Ainda não há projeção sobre o total das perdas ocasionada pela tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul no mês de maio, mas já chega a quase R$ 3,9 bilhões o montante a ser liberado por companhias seguradoras para 48.870 registros de sinistros e pedidos de resgate, desde o dia 28 de abril. O aumento foi superior a 100%, se considerados os números divulgados há 30 dias. Do total, a maior parte vem de seguros residenciais e habitacionais, seguidos de automóveis e agrícola.
Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional das Seguradores, que prevê um crescimento ainda maior a partir das chuvas desta semana em todo o Estado. Conforme o presidente da entidade, Dyogo Oliveira, a falta de estimativa se dá em função da não estabilização da situação climática e, também, porque muitos dos segurados ainda não tiveram tempo de pedir o resgate. “De 19 de maio para hoje, houve um aumento de 284% no aumento de pedido no setor agrícola, e não há como projetar ”, exemplificou Oliveira.
De acordo com o levantamento, até esta quarta-feira (18), em termos de valores, o setor de grandes riscos, que envolve indústrias, plantas fabris, perdas operacionais, é o que soma o maior valor: R$ 1,322bilhão, para 599 pedidos entregues às seguradoras. Dele, segue automóveis, com R$ 1,277 bilhão (19.067 pedidos), e residencial de residencial R$ 524,6 milhões (22.673 pedidos). Até o momento, 48,8 mil pedidos chegaram às seguradoras, que, frisou o presidente, estão preparadas para cobrir estes e os demais valores que forem requisitadas, com ativos próprios e resseguros nacionais e internacionais.
O presidente da CNSeg garantiu que as companhias mantém o atendimento agilizado, facilitando o processamento interno e os pagamentos das indenizações, que, em muitos casos, têm sido feitos em um prazo de 48horas. “No que é possível, esse trabalho tem sido feito. Em razão disso, esses valores devem crescer nas próximas semanas”, relatou.
Oliveira também projeta um aumento da procura às seguradoras, em função dos eventos climáticos que deverão se tornar mais comuns. O seguro habitacional, observou, já possuem cobertura para eventos climáticos e enchentes, nos demais casos a opção é facultativa. Já o mercado de automóveis se concentrou no chamado seguro total. Hoje, mais de 95% das apólices emitidas vêm nesse formato. Dados da CNSeg apontam que apenas 30% dos automóveis são segurados.
A CNSeg firmou um convênio com o Iclei, principal associação mundial de governos locais dedicados ao desenvolvimento sustentável, para a produção de seguro específico, “Esse convênio foi feito na esteira do que fizeram outros países, como no Caribe, para catástrofes. O Iclei percebeu essa lacuna no Brasil”, relatou, lembrando que trata-se de um produto que deverá ganhar adesão. “Esse evento (no RS) foi um grande alerta para os governantes. Os impactos podem ser muito grandes na infraestrutura pública, e os orçamentos podem não ser suficientes para recompor na velocidade adequada”, apontou.
O Rio Grande do Sul, de acordo com a entidade, tem um histórico de forte participação no mercado de seguros (hoje calculado em uma participação de 6,2% do PIB gaúcho). Entre os domicílios, 38% estão segurados, enquanto a média nacional é de 15%.
A CNSeg disponibiliza uma plataforma - encontreseuseguros.org.br - , com todas as ofretas de suguros e coberturas de todas as seguradoras brasileiras, onde pode ser tiradas dúvidas.
Pedidos de resgate de seguros no RS
(número de pedidos e soma do valor em R$)
Automóveis: 19.067 pedidos - R$ 1.277.064.213,42
Residencial + Habitacional: 22.673 - R$ 524.664.255,04
Agrícola: 2.215 pedidos - R$ 181.687.725,48
Grandes Riscos: 599 pedidos - 1.322.167.839,68
Outros: 4.316 pedidos - R$ 580.005.686,75
Residencial + Habitacional: 22.673 - R$ 524.664.255,04
Agrícola: 2.215 pedidos - R$ 181.687.725,48
Grandes Riscos: 599 pedidos - 1.322.167.839,68
Outros: 4.316 pedidos - R$ 580.005.686,75
Total: 48.870 pedidos - R$ 3.885.589;720,37