Após ter divulgado a mudança de seu projeto de carro elétrico para o 100% híbrido, a Lecar está em busca de um novo endereço para sua fábrica que, antes, seria instalada em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. A procura decorre, especialmente, devido às enchentes que impactaram a região, que prejudicaram a infraestrutura e a logística de deslocamento do carro. Paralelamente a isso, o projeto será finalizado no estado de São Paulo.
O redirecionamento para o modelo híbrido se deve à conclusão das vantagens que estes carros proporcionam à sociedade, principalmente em questão de custo e infraestrutura. A decisão se sustenta em um longo período de testes aplicados e análise dos estudos internacionais já publicados.
Neste novo projeto, a ideia é investir em uma tecnologia híbrida a etanol com tração 100% de motor elétrico. Para isso, será preciso encontrar um novo local que forneça as condições necessárias para essa criação. "Devido às enchentes no Rio Grande do Sul, tivemos que avaliar outras possibilidades no país para instalar a fábrica. Não estamos descartando o estado que nos acolheu tão bem, mas precisamos estar abertos a novas opções que nos permitam iniciar essa nova etapa", explica Flávio Figueiredo Assis, fundador da Lecar.
Alguns projetos desenvolvidos em parceria com empresas e instituições de Caxias do Sul serão mantidos, como os do Finep, em desenvolvimento de inovação e tecnologia com a Universidade de Caxias do Sul, os quais são de relevância para a montadora e a cidade. Até porque, além de ser o local de seu endereço fiscal, parte do time de engenharia da montadora opera remotamente na região. "Estamos confiantes de que iniciaremos uma nova jornada promissora no mercado de veículos híbridos, trazendo modelos aderentes às condições de mobilidade dos brasileiros", afirma Assis.
O protótipo do novo projeto, denominado LECAR 459, recebeu, em abril deste ano, placa verde para começar a ser testado. A expectativa inicial era de que chegasse ao mercado em meados de dezembro deste ano. Plano que será revisto com a mudança do projeto. "Ao longo do período de desenvolvimento do carro, dos testes feitos e estudos internacionais já publicados, chegamos à conclusão de que o carro híbrido é mais vantajoso para a sociedade do que o elétrico em diversos quesitos. A ideia, agora, é que a tecnologia híbrida flex a etanol com tração 100% de motor elétrico, proporcione 1 mil km com 30 litros de etanol", enfatiza.
O custo da infraestrutura é apontado como uma das maiores barreiras. O preço de um carregador rápido gira em torno de R$ 1 milhão. Apesar de a venda de veículos elétricos estar aquecida no Brasil, a rede de recarga não evolui na mesma proporção. "Estamos longe de termos a quantidade de carregadores necessária para popularizar este tipo de veículo em todo o país. Precisaremos de bilhões em investimentos para termos as condições adequadas", lamenta.
Assis ainda cita a precariedade tecnológica. Segundo ele, o conceito do carro elétrico é o mesmo desde 1890: uma bateria recarregável que alimenta um motor elétrico. "As células de baterias, assim como os motores, têm limites tecnológicos que estão chegando ao seu auge", argumenta. Para o executivo, os elétricos são mais propícios para ambientes urbanos e que, portanto, fazem sentido apenas para um grupo específico de uso, como motoristas de táxi e aplicativos, ônibus e caminhões.
Ele reconhece que o país tem excelentes alternativas de híbridos, mas por preços não tão acessíveis. "A nova missão, a partir de agora, será reverter essa realidade, trazendo modelos híbridos mais aderentes à realidade brasileira e que caibam no bolso da população", observa.