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Publicada em 20 de Novembro de 2023 às 19:11

‘Hora de mostrar a que veio’, diz presidente da Fiergs sobre vitória de Milei

Petry espera que haja uma redução das barreiras não tarifárias aplicadas pela Argentina no futuro

Petry espera que haja uma redução das barreiras não tarifárias aplicadas pela Argentina no futuro

FERNANDA FELTES/JC
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Nícolas Pasinato
A Argentina é, atualmente, a principal origem das importações gaúchas e o terceiro maior destino das exportações do Estado. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, a expectativa é de que a relação comercial, ao menos, se mantenha neste patamar após a disputa presidencial no país vizinho, que elegeu, no domingo (19), o ultraliberal Javier Milei. “Agora que Milei vai mostrar ao que veio, quais são as suas ideias e como ele vai dirigir a Argentina”, disse. O presidente da Fiergs é cético quanto algumas ideias defendidas pelo ultraliberal durante campanha, como a dolarização da economia do país e o fechamento do Banco Central. “Para o Milei dolarizar a Argentina, precisaria de cerca de US$ 100 bilhões de reservas de dólares, algo que o país não possui. Já terminar com o Banco Central não depende apenas dele, é uma decisão que passa pelo Congresso”, analisa. Ainda sobre a relação comercial entre os dois países, Petry espera que, além da Argentina permanecer como um dos principais parceiros, o novo líder consiga solucionar alguns entraves existentes nas transações comerciais e sugere, por exemplo, reduzir as barreiras não tarifárias aplicadas pelos vizinhos. Ele cita também os sucessivos atrasos de pagamento como algo que têm impactado o comércio bilateral.“A Argentina precisa se estabilizar em termos macroeconômicos, fazer tipo um ‘plano real’ ao modo deles e aumentar as suas reservas de dólares. Acredito que isso sim motivaria um crescimento das exportações brasileiras e gaúchas para lá”, aponta. Sobre a ideia de rever a posição do Mercosul apontada por Milei durante a campanha, o presidente da Fiergs espera que o movimento na nova gestão seja de fortalecimento e modernização do bloco econômico que reúne países sul-americanos e não o contrário.“Queremos continuar comprando deles e vendendo pra eles. O Milei pode até dizer que não vai negociar com o (presidente) Lula ou com a China, por não negociar com comunista, mas para quem então ele venderia a carne argentina?”, questiona.
A Argentina é, atualmente, a principal origem das importações gaúchas e o terceiro maior destino das exportações do Estado. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, a expectativa é de que a relação comercial, ao menos, se mantenha neste patamar após a disputa presidencial no país vizinho, que elegeu, no domingo (19), o ultraliberal Javier Milei. “Agora que Milei vai mostrar ao que veio, quais são as suas ideias e como ele vai dirigir a Argentina”, disse.

O presidente da Fiergs é cético quanto algumas ideias defendidas pelo ultraliberal durante campanha, como a dolarização da economia do país e o fechamento do Banco Central. “Para o Milei dolarizar a Argentina, precisaria de cerca de US$ 100 bilhões de reservas de dólares, algo que o país não possui. Já terminar com o Banco Central não depende apenas dele, é uma decisão que passa pelo Congresso”, analisa.

Ainda sobre a relação comercial entre os dois países, Petry espera que, além da Argentina permanecer como um dos principais parceiros, o novo líder consiga solucionar alguns entraves existentes nas transações comerciais e sugere, por exemplo, reduzir as barreiras não tarifárias aplicadas pelos vizinhos. Ele cita também os sucessivos atrasos de pagamento como algo que têm impactado o comércio bilateral.

“A Argentina precisa se estabilizar em termos macroeconômicos, fazer tipo um ‘plano real’ ao modo deles e aumentar as suas reservas de dólares. Acredito que isso sim motivaria um crescimento das exportações brasileiras e gaúchas para lá”, aponta.

Sobre a ideia de rever a posição do Mercosul apontada por Milei durante a campanha, o presidente da Fiergs espera que o movimento na nova gestão seja de fortalecimento e modernização do bloco econômico que reúne países sul-americanos e não o contrário.

“Queremos continuar comprando deles e vendendo pra eles. O Milei pode até dizer que não vai negociar com o (presidente) Lula ou com a China, por não negociar com comunista, mas para quem então ele venderia a carne argentina?”, questiona.

Setor de calçados demonstra preocupação com eleição de Milei

A Argentina é o principal destino do calçado brasileiro no exterior. Entre janeiro e outubro, a Argentina importou 12,9 milhões de pares brasileiros por US$ 202,9 milhões, resultado 10% inferior em volume e 28,7% superior em receita na relação com o mesmo período do ano passado, conforme dados transmitidos pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

Para o presidente da entidade, Haroldo Ferreira, a eleição de Javier Milei para a presidência da Argentina aponta para um cenário incerto. “Estamos monitorando, principalmente, a questão do Mercosul. Caso ocorra uma ruptura do bloco, em função do novo governo argentino, como apontam alguns analistas, teremos sim um problema mais grave, já que o calçado brasileiro, que hoje entra com tarifa zero, teria uma taxa de 35% para entrar no país vizinho”, alerta. 
Por outro lado, conforme Ferreira, o viés ultra-liberal de Milei pode auxiliar na queda de barreiras que hoje existem para aquele mercado, especialmente no que se refere às licenças de importação. “Mas aí a questão recairia na capacidade de pagamentos diante da necessidade de preservação das parcas reservas internacionais da Argentina. É um cenário ainda muito incerto, mas que estamos acompanhando com atenção”, conclui.

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