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Publicada em 22 de Maio de 2025 às 12:44

Fiergs destaca papel da indústria e estratégias de retomada pós enchentes no RS

Com foco em temas como crédito, inovação e internacionalização, o encontro tem como pano de fundo os impactos severos dos desastres climáticos no setor produtivo

Com foco em temas como crédito, inovação e internacionalização, o encontro tem como pano de fundo os impactos severos dos desastres climáticos no setor produtivo

Adrielly Araújo
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Por Adrielly Araújo, especial para o JC
Por Adrielly Araújo, especial para o JC
Em meio ao cenário de reconstrução pós-enchentes que marcaram profundamente a economia do Rio Grande do Sul, a Fiergs promove nesta quinta-feira (22), em Porto Alegre, a quarta edição do evento Impulsionando a Indústria Gaúcha. Pela primeira vez em formato presencial, a atividade reúne empresários, autoridades e especialistas para discutir estratégias práticas de retomada e fortalecimento das pequenas e médias indústrias.
Com foco em temas como crédito, inovação e internacionalização, o encontro tem como pano de fundo os impactos severos dos desastres climáticos no setor produtivo: o volume de operações de empresas chegou a cair 55% no Estado, e cerca de 20% das indústrias ainda não se recuperaram dos danos causados pelas enchentes, de acordo com o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves.
Claudio Bier, presidente da Fiergs, diz que o momento exige ação conjunta e visão estratégica. “As pequenas e médias indústrias são a base da força produtiva do nosso Estado e têm papel fundamental na reconstrução econômica após as recentes adversidades climáticas”, afirmou em nota.
A iniciativa é apoiada por conselhos temáticos da entidade, como o de Pequena e Média Indústria (Copemi), Inovação e Tecnologia (Citec), Assuntos Tributários, Legais e Cíveis (Contec), além da Gerência de Relações Internacionais (Gerex) e do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC).
Representando o governo do Estado, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, lembrou que o RS enfrenta dificuldades também com a estiagem, além da crise hídrica, o que amplia os desafios para a indústria e os serviços. “Estamos vivendo um momento positivo em termos fiscais, porque conseguimos equilibrar as contas, mas os desafios são grandes, com dívidas históricas e necessidade de investimento em infraestrutura. Não é o governo que gera riqueza, são os empreendedores”, pontuou. 
Segundo Polo, o governo estadual tem buscado apoiar os empreendedores com medidas concretas. Um exemplo disso é a capitalização de R$ 100 milhões ao Banrisul para oferecer linhas de crédito com juros reduzidos aos empresários afetados. Também está em andamento o programa Fundopem Recupera, que viabiliza o financiamento parcial do ICMS incremental para empresas que pretendem investir na recuperação e modernização de suas operações. O Refaz Reconstrução, por sua vez, oferece condições especiais para regularização de dívidas de ICMS, com redução de até 95% em juros e multas.
Ricardo Neves reforçou que o processo de reconstrução depende da colaboração entre sociedade civil, governo e iniciativa privada. “Quem passou pela iniciativa privada sabe o quanto é difícil empreender. O Estado precisa apoiar, mas com responsabilidade fiscal. Se não nos ajudarmos, vamos perder espaço”, afirmou. Neves também destacou a importância de pensar a longo prazo, alertando que os impactos tributários das enchentes ainda podem gerar consequências no futuro, exigindo planejamento realista.
Um dos destaques do evento foi a fala de Rafael Sacchi, presidente do Sicepot, diretor da Fiergs e coordenador do Conselho de Assuntos Tributários, Legais e Cíveis (Contec). “A indústria gaúcha representa aproximadamente 55% de toda a arrecadação de ICMS do Estado, mais do que o agro e o comércio juntos. Quando sofremos perdas físicas nas unidades de produção, precisamos restabelecer essa relação com o Estado. E isso passa, inevitavelmente, por crédito e inovação”, afirmou. Ele também defendeu o uso massivo da inteligência artificial para desburocratizar processos, reduzir custos da máquina pública e ampliar investimentos. “Quem embarca cedo no trem, senta no melhor lugar. Estamos vivendo um novo momento”, concluiu.
A reconstrução da indústria gaúcha passa pela valorização da inovação, pelo acesso facilitado ao crédito e pela articulação entre setor público e privado | Dudu Leal
A reconstrução da indústria gaúcha passa pela valorização da inovação, pelo acesso facilitado ao crédito e pela articulação entre setor público e privado Dudu Leal
Além das falas institucionais, o evento trouxe relatos de empresários que enfrentaram as enchentes com resiliência. Katiane Martins, da Divino Efeito e representante do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado (Sivergs), perdeu sua empresa nas enchentes, mas conseguiu se reerguer. “Sempre venho a eventos para aprender. Espero que tenha algo que contribua para minha empresa, que ainda está em processo de recuperação”, comentou.
Já Carlos Krahe, da área de construção, compartilhou sua visão sobre o futuro da indústria: “Quero entender o que a Fiergs está pensando para o setor. Minha empresa já trabalha com inteligência artificial em vários pontos — desde o atendimento até a orçamentação. Ou tu entra, ou tu tá fora. Não tem saída.

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