As recentes negociações sobre a possibilidade de nova oferta de gás natural da Bolívia para o Brasil de uma forma mais direta animaram o setor químico nacional. O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, que participou de comitiva que visitou o país vizinho, vê a iniciativa como uma forma de reduzir o preço do insumo para as empresas no Brasil.
“Pela primeira vez, a gente conseguirá acessar diretamente supridores de gás natural, sem intermediários no meio do caminho”, ressalta o dirigente. Ele salienta que o gás natural importado daquele país, tradicionalmente, tem a Petrobras como adquirente, fazendo essa intermediação até o consumidor final.
No entanto, Cordeiro argumenta que, atualmente, é plenamente viável que as negociações de abastecimento do combustível possam ser feitas diretamente com as indústrias brasileiras. Dessa forma, reitera o presidente da Abiquim, será possível diminuir custos para a compra do insumo. Ele destaca que essa é uma pauta sensível, especialmente, para o segmento químico brasileiro.
Cordeiro informa que, atualmente, a ociosidade do setor está acima do patamar de 40%. Apesar das perspectivas otimistas quanto a um acesso mais competitivo de fornecimento de gás natural, o representante da Abiquim adverte que a estabilidade política é uma condição fundamental para criar um ambiente de segurança jurídica para eventuais contratos realizados.
Além do abastecimento de gás boliviano, Cordeiro acrescenta que é possível aproveitar a estrutura do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) para importar combustível argentino. Ele recorda que parte da produção da megajazida de Vaca Muerta, localizada nas províncias de Neuquén e Mendoza, pode sair da Argentina, ir para a Bolívia e dali entrar no território nacional.
No Rio Grande do Sul, hoje o Gasbol é o principal meio de ingresso de gás ao Estado. Há também um ramal pela fronteira com a Argentina, mas que só chega até o município de Uruguaiana. O projeto de fazer uma ligação da cidade da Fronteira Oeste gaúcha até a Região Metropolitana de Porto Alegre ainda não saiu do papel.