A palestra realizada no Tá na Mesa da Federasul, desta quarta-feira (14), discutiu a situação do comércio, da indústria, do agronegócio, do cooperativismo e dos serviços do Rio Grande do Sul atingidos pelas enchentes de maio. Lourenço Caneppele, produtor Rural de Roca Sales, Marcos Odorico Oderich, presidente do Conselho de Administração da Conservas Oderich, Edemir Simonetti, sócio do 360 Gastro Bar, Carlos Pereira, sócio e diretor Comercial da Top 3, e Gilberto Antônio Piccinini, presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, fizeram avaliações de que até o momento não há um apoio, principalmente, por parte do governo federal para a retomada das atividades.
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O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, afirmou que a ajuda financeira do governo federal está aquém do que aconteceu com o Rio Grande do Sul. "O Estado foi devastado pela tragédia climática. Os recursos financeiros não vieram no volume certo e isso compromete a nossa capacidade produtiva", comenta. No dia 16, às 10h, Costa conclamou os empresários gaúchos a colocaram nos seus estabelecimentos uma "tarja preta" em protesto pela ausência de auxílio financeiro por parte do governo federal.

Rodrigo Sousa Costa, presidente da Federasul, afirma que recursos não vieram no volume certo o que compromete a capacidade produtiva do Estado
TÂNIA MEINERZ/JC
Marcos Oderich, presidente do Conselho de Administração da Conservas Oderich, disse que o desafio das indústrias e do comércio de Sebastião do Caí está no emocional já que 90% da cidade foi atingida pelas enchentes. "A gente está perturbado porque não sabemos por onde começar. Temos que ajudar nossos funcionários que perderam tudo e recuperar o parque industrial", comenta. Um outro desafio, segundo Oderich, está em tentar manter os trabalhadores na região. "Está ocorrendo um êxodo muito forte de funcionários que estão recebendo convites de outras empresas para ir morar e trabalhar em outras regiões do Estado", acrescenta.
Segundo Piccinini, no Vale Taquari foram quatro cheias que causaram muita destruição. "Está faltando um entendimento das autoridades do que estamos enfrentado no Estado: uma calamidade", afirma. E para tanto, conforme o presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, os governos estadual e federal devem ajustar os ponteiros para evitar o pior: recuperações judiciais e falências, desemprego e êxodo das famílias e trabalhadores e queda brutal da receita dos municípios e do Estado e do País.
O presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, disse que a empresa possui três mil funcionários e 2.650 produtores rurais associados. "As famílias associadas precisam de apoio e assistência técnica", explica. Conforme Piccinini, a atividade da Dália Alimentos junto com as famílias é financiar todo o sistema integrado de produção. "Reduzimos pela metade o abate de frangos e mantemos a de suínos em 70%", explica. Segundo ele, é forte a perda do capital de giro da empresa. "Até agora, estamos aguardando pela ajuda do governo federal para que possamos voltar a gerar empregos e impostos que o Rio Grande do Sul tanto necessita", acrescenta.
Pereira, sócio e diretor Comercial da Top 3, disse que o comércio de Eldorado Sul não recebeu apoio da União. Segundo ele, existe a expectativa das empresas de ajuda do poder público para a retomada das atividades. "Estamos pedindo ao governo federal, através do BNDES, linhas de crédito com carência e taxas para que possamos recomeçar e gerar os empregos", comenta.
Edemir Simonetti, sócio do 360 Gastro Bar, afirmou que é uma situação difícil porque são 50 dias fechados e 50 dias sem faturamento no seu estabelecimento na Orla do Guaíba. "As empresas do Centro Histórico e do 4º Distrito precisam de crédito a longo prazo, juros baixos e juros a fundo perdido.
Já Lourenço Caneppele, produtor rural de Roca Sales, disse que a propriedade da família foi duramente atingido pelas enchentes. Conforme ele, nunca havia ocorrido enchentes como a de setembro de 2023 e a de maio deste ano na região do Vale do Taquari. "Perdemos toda a produção de grãos em setembro e agora em maio a enchente destruiu as nossas propriedades", destaca. Segundo Caneppele, na localidade de Linha Bento Gonçalves as 12 famílias de produtores que viviam na região foram atingidas pelas enchentes e perderam tudo.