Com o peso argentino se valorizando frente ao Real, os turistas do país vizinho voltaram a enxergar o Rio Grande do Sul como uma boa opção de férias. Apenas nos primeiros 21 dias deste ano, segundo a Polícia Federal (PF), passaram mais de 800 mil estrangeiros pelas fronteiras gaúchas. Com isso, os hotéis de Porto Alegre têm registrado um aumento de 50% de visitantes dos países vizinhos nas suas ocupações em fins de semana.
Para melhor atender a esse público, que costuma viajar com a família, as hospedarias da Capital que possuem apartamentos triplos ou quádruplos conseguem receber melhor os hermanos. Essa é a estratégia da Rede Swan Hotéis, que conseguiu incrementar em 20% o fluxo de argentinos em 2025 na comparação com o mesmo período de 2024 em todo o Estado.
Esse crescimento, na avaliação do gerente Comercial da rede, Henrique Machado, deve-se aos apartamentos Family, com uma cama de casal e um beliche de dois lugares. “O resultado do Swan é fruto de campanhas digitais dirigidas para as fronteiras, planejadas justamente para conquistar os argentinos e atender essa oportunidade de mercado”, analisa o gestor.
Já na Serra, em Caxias e em Canela, ele observou um movimento tímido: “O que nos surpreendeu foi a demanda na cidade de Rio Grande, procurada por alguns argentinos e uruguaios, entrando no Estado pelo Chuí como uma rota alternativa mais tranquila. Ali o incremento foi de 20% de argentinos e 10% de uruguaios".
Em Porto Alegre, ele observou um acréscimo de 15% de janeiro de 2024 para janeiro de 2025. "Trata-se de pernoite dos argentinos que estavam de passagem pela cidade”, observa Machado, que também é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH-RS).
Opinião compartilhada pelo vice-presidente do Sindicato de Hotéis da Capital (SHPOA), Ricardo Ritter, que destaca o fato de grande parte desses hóspedes passarem pela cidade em trânsito para os litorais do RS e de SC. “Ainda que não tenhamos números exatos, percebe-se um aumento maior nos finais de semana e virada de quinzena, a depender da data”, destaca o dirigente.
Nesse sentido, a presidente da Câmara de Dirigentes Lojisitas (CDL) de Tramandaí/Imbé, Nara Maria Müller, conta que o veraneio tem sido marcado pela presença de famílias argentinas (em geral o casal, mais dois ou três filhos) passeando pelo centro das duas cidades. Gastando uma média de R$ 750 por dia, esses turistas circulam pelas praias em busca de ofertas (especialmente nos supermercados).
“No comércio local, os itens mais adquiridos são óculos de sol, bijuterias, bolsas de praia ou artesanais, peças de artesanato e lembranças da cidade. Eles também têm comprado brinquedos e eletrodomésticos de pequeno porte, como ventiladores e liquidificadores. Estão em busca de preços baixos em itens que consigam levar de volta em seus próprios carros”, relata a presidente.
Considerando um período de permanência de quatro a cinco dias, Nara acredita que a presença dos turistas estrangeiros deva se estender até o início de março, pois o Carnaval este ano será no início deste mês. “Se em 2025, a presença dos argentinos ainda é relativamente acanhada, temos certeza de que voltarão em maior número a partir do próximo verão”, projeta.