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Publicada em 20 de Janeiro de 2025 às 14:32

Analistas projetam que Trump não deve trazer sobressaltos nas relações internacionais entre EUA e Brasil

Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira em Washington

Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira em Washington

SAUL LOEB/AFP/JC
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Osni Machado
Osni Machado Colunista
A posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em substituição a Joe Biden, que ocorreu nesta segunda-feira (20) em Washington, gera expectativas no Brasil. De acordo com o professor de Relações Internacionais e Política Externa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), André Luiz Reis, “a tendência é uma relação binacional Brasil – Estados Unidos sem grandes sobressaltos, mas claro que acompanhada de um crescente distanciamento”. Reis explica que esse distanciamento é um movimento geopolítico de transição dos Estados Unidos para uma ordem mais multipolar. “Enfim, (estão incluídas neste contexto) as posições do Brasil como sendo uma potência regional. O professor também destaca a relação que o Brasil tem junto aos Brics (Rússia, Índia e China), por outro lado, ele analisa que não há o interesse do Brasil em se afastar dos Estados Unidos. "Os Estados Unidos significam um polo importante para o Brasil se equilibrar nas ações internacionais”, cita.
posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em substituição a Joe Biden, que ocorreu nesta segunda-feira (20) em Washington, gera expectativas no Brasil. De acordo com o professor de Relações Internacionais e Política Externa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), André Luiz Reis, “a tendência é uma relação binacional Brasil – Estados Unidos sem grandes sobressaltos, mas claro que acompanhada de um crescente distanciamento”.

Reis explica que esse distanciamento é um movimento geopolítico de transição dos Estados Unidos para uma ordem mais multipolar. “Enfim, (estão incluídas neste contexto) as posições do Brasil como sendo uma potência regional. O professor também destaca a relação que o Brasil tem junto aos Brics (Rússia, Índia e China), por outro lado, ele analisa que não há o interesse do Brasil em se afastar dos Estados Unidos. "Os Estados Unidos significam um polo importante para o Brasil se equilibrar nas ações internacionais”, cita.
O professor salienta que o Brasil possui uma intensidade de relações econômicas, políticas e comerciais, investimentos, emigração, cultura, educação, entre outros fatores, que são muito fortes com os Estados Unidos. Segundo ele, não haverá um estremecimento nas relações. Reis acredita que, assim como ocorreu no passado, as diferenças entre os dois países deva aparecer nos fóruns multilaterais em vários temas e campos, mas do ponto de vista das relações bilaterais, eles deverão procurar manter uma agenda construtiva, sem grandes sobressaltos.
Evento reuniu lideranças locais e internacionais | Kenny Holston/The New York Times/AFP/JC
Evento reuniu lideranças locais e internacionais Kenny Holston/The New York Times/AFP/JC


Segundo Reis, há uma certa imprevisibilidade sobre as ações futuras do presidente Trump, isto pode ser considerado como um ponto nevrálgico na sua administração e para as relações internacionais binacionais para que não tenha nenhum tipo de sobressalto. “É por esse motivo que o governo brasileiro vem mantendo uma certa cautela desde o momento da eleição de Trump, na espera dos primeiros movimentos de sua administração”, explica.

Políticas para América Latina podem preocupar o Brasil

Reis destaca que o ponto nevrálgico, que não é de agora, é a atenção que os Estados Unidos vão dar para a América Latina. “Há questões que são muito sensíveis para o Brasil, uma vez que o País é uma potência regional pode se ressentir da ação local, podendo gerar tenções”, diz. O professor explica tais intervenções como a pressão dos Estados Unidos sobre a Venezuela, Nicarágua e Cuba. “Embora, o Brasil esteja distanciado desse países, não vê com bons olhos uma pressão extrarregional”, avalia.

Outro ponto que gera preocupação, segundo o professor, é a pressão dos Estados Unidos sobre as instituições financeiras brasileiras. “Não os Estados Unidos, mas o governo Trump, apoio aos grupos do bolsonarismo; a questão da regulação das redes sociais, podendo gerar um ponto de conflito.”

O professor também destaca uma outra questão que pode gerar problemas no cenário internacional entre os dois países. “Os governos norte-americanos, sejam republicanos ou democratas, têm como fundamento apoiar as empresas deles no exterior. Então, caso algo venha a causar problemas sobre os interesses econômicos dessas corporações, as reações vêm muito rápidas", prevê. Reis cita, por exemplo, a aproximação das grandes empresas de tecnologia e inovação, as chamadas big techs de Trump.

Governo Trump deve buscar reposicionar os Estados Unidos

O professor de Relações Internacionais da UniRitter, João Gabriel Burmann, prevê um um cenário difícil a partir da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A principal preocupação do governo Trump será o de reposicionar os Estados Unidos nas relações internacionais, por isso uma pressão para um cessar fogo entre Israel e o Hamas em Gaza; fim da guerra entre Rússia e Ucrânia e os discursos mais ofensivos em relação a Groenlândia, o Canadá”, destaca.

De acordo com Burmann, a ideia de Trump deve ser reposicionar os Estados Unidos para poder fazer frente à China na competição nas questões comerciais e tecnológicas. “Competição, segundo o professor, não só militar, mas também envolvendo investimentos em infraestrutura na América Latina e na Europa. Pontos que os Estados Unidos perdeu nos últimos oito ou 10 anos”, explica.

Relações binacionais são uma grande dúvida

As relações internacionais envolvendo os Estados Unidos com o Brasil são uma grande incógnita, segundo Burmann. O professor diz que houve muito mais o interesse de aproximação do ex-presidente Jair Bolsonaro do que os Estados Unidos com o Brasil. “No momento em que Trump assume o governo dos Estados Unidos, ele passa a conduzir a administração para uma política externa voltada aos interesses do país”, cita.

O professor analisa que a postura dos Estados Unidos com a América Latina deverá ser mais dura neste mandato do Trump. Ele acredita que os Estados Unidos queiram mostrar a sua influência e não devem deixar a China e a Rússia, em alguns casos, aumentar as suas presenças na América Latina, especialmente, na Venezuela.

“Em relação ao Brasil poderá haver algum jogo duro como por exemplo, envolvendo as tarifas comerciais”, diz. Burmann explica que em alguns momentos existe competição no campo comercial. “A nossa complementaridade com os Estados Unidos não é tão grande. Nós exportamos mais para eles”, lembra. Segundo ele, neste momento, a questão ideológica da politica brasileira, de esquerda ou de direita, não deva influenciar nas relações internacionais.

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