Porto Alegre,

Anuncie no JC
Jornal do Comércio. O jornal da economia e negócios do RS. 90 anos.

Publicada em 29 de Novembro de 2023 às 18:03

Eventos climáticos extremos afetam agronegócio no Rio Grande do Sul

Trigo é uma das culturas mais afetadas por ser sensível ao excesso de chuvas

Trigo é uma das culturas mais afetadas por ser sensível ao excesso de chuvas

JOSÉ SCHÄFER/DIVULGAÇÃO/EMATER
Compartilhe:
Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) divulgou, nesta terça-feira (28), um relatório com perdas no agronegócio em decorrência das chuvas, granizos e ventos que atingiram o Rio Grande do Sul durante o ano, incluindo o último fenômeno do dia 24 de novembro, um dos piores para a agricultura. O documento foi elaborado pela Emater/RS- Ascar.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) divulgou, nesta terça-feira (28), um relatório com perdas no agronegócio em decorrência das chuvas, granizos e ventos que atingiram o Rio Grande do Sul durante o ano, incluindo o último fenômeno do dia 24 de novembro, um dos piores para a agricultura. O documento foi elaborado pela Emater/RS- Ascar.
As principais culturas de grãos afetadas foram trigo, soja, milho, milho silagem e arroz. Os prejuízos nas áreas de produção atingiram 120,6 mil hectares, com uma estimativa de perda de mais de 205 mil toneladas. As perdas nas lavouras de soja foram reportadas por 4.006 produtores, afetando 83,5 mil hectares. Nas lavouras de milho, foram perdidas 131,6 mil toneladas, em 67,4 mil hectares, prejudicando 10.302 agricultores.
O gerente técnico estadual adjunto da Emater, Luis Bohn, afirmou que, neste ano, foram feitos nove levantamentos de perdas por conta dos fenômenos que acometeram o Estado desde junho. "Foi um ano completamente catastrófico. Os eventos atingiram cada região de formas diferentes". Nas culturas de inverno, o trigo, por exemplo, foi uma das mais afetadas, com previsão de perda de 28% em relação a perspectiva inicial, uma vez que é sensível à umidade. "A umidade, quando persistente, pode apodrecer o grão. Muitas áreas ficaram alagadas por vários dias", ponderou.
A canola, por outro lado, sofreu uma perda menor, de apenas 2,34%. "Mostra que a canola é de menor risco para o produtor nessa situação", explicou o técnico. Também há registro de perdas nas lavouras de aveia (825 toneladas), cevada (12,5 mil toneladas), linho (1,2 mil toneladas), feijão 1ª safra (307 toneladas), milho silagem (377,8 mil toneladas) e aveia branca (223,5 mil toneladas). O total de produtores com prejuízos no setor de grãos chegou a 19.711.
De acordo com o relatório, 198 municípios apontaram perdas no setor agropecuário, e 115 deles decretaram situação de emergência em 12 regiões administrativas da Emater. O número de localidades atingidas foi de 3.220, e o de propriedades afetadas é de 72.318. Em relação a safra de verão, o técnico da Emater disse que ainda não é possível prever se será afetada pelos eventos climáticos deste ano, mas que há indicativos. "Temos atrasos na plantação, replantio, alerta de falta de semente. Mas ainda é cedo para falar em perdas", explicou Luis.

Já na fruticultura, 6.915 produtores registraram perdas na produção. As culturas mais afetadas foram de uva de indústria, maçã e bergamota. Outros 2.923 produtores indicaram prejuízos em olerícolas e 9.165 apontaram danos na produção de fumo. Sobre as pastagens, foram atingidos 15.320 hectares de pastagem nativa, 24.290,50 hectares de pastagem cultivada e 6.440 hectares de silagem, com um total de 5.932 produtores prejudicados. A atividade pecuária nas regiões afetadas registrou problemas para 286 produtores. 

Tecnologia é aliada dos produtores para reduzir perdas

A agricultura gaúcha, responsável por boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, sofre com os eventos climáticos extremos que atingem a região. Antes das chuvas excessivas deste ano, o Rio Grande do Sul enfrentou uma estiagem de dois anos. Segundo o gerente técnico estadual adjunto da Emater, Luis Bohn, tudo isso impacta na economia, mas as expectativas ainda são positivas para este ano em relação ao ano anterior, quando houve uma perda expressiva na produção de soja.
Além disso, a tecnologia é uma aliada dos produtores para reduzir essas perdas no futuro. "A vulnerabilidade dos agricultores ao clima sempre foi uma característica, o que muda é a intensidade", disse. Por isso, a Emater tem trabalhado e pretende intensificar atividades nas áreas de manejo e conservação do solo, irrigação e reserva de água. "Precisamos ter os solos protegidos, evitar o escorrimento, permitir a infiltração."
Ele ainda destacou o uso de bionsumos (produtos feitos a partir de microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais e utilizados nos sistemas de cultivo agrícola para combater pragas e doenças e para melhorar a fertilidade do solo). "Protege as plantas, ano que vem vai ser muito divulgado", disse.
A secretária de Desenvolvimento Rural anunciou, na segunda-feira (27), a segunda etapa do Programa de Recuperação da Fertilidade do Solo, com R$ 15 milhões para recuperar áreas cultiváveis no Vale do Taquari, na Serra e na região Norte. Os beneficiários serão selecionados pelo município e terão limite individual de R$ 30,6 mil. Na semana passada, o órgão havia anunciado um projeto de apoio à Pecuária Familiar. 

 
 

Notícias relacionadas