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Publicada em 13 de Novembro de 2024 às 16:00

Por falta de recursos, Caixa tem R$ 20 bi em crédito imobiliário represado

Instituição é responsável por quase 70% dos financiamentos imobiliários do país

Instituição é responsável por quase 70% dos financiamentos imobiliários do país

ANDRESSA PUFAL/JC
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Folhapress
Devido à falta de recursos para o crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal acumula R$ 20 bilhões em financiamentos pré-aprovados na fila de espera, ante um saldo de R$ 3 bilhões para serem disponibilizados ainda este ano. Para acomodar os clientes em espera, a contratação do financiamento foi prorrogada até o vencimento da avaliação. Além disso, a Caixa vai adotar regras para a concessão de crédito, que irão reduzir o valor das cotas financiadas e encarecer os empréstimos para compras de imóveis de até R$ 1,5 milhão.
Responsável por quase 70% dos financiamentos imobiliários do país e trabalhando no limite da sua capacidade, a Caixa decidiu reduzir o valor máximo de crédito para a compra de imóveis pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que engloba propriedades de até R$ 1,5 milhão. A partir de 1º de novembro, a cota máxima de financiamento admitida será de até 70% do valor do imóvel, e não mais os atuais 80%, no sistema de amortização SAC (Sistema de Amortização Constante), no qual as parcelas são maiores no início e menores no fim, por causa da diminuição progressiva dos juros.
Pela tabela Price, em que as prestações são sempre iguais e compostas por mais juros, o teto diminuirá de 70% para 50% do total do imóvel. Considerando um apartamento de R$ 1 milhão, a entrada necessária pelo SAC vai aumentar de R$ 200 mil para R$ 300 mil. Já na tabela Price, o comprador terá que pagar R$ 500 mil à vista.
A medida vai impactar financiamentos para imóveis residenciais (novos e usados) e comerciais, além de empréstimos para construção e compra de lotes urbanizados. Outra nova regra é que os clientes poderão ter apenas um financiamento imobiliário ativo com o banco. O principal fator de redução nos crédito imobiliário é a redução dos valores em poupança, com a baixa rentabilidade da modalidade. Dessa forma, o banco também amplia sua captação via outros instrumentos financeiros, como as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). Segundo os dirigentes da Caixa, a redução do depósito compulsório exigido pelo Banco Central em 5% também poderia ajudar no funding do banco, sem impulsionar a inflação.

Caixa relança "Poupançudos" para reforçar crédito imobiliário

Os mascotes da Caixa Econômica Federal do início dos anos 2000 voltaram. O banco estatal relançou, nesta quarta-feira (13), os "Poupançudos da Caixa" para incentivar os brasileiros a pouparem recursos e aumentar a verba disponível para o financiamento imobiliário.
Com a queda de aplicações na poupança, a Caixa sofre com a falta de recursos para o crédito imobiliário, seu carro-chefe, o que tem deixado interessados na casa própria na fila de espera da assinatura de contratos, mesmo com o processo para a concessão do empréstimo já avançado. A poupança é hoje um dos produtos de renda fixa menos rentáveis no mercado, com retorno anual de 7,35%, ante uma taxa básica de juros de 11,25% ao ano.
A Caixa tem hoje 37,4% das poupanças no mercado. Além da caderneta, outros instrumentos financeiros que contribuem para a captação do banco são as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). O banco tenta fechar uma complicada equação: demanda por imóveis em alta, alto volume de saques da poupança -de onde vêm os recursos para o crédito- e Selic em dois dígitos e retomando ritmo de escalada.
Desde o ano passado, a preocupação com a falta de verba para financiamento é constante em declarações da diretoria do banco público, que teme que não haja dinheiro para emprestar a partir do ano que vem. Líder no financiamento imobiliário, a Caixa tem 67,5% de participação total do setor e 99,6% em relação ao Minha Casa, Minha Vida.
Para os últimos meses de 2024, restam apenas 15% disponíveis do orçamento anual da instituição para financiamentos imobiliários com recursos da poupança. No terceiro trimestre deste ano, o crédito imobiliário do banco público cresceu 14,7% e 3,6% nos intervalos anual e trimestral, respectivamente, somando R$ 812 bilhões.
Desse saldo, R$ 474,9 bilhões das concessões utilizaram recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), um aumento anual de 17,3% e trimestral de 4%. Os R$ 337,3 bilhões restantes utilizaram recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), crescimento de 11,3% em 12 meses e de 3,1% em três meses. 

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