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Publicada em 17 de Janeiro de 2024 às 18:21

Condições climáticas podem atrasar restabelecimento de energia na área da CEEE Grupo Equatorial

Riberto José Barbanera destaca reforço das equipes de atendimento

Riberto José Barbanera destaca reforço das equipes de atendimento

Rafael Berthes/Divulgação/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
O recente temporal que atingiu o Rio Grande do Sul chegou a deixar cerca de 620 mil clientes da CEEE Grupo Equatorial sem luz na noite da terça-feira (16). O presidente da distribuidora, Riberto José Barbanera, é resistente em fazer uma projeção da retomada total dos fornecimentos, porém, segundo ele, em condições adequadas essa meta deve ser alcançada no final de semana. Contudo, Barbanera adverte que há a perspectiva de uma nova piora no clima, o que pode retardar a volta da energia.Jornal do Comércio (JC) - Qual a previsão de recuperação total do fornecimento de energia para os clientes sem luz da CEEE?Riberto José Barbanera - A gente é muito prudente nessa questão da previsão porque sabemos que quando falamos geramos uma expectativa em torno do tema. E qual é o problema? A gente continua monitorando e temos perspectivas de novas tempestades para esta quarta (17) e quinta-feira (18). Como temos um critério de priorização, atendemos primeiro hospitais, serviços de utilidade pública, eu corro o risco de daqui a pouco ter uma nova tempestade, ter que voltar aos locais que foram recompostos e isso vai atrasar ainda mais o atendimento a clientes que têm uma prioridade menor nesse caso.JC - Se não houver mais temporais, em condições adequadas, levaria mais quanto tempo para restabelecer o serviço de abastecimento de energia completamente?
O recente temporal que atingiu o Rio Grande do Sul chegou a deixar cerca de 620 mil clientes da CEEE Grupo Equatorial sem luz na noite da terça-feira (16). O presidente da distribuidora, Riberto José Barbanera, é resistente em fazer uma projeção da retomada total dos fornecimentos, porém, segundo ele, em condições adequadas essa meta deve ser alcançada no final de semana. Contudo, Barbanera adverte que há a perspectiva de uma nova piora no clima, o que pode retardar a volta da energia.

Jornal do Comércio (JC) - Qual a previsão de recuperação total do fornecimento de energia para os clientes sem luz da CEEE?

Riberto José Barbanera - A gente é muito prudente nessa questão da previsão porque sabemos que quando falamos geramos uma expectativa em torno do tema. E qual é o problema? A gente continua monitorando e temos perspectivas de novas tempestades para esta quarta (17) e quinta-feira (18). Como temos um critério de priorização, atendemos primeiro hospitais, serviços de utilidade pública, eu corro o risco de daqui a pouco ter uma nova tempestade, ter que voltar aos locais que foram recompostos e isso vai atrasar ainda mais o atendimento a clientes que têm uma prioridade menor nesse caso.

JC - Se não houver mais temporais, em condições adequadas, levaria mais quanto tempo para restabelecer o serviço de abastecimento de energia completamente?
Barbanera - Para gente zerar todo o passivo, para todos os clientes, fora uma situação excepcional, que tenha que fazer alguma coisa muito grande, eu diria que no final de semana deve estar dentro da normalidade já.

JC - Que estratégias a companhia está adotando para agilizar o restabelecimento da energia?

Barbanera - Estamos com todo o nosso contingente mobilizado desde terça-feira. Tivemos uma reunião com as outras empresas do Grupo Equatorial, em outros estados, onde a gente expôs a situação e decidimos pela importação temporária de recursos. A gente está trazendo equipes de fora, de outros estados para cá. A partir desta quinta-feira (18) essas equipes extraordinárias, grupos de engenheiros e técnicos, se juntam a nós para dar continuidade a esse trabalho.

JC - De onde está vindo esse pessoal?
Barbanera - De outras distribuidoras do próprio Grupo Equatorial. Estamos trazendo gente do Maranhão, Piauí, Pará, Goiás, de diversos estados para nos ajudar nessa força-tarefa.

JC - Qual o contingente normal da CEEE e quanto foi reforçado devido à ocorrência do temporal?
Barbanera - A gente trabalha normalmente, somando as equipes comerciais e tudo, com 100 a 120 equipes por dia, no Estado todo. Nesse temporal desta terça-feira subiu para quase 600 equipes, pois chamamos todos os nossos parceiros de negócio, mobilização total. Nessa hora chamamos todo mundo (inclusive os funcionários de folga) e conseguimos multiplicar esse contingente. Com a vinda dos de fora, estamos trazendo mais 50 equipes de outros estados e mais cerca de 20 profissionais de nível técnico e engenheiros para nos ajudar na condução dessa recomposição.

