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Publicada em 14 de Maio de 2024 às 15:57

Ata detalha as razões que levaram o Copom a se dividir em relação ao ritmo de corte da Selic

Colegiado se dividiu em relação ao ritmo de corte da Selic na semana passada

Colegiado se dividiu em relação ao ritmo de corte da Selic na semana passada

MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
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Agência Estado
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (14) detalha as razões que levaram o colegiado a se dividir em relação ao ritmo de corte da Selic, que foi reduzida de 10,75% ao ano para 10,50% ao ano na última semana, abandonando a guidance de março que indicava uma redução de 0,50 ponto porcentual (p.p).Segundo a ata, os diretores que votaram por 0,25 ponto de queda avaliaram que a sinalização era condicional e, mais importante do que um custo reputacional, era o compromisso com o combate à inflação. Já os que optaram pelo corte de 0,50 p.p. argumentam que seguir a guidance e reforçar o compromisso com o combate à inflação não pode ser confundido com leniência.Mesmo com as divergências sobre o tamanho do corte, todos os membros do Copom concordam que o juro terminal deve consolidar desinflação e ancoragem de expectativas.O grupo que votou pelo declínio de 0,25 p.p. inclui o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, que já estavam na autoridade monetária antes da gestão Lula. Ao justificar a posição, esse grupo considerou que o cenário para a redução sinalizada anteriormente não se confirmou em função da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado.Para eles, o foward guidance indicado em março "sempre foi condicional" e houve mudanças no cenário esperado. "Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas", diz a ata. A escolha da redução de 0,25 p.p., portanto, foi vista como mais apropriada para o atingimento da inflação na meta no horizonte relevante.Já os diretores indicados na nova gestão Lula - Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira - optaram por um corte de 0,50 ponto, seguindo a sinalização anterior. A ata pontua que esse grupo também compartilha a percepção de aumento das incertezas e do firme compromisso com o objetivo fundamental de atingimento da meta e de reancoragem das expectativas. Esse grupo propôs um debate sobre o custo de oportunidade de não seguir a sinalização, ainda que com mudança de cenário. A ata relembra que esse tipo de discussão já ocorreu em outras reuniões e avaliava se o cenário prospectivo divergia tão significativamente do esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, com custos de reduzir o poder das comunicações formais do Copom.A posição desse grupo era de seguir com o corte de 0,50 ponto porcentual já indicado, e reafirmar o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal, para garantir a convergência da inflação para a meta. Segundo a ata, essa ala ressaltou "que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação", diz o documento.A avaliação deste grupo ainda inclui uma observação de que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal, por isso o corte de 0,50 p.p. ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista. "Por fim, tal grupo enfatizou a necessidade de flexibilidade das decisões nas reuniões a partir de junho, o que permitiria, à luz de novo conjunto de informação, calibrar a trajetória do instrumento de política monetária da forma apropriada", diz o texto.Apesar das divergências em relação ao tamanho do corte, a ata explicita que todos os membros do colegiado "concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas".A avaliação do Copom é de que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. "Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta", diz a ata.
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (14) detalha as razões que levaram o colegiado a se dividir em relação ao ritmo de corte da Selic, que foi reduzida de 10,75% ao ano para 10,50% ao ano na última semana, abandonando a guidance de março que indicava uma redução de 0,50 ponto porcentual (p.p).

Segundo a ata, os diretores que votaram por 0,25 ponto de queda avaliaram que a sinalização era condicional e, mais importante do que um custo reputacional, era o compromisso com o combate à inflação. Já os que optaram pelo corte de 0,50 p.p. argumentam que seguir a guidance e reforçar o compromisso com o combate à inflação não pode ser confundido com leniência.

Mesmo com as divergências sobre o tamanho do corte, todos os membros do Copom concordam que o juro terminal deve consolidar desinflação e ancoragem de expectativas.

O grupo que votou pelo declínio de 0,25 p.p. inclui o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, que já estavam na autoridade monetária antes da gestão Lula. Ao justificar a posição, esse grupo considerou que o cenário para a redução sinalizada anteriormente não se confirmou em função da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado.

Para eles, o foward guidance indicado em março "sempre foi condicional" e houve mudanças no cenário esperado. "Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas", diz a ata. A escolha da redução de 0,25 p.p., portanto, foi vista como mais apropriada para o atingimento da inflação na meta no horizonte relevante.

Já os diretores indicados na nova gestão Lula - Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira - optaram por um corte de 0,50 ponto, seguindo a sinalização anterior. A ata pontua que esse grupo também compartilha a percepção de aumento das incertezas e do firme compromisso com o objetivo fundamental de atingimento da meta e de reancoragem das expectativas. Esse grupo propôs um debate sobre o custo de oportunidade de não seguir a sinalização, ainda que com mudança de cenário. A ata relembra que esse tipo de discussão já ocorreu em outras reuniões e avaliava se o cenário prospectivo divergia tão significativamente do esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, com custos de reduzir o poder das comunicações formais do Copom.

A posição desse grupo era de seguir com o corte de 0,50 ponto porcentual já indicado, e reafirmar o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal, para garantir a convergência da inflação para a meta. Segundo a ata, essa ala ressaltou "que a extração da tendência subjacente da dinâmica inflacionária em um ambiente incerto é difícil, mas não deveria, de forma alguma, ser confundida com leniência com relação aos indicadores divulgados no período, em particular as expectativas de inflação", diz o documento.

A avaliação deste grupo ainda inclui uma observação de que as projeções de inflação eram mais afetadas pela determinação da taxa de juros terminal, por isso o corte de 0,50 p.p. ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista. "Por fim, tal grupo enfatizou a necessidade de flexibilidade das decisões nas reuniões a partir de junho, o que permitiria, à luz de novo conjunto de informação, calibrar a trajetória do instrumento de política monetária da forma apropriada", diz o texto.

Apesar das divergências em relação ao tamanho do corte, a ata explicita que todos os membros do colegiado "concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas".

A avaliação do Copom é de que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. "Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta", diz a ata.

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