O mercado de veículos eletrificados no Rio Grande do Sul atravessa um grande momento. De acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve), foram emplacadas 1.302 unidades eletrificadas apenas em maio no Estado, um recorde mensal para o segmento. Em todo o País, o desempenho também tem sido positivo, com 22.279 vendas concluídas no último mês.
Ainda conforme o levantamento da Abve para maio, os tipos de eletrificados mais comercializados no Estado foram os 100% elétricos (BEV), com 549 vendas, e os híbridos plugáveis (PHEV), com 349 unidades emplacadas. O restante das comercializações se dividiu entre os híbridos convencionais (HEV), que registraram 96 vendas, e os híbridos leves (MHEV 12V e MHEV 48V), com 308 veículos negociados.
A IESA GWM, que trabalha exclusivamente com veículos eletrificados, atualmente registra um número de vendas muito maior do que o esperado quando foi inaugurada a primeira concessionária no Estado. "O objetivo era vender de 25 a 30 carros por mês, mas hoje nós vendemos cerca de 130. É um negócio que aumentou cinco vezes nos últimos dois anos", conta o diretor comercial da marca, José Aurélio Junior.
Segundo o vice-presidente da Abve, Thiago Sugahara, as novas tecnologias estão tendo grande aceitação no mercado devido às vantagens que oferecem tanto para o meio ambiente quanto para o bolso do consumidor. “Mais de 90% da energia elétrica brasileira provém de fontes renováveis, então os carros elétricos são uma boa opção para quem procura por modelos mais eficientes, que emitem menos gás carbônico. Outra vantagem dos eletrificados é que o custo da energia elétrica é mais barato frente ao da gasolina”, explica.
Sugahara acredita que, com a nova elevação da alíquota de importação de veículos eletrificados, prevista para este mês, a curva de crescimento do mercado de eletrificados não será mais exponencial. Apesar disso, segundo ele, mais empresas construirão fábricas próprias no País.
“O mercado continuará crescendo, mas não na mesma velocidade observada nos últimos anos. Ao mesmo tempo, veremos também o início da produção local, o que ajuda a reparar a indústria automotiva brasileira. Além de atender a demanda interna, o País poderá servir como plataforma de exportação para outros mercados, principalmente na América Latina”, comenta Sugahara.
Conforme documento divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a partir deste mês, a nova alíquota para carros 100% elétricos será de 25%, enquanto para híbridos plugáveis chegará a 28%. No caso dos veículos híbridos convencionais, a taxa será alterada para 30% neste mês. Haverá ainda uma última elevação, em julho de 2026, a partir da qual todos os tipos de eletrificados terão a alíquota de 35%.
Cronograma de elevação da alíquota para importação de veículos eletrificados
100% elétricos:
Julho de 2025 = 25%
Julho de 2026 = 35%
Híbridos convencionais:
Julho de 2025 = 30%
Julho de 2026 = 35%
Híbridos plugáveis:
Julho de 2025 = 28%
Julho de 2026 = 35%
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Cobertura de eletropostos nas rodovias ainda deve demorar alguns anos
Para o diretor comercial da IESA GWM, José Aurélio Junior, a eletrificação do mercado não representa somente uma fonte alternativa de energia para os carros. “É uma grande mudança cultural. O usuário de um veículo eletrificado precisa reorganizar sua rotina diária para manter o seu carro sempre carregado”, explica.
Em relação à infraestrutura de carregamento para veículos eletrificados, o proprietário da estação de recarga Esquina do Futuro, Eduardo Costa, acredita que a cobertura atual de eletropostos nas cidades é compatível com a quantidade de veículos eletrificados circulando. Nas estradas, por outro lado, a instalação de um número suficiente de estações de carregamento levará mais tempo.
“A infraestrutura nas rodovias ainda deve demorar alguns anos, não só pela quantidade de carregadores, mas pela qualidade. Pelo menos 90% das estações ainda oferecem recarga lenta, porque as unidades de carregamento rápido ou ultrarrápido exigem uma infraestrutura elétrica mais robusta”, explica Costa.
Segundo ele, outro fator que deve ser levado em consideração ao viajar com um veículo eletrificado é a compatibilidade de potência entre o carregador elétrico e o carro. “Não adianta o carregador ser 120 kV, por exemplo, se o veículo limita a 40 kV”, comenta.
Vale lembrar que, entre os veículos eletrificados, somente os 100% elétricos e os híbridos plugáveis precisam ser carregados em eletropostos. Por ter uma bateria menor, o motor elétrico dos híbridos convencionais e dos híbridos leves é carregado pelo próprio sistema a combustão do veículo.