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Publicada em 18 de Julho de 2024 às 18:05

Dólar sobe 1,90% com aversão a risco no exterior e cautela fiscal

Moeda encerrou sessão cotada a R$ 5,5881, em alta de 1,90%

Moeda encerrou sessão cotada a R$ 5,5881, em alta de 1,90%

Arte/Jc
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Agência Estado
O dólar disparou na sessão desta quinta-feira (18) e não apenas rompeu o teto de R$ 5,55 como atingiu o maior valor de fechamento desde o último dia 2. O real sofreu com o ambiente externo de aversão ao risco, marcado por tombo das bolsas em Nova York e busca global pela moeda americana, que se fortaleceu, sobretudo, em relação a divisas emergentes latino-americanas.Ao quadro adverso lá fora somou-se o clima de cautela diante da expectativa pelo anúncio do bloqueio do orçamento na próxima segunda-feira (22), que pode ser definido em reunião hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil). O desenlace do encontro pode marcar o vencedor da queda de braço entre a ala política do Planalto e a equipe econômica, fiadora do arcabouço fiscal.Em alta desde a primeira etapa de negócios, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde e tocou máxima a R$ 5,5896, em momento de perdas mais agudas de pares e em meio a rumores sobre a magnitude do bloqueio no Orçamento. No fim da sessão, a divisa era negociada a R$ 5,5881, alta de 1,90%, o que levou os ganhos na semana a 2,89%.Apesar dos ruídos fiscais locais, o real teve em geral perdas similares ao do peso mexicano. Quem mais sofreu foi o peso chileno, em razão do tombo das cotações do cobre. Houve certa frustração com a ausência de medidas de estímulos econômico na China, após encerramento hoje de reunião plenária do Partido Comunista chinês.O diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, não identifica um gatilho específico para a onda de aversão ao risco, mas menciona os temores de aumento do protecionismo americano, com elevação de tarifas a produtos chineses em eventual novo governo de Donald Trump, e receio com resultados de empresas de tecnologia nos Estados Unidos."Esse clima prejudica divisas emergentes. O protecionismo nos EUA significa dólar mais forte no mundo. O real também sofre um pouco com a dinâmica recente ruim de preços de commodities como a soja", afirma Jolig, acrescentando que, em tese, a consolidação da aposta de que o Federal Reserve vai começar a cortar juros em setembro deveria reduzir a pressão sobre divisas emergentes. "Mas estamos vendo muitos ruídos com a questão eleitoral americana e uma realização forte das bolsas em Nova York".No fim da tarde, aumentaram os rumores de que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, candidato à reeleição pelo partido democrata, pode deixar a corrida presidencial. Biden se recupera de um quadro de Covid-19, anunciado ontem.Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e rondava os 104,200 pontos no fim da tarde, com o iene devolvendo parte dos ganhos de ontem. O euro recuou mesmo após o Banco Central Europeu (BCE), que em junho reduziu os juros sem 25 pontos-base, hoje anunciar manutenção das taxas e reforçar que seguirá com política monetária restritiva. Os retornos dos Treasuries voltaram a subir e renovaram máxima à tarde, com a T-note de 10 anos voltando a tocar 4,20%.O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressalta que a "rigidez" da taxa de câmbio em níveis elevados, com o dólar aproximando-se novamente de R$ 5,60, é reforçada pelos problemas locais, como a desconfiança em relação ao cumprimento das metas fiscais e a permanente desancoragem das expectativas de inflação."O governo não tem capacidade de sustentar as metas. E mesmo que elas forem cumpridas, haverá expansão fiscal, porque os ganhos com ajuda ao Rio Grande do Sul não são contabilizados no resultado primário", diz Velho, para quem o governo deveria anunciar, no mínimo, um bloqueio R$ 30 bilhões para tentar recuperar parte da credibilidade da política fiscal.
O dólar disparou na sessão desta quinta-feira (18) e não apenas rompeu o teto de R$ 5,55 como atingiu o maior valor de fechamento desde o último dia 2. O real sofreu com o ambiente externo de aversão ao risco, marcado por tombo das bolsas em Nova York e busca global pela moeda americana, que se fortaleceu, sobretudo, em relação a divisas emergentes latino-americanas.

Ao quadro adverso lá fora somou-se o clima de cautela diante da expectativa pelo anúncio do bloqueio do orçamento na próxima segunda-feira (22), que pode ser definido em reunião hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil). O desenlace do encontro pode marcar o vencedor da queda de braço entre a ala política do Planalto e a equipe econômica, fiadora do arcabouço fiscal.

Em alta desde a primeira etapa de negócios, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde e tocou máxima a R$ 5,5896, em momento de perdas mais agudas de pares e em meio a rumores sobre a magnitude do bloqueio no Orçamento. No fim da sessão, a divisa era negociada a R$ 5,5881, alta de 1,90%, o que levou os ganhos na semana a 2,89%.

Apesar dos ruídos fiscais locais, o real teve em geral perdas similares ao do peso mexicano. Quem mais sofreu foi o peso chileno, em razão do tombo das cotações do cobre. Houve certa frustração com a ausência de medidas de estímulos econômico na China, após encerramento hoje de reunião plenária do Partido Comunista chinês.

O diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, não identifica um gatilho específico para a onda de aversão ao risco, mas menciona os temores de aumento do protecionismo americano, com elevação de tarifas a produtos chineses em eventual novo governo de Donald Trump, e receio com resultados de empresas de tecnologia nos Estados Unidos.

"Esse clima prejudica divisas emergentes. O protecionismo nos EUA significa dólar mais forte no mundo. O real também sofre um pouco com a dinâmica recente ruim de preços de commodities como a soja", afirma Jolig, acrescentando que, em tese, a consolidação da aposta de que o Federal Reserve vai começar a cortar juros em setembro deveria reduzir a pressão sobre divisas emergentes. "Mas estamos vendo muitos ruídos com a questão eleitoral americana e uma realização forte das bolsas em Nova York".

No fim da tarde, aumentaram os rumores de que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, candidato à reeleição pelo partido democrata, pode deixar a corrida presidencial. Biden se recupera de um quadro de Covid-19, anunciado ontem.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e rondava os 104,200 pontos no fim da tarde, com o iene devolvendo parte dos ganhos de ontem. O euro recuou mesmo após o Banco Central Europeu (BCE), que em junho reduziu os juros sem 25 pontos-base, hoje anunciar manutenção das taxas e reforçar que seguirá com política monetária restritiva. Os retornos dos Treasuries voltaram a subir e renovaram máxima à tarde, com a T-note de 10 anos voltando a tocar 4,20%.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressalta que a "rigidez" da taxa de câmbio em níveis elevados, com o dólar aproximando-se novamente de R$ 5,60, é reforçada pelos problemas locais, como a desconfiança em relação ao cumprimento das metas fiscais e a permanente desancoragem das expectativas de inflação.

"O governo não tem capacidade de sustentar as metas. E mesmo que elas forem cumpridas, haverá expansão fiscal, porque os ganhos com ajuda ao Rio Grande do Sul não são contabilizados no resultado primário", diz Velho, para quem o governo deveria anunciar, no mínimo, um bloqueio R$ 30 bilhões para tentar recuperar parte da credibilidade da política fiscal.

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