Em alusão ao Dia do Trabalhador, o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) promoveu, na manhã desta quarta-feira (7), uma coletiva de imprensa que antecede o Seminário Internacional Movimento Sindical: Diálogos e Interações União Europeia, Espanha e Brasil que ocorre na durante a quinta-feira (8). O destaque do evento é a presença da sindicalista Cristina Faciaben, secretária confederal de Internacional, Cooperación y Migraciones da Confederación Sindical de Comisiones Obreras (CCOO), a maior e principal central sindical da Espanha. Entre os temas abordados, destaca-se o comparativo entre a escala de trabalho dos dois países.
O presidente do Senge-RS, Cezar Henrique Ferreira, destaca que, durante o encontro, será debatida a legislação trabalhista brasileira e espanhola, bem como serão compartilhadas as experiências do movimento sindical espanhol. "É muito importante fazermos este evento, juntamente em uma época bastante complicada para o movimento sindical no Brasil após a reforma que prejudicou o trabalho e retirou direitos" avalia.
Ferreira ainda explica que a escolha por uma palestrante espanhola foi feita pela semelhança da história recente dos países em questões trabalhistas. "Lá eles também sofreram com uma reforma em meados de 2010 que precarizou o trabalho, mas conseguiram propor uma contrarreforma que retomou alguns direitos. Acreditamos que juntos, podemos trazer exemplos para desmistificar esse preconceito que existe contra os sindicatos em vários setores da nossa sociedade", descreve o presidente.
Escala 6x1
Perguntado sobre a posição do Senge-RS em relação a escala 6x1, tema de grande debate no País recentemente, Ferreira afirmou que o sindicato é favor que o regime seja mantido. "Apesar de sermos a favor, vale pontuar que estamos sempre atentos a estudos, e justamente para isso que fazemos discussões com outras nações sobre o tema", disse.
A palestrante convidada, Cristina Faciaben explica que atualmente na Espanha, por lei, o regime de trabalho é de 40 horas semanais. "Normalmente, há uma divisão de 8 horas por dia numa escala 5x2. Todavia, não há qualquer proibição para que essas mesmas 40 horas sejam realizadas em outros regimes. A novidade se dá pelo anuncio do governo espanhol, de uma proposta para que haja uma diminuição no tempo de trabalho semanal, passando de 40 para 37,5 horas sem redução salarial. Na prática, já existem locais que aderiram a essa nova proposta", explica Cristina.
A mesma, se diz a favor dessa nova jornada. "A organização do trabalho evoluiu tanto que a jornada de 37 horas e meia por semana é totalmente factível. A produtividade não será afetada. Na Espanha essa redução também está aliada ao presencialismo dos funcionários. O país acredita que a presença física de todos é mais efetiva que o home office. A diminuição da jornada semanal permitirá também que as pessoas possam viver um pouco mais fora do ambiente de trabalho", opina a sindicalista.
Além disso, ela destaca dois pontos importantes da contrarreforma trabalhista espanhola que poderiam ser aplicados no Brasil. "O primeiro foi dar mais capacidade à negociação coletiva e o segundo, a redução dos contratos temporais como solução para dar mais estabilidade ao trabalhador. Agora, na Espanha, se reduziu a 15% os contratos de caráter temporal, quando, há 5 ou 6 anos, eram mais de 35%", pontua Cristina.