Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 28 de Maio de 2025 às 17:45

Estado ganha nova empresa para tratamento de efluentes oleosos

Planta foi erguida em cinco hectares da área da Utresa, em Estância Velha

Planta foi erguida em cinco hectares da área da Utresa, em Estância Velha

Henrique Ludvig/Divulgação/JC
Compartilhe:
Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
De Caxias do Sul 
De Caxias do Sul 
Em atividade operacional desde o início de maio, após receber licença da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a I9 é resultado de investimento de R$ 6 milhões consolidado pela Central de Tratamentos de Efluentes Nova Época e consultoria ambiental Geoprospec visando atender uma demanda crescente e sem atendimento pleno no estado de tratamento e destinação de efluentes oleosos. A nova planta fabril está localizada em Estância Velha, em área de cerca de cinco hectares, arrendada junto às instalações da Utresa, uma OSCIP que atua na destinação de resíduos industriais sólidos, mas que também gera efluente líquido, o chorume, que necessita de tratamento específico.
Há 16 anos, a Utresa foi penalizada por passivo ambiental que afetou o Rio dos Sinos, mas atualmente opera de acordo com a legislação ambiental recebendo resíduos industriais sólidos. Recentemente, teve o reconhecimento dos órgãos ambientais na execução de ações que tinham como intuito a gestão de antigos passivos. Com a finalização das ações de intervenção na área do empreendimento, foi possível viabilizar a área para receber novos investimentos em soluções de gerenciamento de resíduos industriais perigosos, dando surgimento a I9. A nova empresa vai gerar de forma direta 15 empregos, além de dezenas de outros indiretamente, principalmente na logística e transporte.
A nova empresa, oficialmente apresentada ao mercado durante a Fiema Brasil, realizada em Bento Gonçalves, terá a maior capacidade instalada do estado para tratamento desse tipo de resíduo: até 600 mil litros por dia, com possibilidade de expansão futura. Volume que, segundo o diretor da Nova Época, Valmor Lima da Silva, vai atender parte de uma demanda muito grande deste resíduo, gerado por milhares de empresas, de diferentes portes e atividades produtivas. “É um mercado de grandes clientes, como metalmecânico, até micro e pequenas empresas como oficinas mecânicas, postos de combustíveis e, inclusive, lavanderias”, assinala.
 
Resíduos e efluentes oleosos são misturas complexas formadas por restos de óleos usados em diversos setores. Podem ser de origem vegetal, sintética ou mineral e normalmente estão combinados com água ou materiais sólidos. Sem o devido tratamento, representam grave risco ambiental, contaminando solos, cursos d’água e ameaçando a saúde da fauna, flora e da população humana. De acordo com o empresário, o mercado é atendido por mais duas empresas gaúchas, mas volume considerável precisa ser enviado para outros estados, como Santa Catarina.
 
O também sócio Eduardo Carvalho afirma que o tratamento adequado desses efluentes oleosos ainda é um dos grandes gargalos da gestão ambiental no estado. “Com a entrada em operação da I9, o Rio Grande do Sul dá um importante passo para reduzir os impactos ambientais gerados por resíduos oleosos, ao mesmo tempo em que se posiciona como referência no uso de tecnologias limpas e eficientes para o setor de saneamento industrial”, observa.
 
Explica que o diferencial da I9 está na adoção de uma tecnologia inovadora que permite o tratamento simultâneo de diferentes tipos de efluentes oleosos. O resíduo, após tratado, se divide em água e óleo. A água, livre de impurezas, retorna para o meio ambiente, enquanto o óleo, após estocado, segue para rerrefino.
 
A Nova Época, fundada em 2011 e com sede em Portão, já tratou mais de 300 milhões de litros de efluentes em todo o estado e atende em torno de 560 clientes em 100 municípios gaúchos. A Geoprospec, com mais 40 anos de experiência em projetos e monitoramento ambiental, atua como consultoria especializada na gestão ambiental de empreendimentos, com foco em segurança, sustentabilidade e performance. “Identificamos que tínhamos sinergias e um mercado carente, que precisava de tecnologias mais modernas e maior oferta do serviço em volume e tipos de efluentes tratados. Além da sua planta, a I9 terá condições técnicas de atender operações nos próprios clientes”, reforça Carvalho. As duas empresas seguem independentes nos seus negócios.

Notícias relacionadas