Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 15 de Maio de 2024 às 17:06

Galípolo diz que cogitou votar em 0,25 ponto porcentual, mas cita custo de abandonar guidance

Galípolo votou pelo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na última reunião do Copom

Galípolo votou pelo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na última reunião do Copom

Lula Marques/ Agência Brasil
Compartilhe:
Agência Estado
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que votou pelo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, disse nesta quarta-feira (15) que cogitou votar em 0,25 ponto porcentual de corte da Selic em vários diálogos, mas que entendeu que haveria um custo, um risco reputacional, para a credibilidade da comunicação da autarquia. Ele fez esta afirmação durante participação no período da manhã em evento do jornal Valor Econômico, em Nova York, ao ser questionado sobre seu voto por 0,50 ponto de corte da Selic. 
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que votou pelo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, disse nesta quarta-feira (15) que cogitou votar em 0,25 ponto porcentual de corte da Selic em vários diálogos, mas que entendeu que haveria um custo, um risco reputacional, para a credibilidade da comunicação da autarquia. Ele fez esta afirmação durante participação no período da manhã em evento do jornal Valor Econômico, em Nova York, ao ser questionado sobre seu voto por 0,50 ponto de corte da Selic. 
"Minha preocupação foi em romper a lógica da comunicação do BC, mas se tivesse votado em 0,25 ponto estaria confortável hoje em justificar o meu voto. Mas tinha esse custo de abandonar o guidance", disse o diretor, emendando que na discussão sobre o abandono do guidance houve pesos distintos para cada diretor.

Segundo Galípolo, esse BC está relacionado com a credibilidade que os diretores que lá já estavam conquistaram e com a coerência entre o que fala e faz.

"Credibilidade se conquista e é natural que diretores que estão chegando sejam mais demandados a explicarem o que pensam. Mas quem acompanha o que falo não se surpreendeu com o meu voto", disse Galípolo.

Ainda de acordo com ele, não houve dentro do Copom a divisão em dois grupos dos diretores porque nas conversas dos membros aparecem justificativas para os dois lados e há a compreensão do lado dos que votaram em 0,50 ponto porcentual de que o cenário mudou, que a desancoragem das expectativas incomoda muito e que a taxa terminal da Selic na Focus subiu bastante.

"Os tempos são diferentes para quem está começando uma corrida. O meu mandato vai até março de 2027. Eu só quero ganhar credibilidade, preciso mostrar coerência entre minhas falas e ações. Do meu ponto de vista particular, me preocupo com função e reação que eu poderia passar com a comunicação. Se quero ganhar credibilidade preciso mostrar coerência entre as minhas falas e minhas ações", comentou o diretor, reiterando a justificativa do seu voto no corte de 0,50 ponto porcentual da Selic.

Convencimento

Galípolo disse ainda que jamais houve conversas dentro do Copom com objetivo de um diretor tentar convencer outro sobre que voto fazer na definição da taxa de juro. De acordo com ele, "ninguém vai para o Copom para um diretor tentar convencer o outro".

"É importante que vejamos importância na unanimidade, no consenso, não para nos proteger de críticas. Fico feliz com a decisão do Copom que decidiu respeitando a visão de cada diretor. O Roberto (Campos Neto, presidente do BC) nunca pediu para que votássemos de um jeito ou de outro", disse Galípolo, ao ser perguntado se os votos por um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic poderiam ter sido influenciados pela fala do banqueiro central nos Estados Unidos, na reunião de primavera do FMI no mês passado.

Lá, Campos Neto, com uma de suas falas, levou o mercado ao entendimento de que o guidance seria abandonado.

O diretor também disse que Campos Neto não o consultou antes da fala em Washington, como também os diretores não o consultam antes de falar.

"O Roberto preza muito a autonomia do BC", enfatizou Galípolo, revelando que quando alguma fala sua causa ruídos no mercado Campos Neto é o primeiro a ligar para ele e dizer "não se preocupe porque isso acontece". "Faço questão de dizer que o Roberto me dá liberdade para falar e não diz a nós o que devemos falar", disse.

Notícias relacionadas