Considerada uma das maiores reservas de gás do planeta, a jazida de Vaca Muerta na Argentina é vista como uma das possibilidades para suprir a demanda desse combustível no Brasil e também fortalecer a integração energética entre as nações sul-americanas. Operações quanto à importação desse insumo começaram a ser feitas neste ano e pequenos volumes estão ingressando no território brasileiro pelo Mato Grosso do Sul, depois de atravessar a Bolívia.
A Tradener, comercializadora de energia do Brasil, está atuando nessas importações realizadas, atualmente, de forma embrionária. “São testes ainda, de um gás que sai da Argentina, por enquanto via Bolívia, porque assim ele cai no gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) e há uma série de estados pelos quais passa esse gasoduto”, comenta o CEO da Tradener, Guilherme Avila.
O Gasbol atravessa cerca de cinco mil propriedades em 136 municípios distribuídos pelos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Avila lembra que a Tradener possui hoje clientes no Sudeste e no Sul do País. “Esse gás vai entrar no mix da nossa carteira de contrato e entregue para os nossos clientes aqui”, reforça o executivo.
Avila enfatiza que, com a vinda do gás de Vaca Muerta, está se criando uma nova oportunidade de abastecimento para o Brasil. Dentro desse contexto, o CEO da Tradener considera que talvez seja o caso de pensar dentro do território brasileiro a implantação de uma estrutura maior no Rio Grande do Sul, por exemplo, para o gás vir direto da Argentina para o Estado e por consequência para o País. Ele recorda que, no momento, a ligação por gasoduto vai apenas até a fronteira argentina com o município de Uruguaiana.
Seria necessária a construção de um novo gasoduto até a Região Metropolitana de Porto Alegre para possibilitar que esse gás chegasse a outras regiões brasileiras através da malha já constituída.
O executivo considera que a entrada do gás agora pela Bolívia, não inviabiliza que outras opções logísticas sejam concretizadas. “Se a gente quer ter um mercado de gás pujante, e temos muitas indústrias que consomem gás no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, não faz sentido trazer gás da Argentina pela Bolívia”, argumenta Avila.
O executivo considera que a entrada do gás agora pela Bolívia, não inviabiliza que outras opções logísticas sejam concretizadas. “Se a gente quer ter um mercado de gás pujante, e temos muitas indústrias que consomem gás no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, não faz sentido trazer gás da Argentina pela Bolívia”, argumenta Avila.
O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, complementa que há uma defasagem de obras de infraestrutura no Brasil, assim sendo, além da possibilidade do uso do Gasbol, ele reforça que é necessária uma opção de um novo gasoduto para o ingresso do gás de Vaca Muerta no País. “A necessidade de energia, e principalmente de gás, é tamanha, que todas (alternativas) são bem-vindas”, assinala o dirigente.
Ele acrescenta que o mercado é que irá regular quais estruturas serão mais ou menos usadas, contudo reitera que é muito importante ter mais de uma opção. Atualmente, Menzel lembra que a entrada de gás no Rio Grande do Sul limita-se ao Gasbol, que já está com sua capacidade de fornecimento praticamente esgotada.
Se mais oferta é algo a ser comemorado, por outro lado o representante da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura adverte que quanto maior for a dependência de gás externo, mais o Brasil estará suscetível a instabilidades internacionais. Por isso, ele aponta que é prudente que sejam desenvolvidas soluções internas quanto ao abastecimento desse combustível.