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Fórum Econômico

- Publicada em 09 de Novembro de 2023 às 19:36

Desaceleração populacional compromete desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul

Em 10 anos, a população gaúcha deve começar a produzir em velocidade reduzida; as indicações, portanto, estão na atenção à Previdência Social

Em 10 anos, a população gaúcha deve começar a produzir em velocidade reduzida; as indicações, portanto, estão na atenção à Previdência Social


EVANDRO OLIVEIRA
Com um olhar provocativo sobre o cenário da economia gaúcha, o último painel do Fórum Econômico partiu de uma análise conjuntural das últimas décadas para traçar perspectivas sobre a participação do Rio Grande do Sul em relação ao desenvolvimento do País. Entre as causas da queda da participação do Estado no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, os especialistas apontaram a redução no saldo populacional e o envelhecimento dos habitantes.
Com um olhar provocativo sobre o cenário da economia gaúcha, o último painel do Fórum Econômico partiu de uma análise conjuntural das últimas décadas para traçar perspectivas sobre a participação do Rio Grande do Sul em relação ao desenvolvimento do País. Entre as causas da queda da participação do Estado no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, os especialistas apontaram a redução no saldo populacional e o envelhecimento dos habitantes.
Se o crescimento demográfico do Rio Grande do Sul apresentou uma média anual de 1,21% positivo no período de 1991 a 2000 e de de 0,49% no período de 2000-2010, o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou um acréscimo de apenas 0,14% na taxa. Ou seja, em 12 anos, o Estado passou de 10.693.929 para 10.880.506 habitantes.

Igor Morais, economista-chefe da Vokin Investimentos

Igor Morais, economista-chefe da Vokin Investimentos


EVANDRO OLIVEIRA
Na avaliação do economista-chefe da Vokin Investimentos, Igor Morais, isso se deve à redução de nascimentos e à migração, "que são uma tendência mundial e estão ocorrendo em níveis mais acelerados por aqui". Diante disso, pontuou o especialista, "não há como fugir das consequências, e a principal delas é o envelhecimento dos cidadãos".

De acordo com Morais, o Brasil perdeu a taxa de reposição populacional (que é de 2,1 filhos por mulher) em 2010, "mas no Estado a redução de fecundidade começou mais cedo". Somado a isso, a expectativa de vida, que em 2000 era de 68,6 anos, passou para 72,4 anos em 2010 (IBGE, 2016). Dessa forma, ele aponta duas importantes preocupações: o investimento na capacidade hospitalar e a melhoria na Educação.

"Nesse ritmo, em 10 anos, a população gaúcha deve começar a produzir em velocidade reduzida. As indicações, portanto, estão na atenção à previdência social. Na outra ponta, a melhoria na qualificação dos profissionais que irão ingressar em um mercado no qual sobrarão vagas", destacou Morais.

André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi

André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi


EVANDRO OLIVEIRA
O economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes, acredita que o Rio Grande do Sul "pagou o preço por ter começado a se desenvolver antes dos demais e por ser mais industrializado".

Mas, para ele, o Estado acabou prejudicado pela guerra fiscal, perdendo alocações de investimento e de capital. "Isso acontecia porque sempre fomos mais produtivos, por termos um excelente capital humano. Mas não há capital humano que resista a 30%, 35% de benefício tributário de produzir em outro local", analisou o profissional.

De positivo, Nunes destaca o atual governo estadual. "Passamos por má administração das contas públicas, de 2000 a 2020 fomos o Estado que menos cresceu no País. Mas eu olho pra frente e tenho mais esperança, pois temos uma revolução na forma de produzir, e não falo nem só pelo viés industrial. Se a gente conseguir condições para que essas pessoas fiquem aqui, acho que há uma grande oportunidade pela frente."

Aod Cunha, economista e ex-secretário da Fazenda do RS

Aod Cunha, economista e ex-secretário da Fazenda do RS


EVANDRO OLIVEIRA
Nesse sentido, o economista Aod Cunha aposta nos benefícios das recentes reformas previdenciárias e administrativas pelas quais o Estado passou nos últimos tempos. "Embora tenhamos um ponto de partida muito ruim, uma dívida sobre a receita, que é o maior entre todos os estados, paramos de afundar, mas vamos continuar tendo uma pressão fiscal muito grande, que limita a capacidade do setor de fazer investimentos", analisou.

Aod também voltou a atenção para a questão do envelhecimento da população. "As pessoas ainda não entenderam a velocidade disso, o Brasil faz a sétima/oitava mais rápida transição demográfica do mundo. E o Rio Grande do Sul já fez essa transição, o crescimento da oferta de trabalho com o crescimento demográfico vai ser um fator favorável. Mais do que isso, se a gente olha para os fluxos migratórios, os dados recentes, essa mão de obra precisa ser mais qualificada, essa é chave", finalizou o economista.

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