JC - Quantas pessoas formam cada equipe?
Barbanera - Temos equipes leves, médias e pesadas. A equipe leve é formada por dois eletricistas em um veículo tipo camionete, depois tem a equipe média que é um caminhão com cinco eletricistas e temos uma equipe maior que é formada por um caminhão e sete eletricistas.
JC - O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, vem se manifestando quanto aos reflexos que os cortes de energia têm no abastecimento de água da cidade. Como essa questão tem sido tratada?
Barbanera - Eu cheguei aqui há quatro meses (na CEEE) e acho que já estive no gabinete do prefeito Sebastião Melo umas cinco ou seis vezes para reuniões com ele. Logo que eu cheguei aqui um dos problemas que ele colocou como ponto de preocupação se tratava do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A gente fez um plano de trabalho em conjunto, prefeitura e CEEE para melhorar isso, porque existem oportunidades de melhorias dos dois lados. E tem também outra oportunidade, que eu já coloquei para o prefeito. Sabemos o quanto isso é importante, o quanto isso embeleza a cidade, mas precisamos ter cuidado com a arborização para ter um convívio harmonioso com a rede elétrica.

JC - Através de postagem em uma mídia social, Melo também manifestou que a direção da CEEE não estava atendendo o telefone nas últimas horas. Há ruído na comunicação entre a prefeitura da capital gaúcha e a empresa?

Barbanera - O prefeito tem o meu contato, a equipe dele tem o contato da minha equipe, o nosso centro de operação tem o contato do centro de operação do Dmae. Eu quero crer que foi um fato muito isolado, fruto de toda essa confusão, esse caos que está instalado na cidade. Talvez o prefeito tenha tentado algum contato e a linha não se completou e aí gerou essa reação do prefeito na mídia social. Mas, eu já conversei com ele sobre isso três vezes na manhã desta quarta-feira. Os atendimentos ao Dmae estão sendo priorizados e está sob controle. Não tem maior fato na questão de relacionamento, pelo contrário a gente tem um relacionamento muito bom com a prefeitura de Porto Alegre.

JC - As dificuldades climáticas no Rio Grande do Sul chegaram a surpreender o Grupo Equatorial que passou a administrar a CEEE em 2021?
Barbanera – Na verdade, os desafios do Rio Grande do Sul são conhecidos do setor elétrico pelas características climáticas que são recorrentes e a gente sabe disso. Eu costumo dizer que cada concessão tem seus respectivos desafios e aqui no Estado é a severidade climática. Quando o Grupo Equatorial adquiriu a CEEE, sabia dos efeitos climáticos, sabia da realidade, sabia que era uma empresa cujos ativos estavam depreciados, sabia da necessidade de fazer investimentos para recuperar esses ativos. Há muitos postes de madeira instalados aqui com vida útil esgotada.

JC - Como mudar esse cenário?
Barbanera - Começamos um plano de investimento para melhorar isso. Em dois anos a gente vem realizando esse plano, a empresa correspondendo às nossas expectativas na redução dos indicadores (de tempo e duração das interrupções), mas 2023 foi um ano muito atípico, principalmente no segundo semestre com relação à questão de eventos climáticos. E quando vem 2023 com essa severidade toda, fica mais evidente ainda a fragilidade da rede elétrica da CEEE, a deterioração que levou a falta de investimento. A gente fez esse diagnóstico e propôs uma série de projetos estruturantes para o sistema elétrico para dar maior robustez e melhorar a qualidade do serviço. A gente está na fase final de validação dos projetos e faremos esses projetos estruturantes a partir de 2024. Estamos falando de linhas de transmissão, subestações, de automação, rede urbana e rural, muita tecnologia.

JC - Qual a estimativa de investimento da empresa nos próximos anos?
Barbanera - A gente não tem esse volume ainda, porque estamos na defesa dos projetos técnicos, da necessidade do sistema elétrico.

JC - Qual é a previsão de enquadramento do serviço da CEEE nos parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a concessionária quanto aos indicadores Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC)?
Barbanera - Se observar o contrato de concessão da CEEE, ele estabelece uma trajetória (de enquadramento) até 2026. Temos uma expectativa de atingimento de limite regulatório, seguindo a trajetória que estamos, em 2025.

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