Consumidores que tiverem eletrodomésticos ou equipamentos danificados devido aos recentes problemas de energia na área de concessão da CEEE Grupo Equatorial podem solicitar à distribuidora o ressarcimento desses bens. De acordo com a concessionária, serão reduzidas as exigências de documentos para que esses clientes requeiram as indenizações.
“Por exemplo, não vamos pedir três orçamentos para alguém que está sem energia há 48 horas para arrumar um liquidificador de R$ 200,00, R$ 100,00, não faz sentido nesse contexto, essas pessoas já estão sofrendo demais”, afirma o presidente da CEEE Grupo Equatorial, Riberto José Barbanera. Ele reforça que a ideia é desburocratizar e dar velocidade à análise dos pedidos.
Em coletiva à imprensa concedida na tarde desta sexta-feira (19), o executivo reiterou que a previsão é que até domingo (21) a maioria dos casos de falta de energia que ainda não foram solucionados sejam resolvidos. Segundo o presidente da CEEE Grupo Equatorial, cerca de 80 mil clientes continuam sem luz na área de concessão da empresa, que envolve 72 municípios do Rio Grande do Sul, sendo que em torno de 69 mil estão localizados em Porto Alegre. Na capital gaúcha, Barbanera informa que, até às 17h desta sexta-feira, todos os 48 bairros da cidade permaneciam tendo registros de falta de energia em algumas unidades consumidoras.
Sobre os questionamentos feitos por integrantes da área política quanto à demora no restabelecimento da luz, o executivo diz que vê com naturalidade essas movimentações de governos municipais, estadual e agências reguladoras que pedem uma resposta mais célere da distribuidora. “Essas pessoas são legítimas representantes da população e é claro que a sociedade tem, diante de uma situação como essa, total razão de cobrar todos os agentes”, comenta o dirigente. Ele acrescenta que se for confirmada a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em relação à CEEE, a empresa irá colaborar com a prestação de informações.
Também indagado sobre o número de pessoas atuando na concessionária atualmente, Barbanera ressalta que o grupo profissional da CEEE hoje possui cerca de 4,5 mil profissionais, entre quadro próprio e terceirizados, que podem ser mobilizados, o que, conforme ele, não é um contingente inferior ao do tempo em que a companhia era pública. Ele enfatiza que a meta é melhorar o serviço prestado, mas que foram herdados vários ativos depreciados da época que a concessionária era estatal. “E não se tira em dois anos cerca de 50 anos sem investimento", finaliza o executivo.
Conselhos de consumidores avaliam que são satisfatórias as respostas das distribuidoras
Apesar de vários protestos e reclamações de clientes da CEEE Grupo Equatorial e da RGE que continuam sem luz, os líderes dos conselhos de consumidores das duas concessionárias consideram como satisfatórias as respostas que as duas empresas estão dando após o temporal que atingiu o Rio Grande do Sul na terça-feira (16) e chegou a deixar mais de 1 milhão de clientes sem luz. Essa opinião é compartilhada pelo presidente do Conselho de Consumidores da CEEE Grupo Equatorial (representante da Federasul), Valdir Mattos, e pelo presidente do Conselho de Consumidores da RGE (representante da Farsul), Jefferson Camozzato.
Mattos vê o restabelecimento dos clientes sem luz até agora dentro do que podia ser previsto. “É óbvio que quem está sem energia não enxerga dessa maneira e eu também não tiro a razão. Há uma percepção de que não está andando, mas na verdade está”, frisa Mattos. Ele acrescenta que a CEEE, depois da privatização, já investiu em torno de R$ 1,3 bilhão em cerca de 30 meses.
Já Camozzato destaca que o temporal de terça-feira foi um dos piores nos últimos quinze anos do Rio Grande do Sul. No entanto, ele salienta que no dia posterior já mais da metade dos clientes que ficaram sem luz já tinham a energia recuperada. “Se o problema fosse somente religar a energia era fácil, mas depende de, em muitos casos, refazer a rede elétrica”, argumenta o dirigente.
Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio (JC), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informa que tem acompanhado a situação do fornecimento de energia elétrica no Rio Grande do Sul por meio do contato contínuo com as concessionárias RGE e CEEE Equatorial e no monitoramento dos consumidores sem energia. O órgão regulador acrescenta que, através do contrato que tem com a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), realizará a fiscalização sobre a atuação das distribuidoras frente ao evento.
Prefeitura de Porto Alegre solicita à Aneel fiscalização urgente
Nesta sexta-feira, a prefeitura de Porto Alegre solicitou que a Aneel abra uma fiscalização urgente nas atividades da CEEE Equatorial. A decisão, conforme nota do poder público municipal, ocorre “diante de um cenário de grave crise, em que parte da população da Capital está sem energia desde a noite do dia 16 de janeiro, após um temporal ter atingido a cidade. Desde então, a falta de luz também prejudica os serviços de produção e distribuição de água por parte do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae)”.
No documento assinado, pelo prefeito Sebastião Melo e entregue para a Superintendência de Fiscalização Técnica dos Serviços de Energia Elétrica da Aneel, o poder público solicita que a agência verifique “as causas da falha no restabelecimento tempestivo do fornecimento de energia elétrica e a ausência de um plano de contingência efetivo” por parte da CEEE Equatorial.
Além disso, pede que sejam adotadas “medidas cabíveis para responsabilização da empresa”, em razão da “gravidade das consequências para a população”. Por fim, a gestão municipal requer que a Aneel determine que a CEEE Equatorial implemente um “plano de contingência robusto e eficaz, visando prevenir e minimizar impactos em eventos futuros” semelhantes.