A possibilidade de produzir hidrogênio verde (feito a partir de fontes renováveis como a eólica e a solar) no Rio Grande do Sul vem despertando o interesse de diversas empresas. Entre essas companhias estão a japonesa Mitsubishi e a Arpoador (consultoria brasileira que atua com negócios no setor de energia) que nesta quinta-feira (29) assinaram, na Expointer, um memorando de entendimento com o governo do Estado para desenvolver projetos nessa área.
A iniciativa ainda está em fase embrionária, sem uma definição de localização, tamanho ou aporte de recursos. Contudo, o presidente da Arpoador Energia, Roberto Faria, salienta que a Mitsubishi está entre as líderes no mundo em propostas nessa área. Ele recorda que a companhia já possui um empreendimento em implantação em Utah, nos Estados Unidos, com investimento previsto de US$ 500 milhões. “E eles estão começando a desenvolver mais dois projetos naquele país e buscando outros na América Latina”, comenta Faria.
É possível aproveitar o hidrogênio para ações como armazenar e gerar energia por meio de células de combustível (em veículos de pequeno, médio e grande porte, como automóveis e caminhões), assim como pode servir como insumo para a produção siderúrgica, química, petroquímica, alimentícia e de bebidas e para o aquecimento de edificações. A partir do hidrogênio verde também é viável obter a amônia verde, utilizada pela indústria de fertilizantes.
A secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann, frisa que, hoje, já há mais normativas criadas em torno da ideia da produção de hidrogênio verde no Brasil. Uma dessas medidas foi a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, ocorrida neste mês de agosto.
Também na Expointer, a Sema fez a apresentação das atualizações da Resolução 323/2016, que trata do licenciamento ambiental para irrigação no Estado. A secretária explica que essa questão está sendo trabalhada há alguns anos. Entre as mudanças está a decisão que não será mais preciso licenciar os equipamentos para a prática da irrigação, mas sim os reservatórios. “Então, os pivôs ficam isentos”, detalha Marjorie.
Também foi assinado na Expointer um Protocolo de Intenções entre o Estado e o Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), que desenvolveu a Calculadora do Balanço de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) no setor primário. A nova ferramenta foi pensada para auxiliar os produtores rurais na avaliação e na redução das emissões, estimando o balanço de gases em propriedades rurais voltadas para sistemas produtivos baseados na produção de grãos, na pecuária leiteira e de corte. A estimativa é que o setor primário é responsável por aproximadamente 50% das emissões de GEE no Rio Grande do Sul.
Ainda foi pauta do dia o Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado. A coordenadora da assessoria do clima da Sema, Daniela Mueller de Lara, informa que até o final do ano o inventário deverá ser concluído. Um ponto ressaltado por Daniela é que a agropecuária tem potencial para atuar na mitigação dos gases de efeito estufa. "A agropecuária não pode ser vista como uma vilã", defende.
A opinião é compartilhada pela pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Bagé, Teresa Genro. Ela enfatiza que há maneiras, inclusive, para diminuir os impactos do metano gerado com a produção de bovinos. Entre essas ações, a zootecnista cita o melhoramento genético dos animais e o uso de coprodutos como, por exemplo, a uva, na alimentação dos bovinos. Teresa explica que essa fruta possui tanino e outros compostos secundários que possibilitam a apreensão do metano que é gerado, principalmente, na regurgitação e respiração do gado.