A região da Campanha do Rio Grande do Sul, marcada por indicadores socioeconômicos abaixo da média do Estado, buscou unir forças a partir de uma frente pelo desenvolvimento instalada na Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (05). A principal aposta para o crescimento econômico apresentada pelos painelistas do evento de reinstalação do grupo foi a agropecuária, que atualmente é uma das principais atividades desenvolvidas na região.
A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) estima que a Campanha represente 3% da produção agrícola gaúcha, o que está associado à empregabilidade no setor, visto que a região contempla 5% dos empregos relacionados à agricultura. Para o presidente da entidade, Antônio da Luz, ainda há potencial de crescimento, o que leva à melhoria dos índices de desigualdade.
Em 2021, com uma safra produtiva de soja, que tem se expandido para a região, a Campanha teria pela primeira vez igualado o PIB (produto interno bruto) per capita ao estadual o que representaria uma redução da pobreza, conforme avaliação do líder da Farsul. “Existe um caminho, existe uma forma (de crescimento econômico). Não é uma questão de azar, não é uma questão de preguiça, não é uma questão de má vontade”, acrescentou Da Luz.
O caminho apresentado por ele foi o da plantação de grãos, com foco no desenvolvimento de indústrias agregadas. Afinal, Da Luz considerou que o crescimento econômico precisará passar também por um avanço nos setores industriais e de serviços. “As principais indústrias que temos na região são movidas a grãos. Quanto mais grãos, mais indústria. E, se a gente quer industrializar aquela região, a gente precisa produzir mais grãos. Evidentemente, tem outras alternativas também que não competem, pelo contrário, se complementam, como é o caso da mineração”, explica.
O presidente da Cotrisul - Cooperativa Tritícola Caçapavana, Gilberto Dickel, também aposta na agricultura, com a complementação de outros setores. “O primeiro passo vai ser um diagnóstico da região para confirmar ou definir quais as culturas que mais se adaptam na região. E buscar outras alternativas, como a utilização do calcário. Apesar de estarmos em cima das indústrias de calcário, a utilização é pequena. Também precisamos de tratamento do solo e projetos de reservação d’água. Todos os negócios se integram dando apoio às suas demandas. Então, se a agricultura tem uma necessidade, os outros setores de negócios apoiarão”, explica.
As sugestões foram endossadas pelo diretor de negócios e relacionamentos do Serviço de Inteligência em Agronegócio, Davi Teixeira dos Santos, que buscou abordar a pecuária. “A pecuária se mostra uma atividade econômica resiliente, não para competir com a lavoura de grãos, mas para integrar sistemas de produção mais robustos e mais sustentáveis. Temos convicção de que podemos muito mais com essa atividade”, explica.
Apesar disso, ele acredita que a produção precisa ser adaptada e apostar em tecnologia para poder, de fato, avançar. Assim, propõe que seja praticada “uma pecuária que adota tecnologia, que tem alta produtividade, que agrega valor à terra, não só por abrir a área para a agricultura, mas por fazer pecuária bem feita, que aumenta a arrecadação e que até com todo esse pacote tecnológico gera uma mitigação do impacto ambiental das emissões de carbono, criando sistemas sustentáveis”.