Com duração de 30 dias e com a previsão de percorrer quase 9 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais do Rio Grande do Sul, a pesquisa CNT de Rodovias começou nesta segunda-feira (30) em Porto Alegre. O primeiro veículo HB20, de um total de três, saiu do Monumento ao Laçador, na zona Norte da Capital em direção às cidades de Eldorado do Sul, Guaíba e passagem por Camaquã - onde a equipe fará uma parada.
Os outros dois automóveis seguem em direção ao Chuí a partir de amanhã (1º de julho) e o terceiro carro vem de Santa Catarina e terá como destino a Serra gaúcha. A equipe da Confederação Nacional do Transporte (CNT) fará uma avaliação das condições de tráfego das rodovias gaúchas federais, estaduais e trechos concedidos.
O presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul), Francisco Cardoso, disse que o objetivo do levantamento é coletar dados para identificar pontos críticos das rodovias com atenção para a qualidade do pavimento e da sinalização. "Vamos fazer uma radiografia de 100% das condições das rodovias federais, parte dos trechos estaduais e das vias concedidas", destaca. Conforme Cardoso, é a 28ª edição da pesquisa que, em anos anteriores, apontou que a qualidade das rodovias no Estado era regular. "O resultado aumenta o custo operacional das empresa em até 38,5%", comenta.
Segundo Cardoso, um transporte seguro e eficiente exige investimentos em manutenção. "É uma maneira de sinalizar para os governos federal e estadual que é necessário maiores investimentos em rodovias", destaca. O presidente da Fetransul acredita que as condições as estradas gaúchas podem ter piorado com as enchentes de maio 2024. "A iniciativa é uma maneira da federação seguir cobrando os governos federal e estadual por maiores investimentos", explica. Para Cardoso, um transporte eficiente e seguro começa pela manutenção das estradas.
Além de Porto Alegre, a pesquisa é realizada de forma simultânea em outras 12 cidades brasileiras. Na região Sul, o levantamento ocorre em Curitiba (Paraná) e Florianópolis (Santa Catarina). No Sudeste, a avaliação será feita em Belo Horizonte (Minas Gerais) e São Paulo (São Paulo). No Centro-Oeste, em Brasília (Distrito Federal), Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e Cuiabá (MatoGrosso); no Norte, em Rio Branco (Acre), Manaus (Amazonas) e Macapá (Amapá); e no Nordeste, em Maceió (Alagoas) e Teresina (Piaúi). Com uma equipe de 24 pesquisadores, serão avaliadas todas as rodovias federais pavimentadas, os principais trechos estaduais e as vias concedidas. A previsão é de que essa primeira fase seja concluída em até 30 dias. A edição anterior foi lançada em novembro de 2024.
Entre os aspectos analisados no trabalho, estão pavimento (superfície e acostamento), sinalização (faixas adicionais, marcas laterais, visibilidade e legibilidade das placas) e geometria da via (tipo, curvas perigosas e presença de acostamento). No levantamento anterior, estimou-se em R$ 10,3 bilhões o valor necessário para intervenções emergenciais (reconstrução e restauração) e manutenção.
A Pesquisa CNT de Rodovias 2024 classificou as estradas da seguinte forma: ótimo (7,5%), bom (25,5%), regular (40,4%), ruim (20,8%) e péssimo (5,8%). No ano passado, o estudo avaliou 111.853 quilômetros de vias pavimentadas, sendo 67.835 quilômetros da malha federal (rodovias federais) e 44.018 quilômetros de trechos estaduais estratégicos. No relatório da CNT, as rodovias do Rio Grande do Sul apresentaram os seguintes percentuais: ótimo (5,8%), bom (22,1%), regular (47,7%), ruim (19,2%) e péssimo (5,2%). Isso revela que quase 72% das estradas gaúchas estavam classificadas como regular ou em condições inferiores, somando as categorias ruim e péssimo.
Francisco Cardoso, presidente da Fetransul, destaca que o transporte seguro e eficiente exige investimentos na manutenção das estradas
TÂNIA MEINERZ/JC