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Publicada em 09 de Janeiro de 2024 às 18:52

Número de empresas em recuperação judicial triplica no Rio Grande do Sul

Isolamento social pode ter postergado  o encerramento de empresas

Isolamento social pode ter postergado o encerramento de empresas

CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
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Caren Mello
Caren Mello
No ano que terminou, 110 empresas tiveram pedidos de recuperação judicial aprovados no Rio Grande do Sul. O número triplicou, se comparado com o ano anterior. Em 2022, foram 38 pedidos aprovados. Também aumentaram, porém em ritmo menor, os pedidos de falência, de acordo com o levantamento da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande Do Sul (JucisRS). Se em 2022, 25 empresas pediram falência, esse número dobrou para 50 no ano passado.
No ano que terminou, 110 empresas tiveram pedidos de recuperação judicial aprovados no Rio Grande do Sul. O número triplicou, se comparado com o ano anterior. Em 2022, foram 38 pedidos aprovados. Também aumentaram, porém em ritmo menor, os pedidos de falência, de acordo com o levantamento da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande Do Sul (JucisRS). Se em 2022, 25 empresas pediram falência, esse número dobrou para 50 no ano passado.
O movimento não aconteceu apenas no Estado, mas em todo país, conforme levantamento do Serasa Experian. O ano passado, principalmente o segundo semestre, ficou marcado como sendo bastante difícil para as empresas. Entre julho e setembro, houve um aumento de 40% em pedidos que chegaram à Justiça. E dos mais variados portes de empresas, desde as pequenas, como também as grandes e conhecidas 123 Milhas, o Grupo SouthRock (controlador de Starbucks, Subway e Eataly), cervejaria Petrópolis, telefônica Oi e Americanas.
Os motivos são diversos, dizem analistas. O mais determinante, no entanto, pode ser em função da chamada “ressaca da pandemia”. O processo de tomada de crédito teve aumento em 2020 e 2021, período com alta taxas de jutos. Houve uma injeção bastante forte no mercado de programas de auxílio às empresas, com os bancos refinanciando dívidas. No entanto, foram refinanciamentos de curto prazo, apenas para elas tentarem ter fôlego, segundo avaliação da advogada Gabriela Martines, do escritório TozziniFreire.
Divulgação/JC
Advogada Gabriela Martines explica que consequências da pandemia são um dos motivos para aumento. DIVULGAÇÃO/JC
Especialista em reestruturação e recuperação de empresas, Gabriela observa que as dívidas começam a vencer, e todos os reperfilamentos feitos no período da pandemia não se mantiveram após as tomadas de crédito vencerem. Esse processo ocorreu dentro de um cenário de juros elevados, que impactaram diretamente nos financiamentos bancários.
A nova fase, de queda de juros, no entanto, poderá diminuir a inadimplência, mas uma reação mais forte ainda está longe de ser presenciada. “Com os juros baixando, ainda que aos pouco, vai melhorar. Contudo, acho que vai demorar a ter um reflexo direto nas empresas”, pondera Gabriela, ao apontar para 2025 para uma definição mais clara. “Em 2024, ainda teremos um número considerável de pedidos, para começar a melhorar talvez em 2025.”
Aliado ao cenário de pandemia e de alta de juros, os sites internacionais de varejo também impactaram os números internos. As micro e pequenas empresas foram as mais prejudicadas, aumentando a fila em frente às varas especializadas em pedidos de recuperação de empresas.
De certa forma, avalia a especialista, o número crescente de ações na área pode ser visto de forma positiva, uma vez que a recuperação é um remédio para tentar evitar a falência. A familiaridade com o procedimentos, em função de casos com bastante espaço nos meios de comunicação, também colaborou para que empresários passassem a considerar a possibilidade de evitar chegar a um estado falimentar.

Recuperação judicial no RS

Falências no RS:
2023: 50
2022: 25
2021: 46
2020: 48
2019: 92


Recuperação judicial no RS
2023: 110
2022: 38
2021: 52
2020: 66
2019: 51

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