Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Junho de 2025 às 15:26

Veja como o fechamento do Estreito de Ormuz pode afetar a economia do Brasil

Estreito de Ormuz é o corredor marítimo mais importante do mundo para o transporte de petróleo

Estreito de Ormuz é o corredor marítimo mais importante do mundo para o transporte de petróleo

JC
Compartilhe:
Jamil Aiquel
Jamil Aiquel
Após bombardeio estadunidense em três instalações nucleares iranianas, o Parlamento do país árabe aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz - uma das principais rotas para o petróleo no mundo. Segundo especialistas, o bloqueio da via deve impactar o preço do petróleo ao redor do globo.O Estreito de Ormuz é o corredor marítimo mais importante do mundo para o transporte de petróleo. Localizado entre o Irã e o Omã, a via tem cerca de 33 quilômetros de largura, por onde transitam navios vindos do Golfo Pérsico em direção ao Mar Arábica, e estima-se que cerca 60% dos barris de petróleo e gás natural sejam transportados por ali. O possível fechamento afetará diretamente o preço do petróleo a nível mundial, principalmente para países exportadores. Isso tem gerado preocupações sobre como o conflito pode afetar a economia brasileira. É o que afirma João Carlos Dal’Aqua, presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro).“Estamos vivendo uma era de muita incerteza. O encarecimento dos fretes pode nos afetar através das importações, já que nós não produzimos gasolina e o diesel suficientes (para toda a demanda interna). Temos petróleo, mas não temos o derivado do petróleo. Então, se não houver mais importação, ou se as importações começarem a ficar mais caras, vai causar problemas na produção local”, afirmou.
Após bombardeio estadunidense em três instalações nucleares iranianas, o Parlamento do país árabe aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz - uma das principais rotas para o petróleo no mundo. Segundo especialistas, o bloqueio da via deve impactar o preço do petróleo ao redor do globo.

O Estreito de Ormuz é o corredor marítimo mais importante do mundo para o transporte de petróleo. Localizado entre o Irã e o Omã, a via tem cerca de 33 quilômetros de largura, por onde transitam navios vindos do Golfo Pérsico em direção ao Mar Arábica, e estima-se que cerca 60% dos barris de petróleo e gás natural sejam transportados por ali.

O possível fechamento afetará diretamente o preço do petróleo a nível mundial, principalmente para países exportadores. Isso tem gerado preocupações sobre como o conflito pode afetar a economia brasileira. É o que afirma João Carlos Dal’Aqua, presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro).

“Estamos vivendo uma era de muita incerteza. O encarecimento dos fretes pode nos afetar através das importações, já que nós não produzimos gasolina e o diesel suficientes (para toda a demanda interna). Temos petróleo, mas não temos o derivado do petróleo. Então, se não houver mais importação, ou se as importações começarem a ficar mais caras, vai causar problemas na produção local”, afirmou.
Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2024, a produção nacional de gasolina A (pura, ainda sem a adição de etanol anidro) correspondeu a 90% do total da oferta interna, sendo os 10% restantes supridos por importações. Já no caso do diesel A (ainda sem a mistura de biodiesel), as importações foram responsáveis por cerca de 25% das vendas.
Apesar de não estar diretamente envolvido no conflito, as ações dos países em guerra vão, inevitavelmente, afetar o mercado brasileiro. Segundo o presidente, ainda é cedo para dizer com certeza as reais consequências para o nosso Brasil e nos resta aguardar a posição da Petrobrás sobre o assunto.

"O Brasil não está imune, não está fora do mercado mundial. Então isso vai afetar ou no preço, ou na Petrobrás. Se a Petrobrás tiver um custo maior e não repassar, vai afetar o resultado, certo? E se ela repassar, vai afetar no custo e inflacionar”, ponderou.

Apesar das preocupações, Dal’Aqua explica que, pelo menos a curto prazo, o consumidor final brasileiro não será tão afetado. Segundo ele, a escassez de produtos é muito improvável.

"O nosso mercado não vai ter falta de produto, é muito raro que aconteça isso. Então, não, não é nesse momento. Já passamos pela situação da Rússia com o petróleo e, principalmente com o diesel russo, então não acredito que faltará o produto. Então, os mercados se movimentam, mas claro, vai ter oscilações".

O fechamento do Estreito de Ormuz

Apesar de aprovado pelo parlamento, o Irã ainda não tomou nenhuma ação militar para fechar o Estreito de Ormuz. Segundo João Gabriel Burmann, professor de Relações Internacionais da Uniritter, existe uma expectativa de que esse bloqueio não ocorra, "uma vez que os impactos para a economia global seriam bastante significativos".
"Cerca de 60% do petróleo e especialmente de gás natural passam pela região. O petróleo que sai do Estreito de Ormuz vai em grande parte para o Leste asiático, seja para as economias da Índia, da China e do Japão. Então até o momento não houve nenhuma iniciativa aberta, mas se houvesse, ela seria sem precedentes", destacou.

A ameaça de fechamento da via surgiu como retaliação ao bombardeio estadunidense, porém, a ação impactaria muito mais que a economia dos Estados Unidos. Assim, um dos principais objetivos do Irã, segundo o especialista, é utilizar a região como uma forma de barganha econômica para atrair mediadores.

"É uma maneira de o Irã utilizar a pressão econômica para tentar trazer mediadores para esse conflito. Não necessariamente vai trazer aliados à sua causa, pelo contrário, muito provavelmente vai trazer ainda mais oposição ao seu projeto. Uma oposição que, atualmente, é composta basicamente por Estados Unidos e Israel. Os demais países da região estão relativamente equidistantes desse conflito. Não é a solução, pelo contrário. Seria, inclusive, um motivo para uma escalada, porque justificaria mais ações militares da parte dos Estados Unidos", destacou.
• LEIA TAMBÉM: Nível do Guaíba no Cais sobe 5cm da meia-noite até as 11h desta segunda-feira

Por fim, o professor destaca que, apesar da boa relação entre Brasil e Irã - muito por conta da participação dos países do BRICS, é esperado que o governo Lula mantenha uma posição neutra. O ministério de relações internacionais publicou uma nota oficial condenando os ataques dos Estados Unidos no último domingo (22), que foi definida pelo especialista como “protocolar”.

“Entendo que seja uma tentativa do Brasil de não se engajar diretamente nesse confronto para não piorar a situação com relação a Israel, já que temos um problema diplomático maior em torno de Gaza”, afirmou.

Notícias relacionadas