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Publicada em 07 de Maio de 2025 às 18:15

Federal Reserve mantém a taxa de juros pela terceira vez consecutiva

A manutenção já era esperada pelo mercado, devido ao cenário de incerteza econômica induzida pelas políticas monetárias dos Estados Unidos

A manutenção já era esperada pelo mercado, devido ao cenário de incerteza econômica induzida pelas políticas monetárias dos Estados Unidos

JIM WATSON/AFP/JC
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Agências
Nesta quarta-feira (7), a Federal Reserve (Fed) decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50% pela terceira vez consecutiva. A decisão, tomada de forma unânime entre os diretores, ocorreu em meio à incerteza econômica induzida pelas políticas tarifárias do governo de Donald Trump e aos apelos do republicano por um corte de juros.
Nesta quarta-feira (7), a Federal Reserve (Fed) decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50% pela terceira vez consecutiva. A decisão, tomada de forma unânime entre os diretores, ocorreu em meio à incerteza econômica induzida pelas políticas tarifárias do governo de Donald Trump e aos apelos do republicano por um corte de juros.
A manutenção da taxa era esperada pelo mercado na reunião desta quarta, uma vez que as autoridades do Fed já vinham indicando que queriam ter uma visão mais clara dos rumos da economia antes do próximo movimento na taxa de juros.
Em conversa com jornalistas, o presidente do Fed, Jerome Powell, defendeu que o banco está numa boa posição para esperar antes de mudar a política monetária e que os pedidos de Trump "não afetam em nada o trabalho e as decisões" do banco.
Powell reforçou o que já havia sido dito após a última reunião da instituição, afirmando que ainda há muita incerteza quanto ao escopo, duração e impactos das tarifas na economia americana. "Achamos que é apropriado nos mantermos pacientes. Há muita incerteza", disse.
No comunicado desta quarta-feira (7), o banco afirmou que a economia continua expandindo em "ritmo sólido" apesar do impacto das variações nas exportações nos dados econômicos. O Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês) também destacou que a inflação continua um pouco elevada, citou um mercado de trabalho firme e as taxas de desemprego em níveis baixos.
Histórico de incertezas
Na reunião de março, as autoridades diminuíram a expectativa de crescimento do PIB neste ano, aumentaram projeções para inflação e projetaram uma taxa de desemprego mais alta no fim de 2025. Powell disse à época que essas perspectivas tendem a ser uma consequência das tarifas.
De lá para cá, as políticas comerciais continuaram muito instáveis. Duas semanas depois da reunião do banco, Trump anunciou tarifas sobre a maioria dos parceiros comerciais dos EUA e acelerou uma guerra comercial com a China.
Em seguida, as tarifas recíprocas sobre a maioria dos países foram pausadas para negociações, e a tensão com os chineses continuou crescendo. Os mercados financeiros também oscilaram violentamente no intervalo entre as reuniões do banco em resposta às tarifas.
Para um banco que vem se definindo como "dependente de dados" nos últimos anos, os indicadores econômicos divulgados nas últimas semanas também ofereceram pouca previsibilidade: enquanto o PIB caiu no primeiro trimestre, a criação de empregos em abril ficou acima das expectativas e os gastos s consumidores cresceram.
Enquanto isso, a inflação, medida pelo índice PCE, que o Fed usa para definir sua meta de inflação de 2%, desacelerou em março para 2,3%, taxa mais baixa em cerca de meio ano. O resultado virou argumento para Trump, que voltou a pedir o corte da taxa de juros.
Decisão alimenta expectativas

Investidores esperam que os juros permaneçam na faixa de 4,25% a 4,50% até a reunião do Fed em 29 e 30 de julho. A maioria dos economistas espera que o Fed afrouxe a política monetária em 2025, embora muitos não acreditem que haja evidências suficientes de fraqueza no mercado de trabalho que justifiquem uma resposta até o meio do ano.
Assim como muitas das tarifas de Trump, o impacto sobre a inflação pode não ser sentido por meses. O presidente norte-americano decidirá somente em julho se vai impor as tarifas mais agressivas sobre dezenas de países. Taxas finais sobre automóveis importados e outros itens também estão indefinidas.
Autoridades do Fed já vem afirmando que as tarifas devem aumentar a inflação e podem afastar o banco da meta de 2% - a questão é se esse será um aumento pontual ou o início de um problema de inflação mais persistente.
Para especialistas, a política tarifária de Trump bota o banco em um dilema entre cortar as taxas para ajudar a evitar uma desaceleração econômica acentuada ou mantê-las altas para prevenir um novo surto de inflação.

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