Com a proximidade do inverno, os consumidores vão enfrentar uma inflação acumulada de 1,6% nos preços de caldos, doces e bebidas típicas nas festas juninas deste ano. O número é de um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que revela que a cesta de produtos do evento, no período entre maio de 2024 e junho de 2025, foi pressionada por alimentos como ovo e mandioca.
Apesar do aumento, o número foi inferior ao registrado nos anos anteriores. Em 2022, a cesta com 27 produtos teve alta de 13,17%, enquanto em 2023 e 2024 chegou a 11,13% e 4,62%, respectivamente. O valor também foi menor que o Índice de Preços ao Consumidor - Mercado (IPC-M) que ficou em 4,56% no período.
Para Matheus Dias, economista do FGV Ibre que assina o estudo, a diferença entre a inflação da cesta e a do IPC-M se justifica pelo tamanho da cesta. "Os 27 itens da festa junina não representam 10% dos que estão no IPC. Alimentos como carne e habitação, por exemplo, ficam de fora e têm peso bastante significativo na inflação", destacou.
Ovo e mandioca (ou aipim) foram os vilões, com alta de 15% e 13%, respectivamente. Leite de coco (12,96%) e doces e chocolates (12,8%) completam a lista de alimentos que pressionaram o bolso dos brasileiros.
Por outro lado, a batata inglesa, utilizada no caldo verde, teve a maior queda, de 26,28%, nos últimos 12 meses. Os derivados do milho, como fubá, milho em conserva e milho de pipoca, tiveram baixas expressivas que variaram entre 8,1% e 5,22%. O arroz também teve queda de 9% - o item tinha tido alta de 22% em 2024.
Para Dias, o período da quaresma, em que tradicionalmente há um maior consumo de proteínas além da carne vermelha, e a demanda externa pressionaram o preço dos ovos.
O preço do chocolate também teve origem no mercado internacional. A produção de cacau, commodity que é base do alimento, foi afetada pela disparada das cotações no exterior. O custo do insumo cresceu em meio a problemas climáticos. Em paralelo, a batata e o milho tiveram boas colheitas com as safrinhas, o que beneficiou a oferta dos alimentos e os consumidores em última instância, diz Dias.
Para ele, os preços dos alimentos estão desacelerando desde o ano passado. "Embora a cesta tenha apresentado produtos com altas intensas, observa-se uma tendência de preços mais bem-comportados", diz.
Ulisses Ruiz de Gamboa, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz que, apesar do menor ritmo de aumento, os preços em alta devem se manter, pois têm origem na carga tributária sobre os alimentos.
Segundo dados da ACSP, a carga tributária média da festividade, isto é, o quanto de impostos e tributos uma pessoa paga sobre a cesta da festa junina, é de 29,67% em 2025.
Agências