco

Banco de areia é muito distante do canal de navegação (foto) e não oferece qualquer risco

TÂNIA MEINERZ/JC
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Em função dos inúmeros debates que se formaram em torno da necessidade de dragagem e desassoreamento do Guaíba, o governo gaúcho divulgou nesta segunda-feira (7), material informando que o banco de areia existente no lago existe há mais de seis décadas e não influencia as cheias.
Em função dos inúmeros debates que se formaram em torno da necessidade de dragagem e desassoreamento do Guaíba, o governo gaúcho divulgou nesta segunda-feira (7), material informando que o banco de areia existente no lago existe há mais de seis décadas e não influencia as cheias.
Segundo o material, o banco de areia que pode ser visto junto à Ilha das Balseiras, no Guaíba, em Porto Alegre, "é uma formação antiga e que não foi gerada pelas cheias de 2024. Mapas do Exército e da Marinha Brasileira elaborados com base em levantamentos realizados entre 1961 e 1964 já indicavam sua presença". Ainda, aponta que imagens de satélite também comprovam que a formação já existia muito antes de 2024, como em imagem registrada em 2020, na qual o banco de areia aparece de forma nítida.

O texto esclarece ainda que Esse tipo de formação geológica ocorre devido a um processo natural de sedimentação e que, apesar de o banco ter aumentado de tamanho após as enchentes de maio de 2024,  "não representa risco maior de inundações na capital do Estado nem interfere na capacidade de navegação".

"É uma formação natural na área do delta do rio Jacuí, onde sedimentos são depositados, e sua influência é desprezível para as cheias do Guaíba", enfatiza Fernando Mainardi Fan, doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs. Ele exemplifica com um engarrafamento na freeway: "é a mesma influência no engarrafamento da rodovia provocado por um veículo parado naquelas áreas para descanso. Praticamente nenhum".

“Esse banco de areia foi identificado na década de 1960. Houve um crescimento em razão do evento adverso de 2024, porque processos dessa magnitude sempre deixam marcas na paisagem. Porém trata-se de uma área muito pequena em relação à dimensão do Guaíba”, acrescenta o analista-chefe do departamento de qualidade ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Glaucus Ribeiro. “Tecnicamente, essa porção de areia não trará efeitos no que tange a inundações em Porto Alegre, e sua remoção seria ineficaz no que diz respeito ao controle de enchentes.”

Reforçando esse entendimento, o secretário-executivo do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Rio Grande do Sul, professor Joel Goldenfum, explica que a formação de bancos de areia é um fenômeno natural em ambientes que se comportam de maneira semelhante a lagos – como é o caso do Guaíba. Nesses cursos d’água, o material em suspensão transportado pelas águas tende a se depositar quando a velocidade da corrente diminui.

O professor também aponta que, nesse caso, a dragagem é desnecessária. “Não há nenhum motivo técnico para isso. O volume do banco de areia é muito pequeno se comparado ao volume total do Guaíba. Além de ser um processo que demanda altos investimentos, não há indicativos de que sua retirada possa ter um impacto significativo no controle de enchentes”, ressalta.

Além disso, segundo a Portos RS, a área onde está localizado o banco de areia é muito distante do canal de navegação e não oferece qualquer risco ao transporte de cargas.

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