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Economia

BANCO CENTRAL

- Publicada em 22 de Maio de 2023 às 18:06

Mudança de meta pode ser interpretada como mudança para ganhar flexibilidade, diz Campos Neto

O presidente do BC destacou que há uma discussão global sobre o tema em meio ao choque inflacionário da economia

O presidente do BC destacou que há uma discussão global sobre o tema em meio ao choque inflacionário da economia


JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou nesta segunda-feira (22), tecer avaliações sobre uma possível mudança da sistemática de meta de inflação de ano-calendário para contínua, como vem sendo defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em seminário do jornal Folha de S.Paulo, ele disse que o processo é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), onde o BC tem apenas um voto, mas voltou a alertar para movimentos em momentos de questionamentos, o que podem trazer desdobramentos negativos."Faz parte das regras do jogo o governo definir a meta que quer ter e o BC ter as ferramentas de forma autônoma para perseguir inflação. Seria muito conflituoso o BC decidir própria meta", disse Campos Neto. "O governo tem autonomia para decidir a meta, o BC atua como conselheiro. Não cabe ao BC comentar se uma é melhor que a outra", completou.Campos Neto afirmou, porém, que é preciso se atentar para as alterações que são feitas em momentos de "questionamento". "Às vezes, mudanças feitas para gerar eficiência podem ser interpretadas como mudanças para ganhar flexibilidade. Temos elementos históricos de que esse não é caminho. Melhor caminho é perseguir a meta e melhorar eficiência do regime", disse, citando o caso da Argentina, onde as expectativas inflacionárias e a inflação subiram e o câmbio despencou.Sobre uma elevação do nível da meta, o presidente do BC destacou que há uma discussão global sobre o tema em meio ao choque inflacionário da economia. Alguns defendem a mudança, enquanto outros argumentam que a alteração poderia gerar a impressão errada, aumentando os prêmios de riscos das expectativas ante a meta. "O BC debateu isso internamente e entende que mudar a meta para cima não traria flexibilidade", repetiu. 
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou nesta segunda-feira (22), tecer avaliações sobre uma possível mudança da sistemática de meta de inflação de ano-calendário para contínua, como vem sendo defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em seminário do jornal Folha de S.Paulo, ele disse que o processo é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), onde o BC tem apenas um voto, mas voltou a alertar para movimentos em momentos de questionamentos, o que podem trazer desdobramentos negativos.

"Faz parte das regras do jogo o governo definir a meta que quer ter e o BC ter as ferramentas de forma autônoma para perseguir inflação. Seria muito conflituoso o BC decidir própria meta", disse Campos Neto. "O governo tem autonomia para decidir a meta, o BC atua como conselheiro. Não cabe ao BC comentar se uma é melhor que a outra", completou.

Campos Neto afirmou, porém, que é preciso se atentar para as alterações que são feitas em momentos de "questionamento". "Às vezes, mudanças feitas para gerar eficiência podem ser interpretadas como mudanças para ganhar flexibilidade. Temos elementos históricos de que esse não é caminho. Melhor caminho é perseguir a meta e melhorar eficiência do regime", disse, citando o caso da Argentina, onde as expectativas inflacionárias e a inflação subiram e o câmbio despencou.

Sobre uma elevação do nível da meta, o presidente do BC destacou que há uma discussão global sobre o tema em meio ao choque inflacionário da economia. Alguns defendem a mudança, enquanto outros argumentam que a alteração poderia gerar a impressão errada, aumentando os prêmios de riscos das expectativas ante a meta. "O BC debateu isso internamente e entende que mudar a meta para cima não traria flexibilidade", repetiu. 

Para Campos Neto, combustíveis ajudaram na queda das projeções para inflação no Focus

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou nesta segunda-feira, 22, em seminário do jornal Folha de S.Paulo, as expectativas de inflação do Boletim Focus. Para 2023, a mediana tombou de 6,03% para 5,80% nesta segunda, de acordo com ele "muito em função de preços de combustíveis". Na semana passada, a Petrobras anunciou nova política de preços de combustíveis e queda nos valores cobrados por gasolina, diesel e gás de cozinha.

O presidente do BC ainda avaliou que as expectativas de inflação longa "colaram" em 4% e estão persistentes. Segundo ele, a permanência dessas expectativas de 2025 e 2026 em 4%, longe do centro da meta de 3%, deve-se principalmente à incerteza sobre a meta de inflação, com "debate do governo".

Mas há efeitos relacionados ao fiscal, que, segundo ele, está sendo endereçado e ruídos entre governo e BC que leva à incerteza sobre o cumprimento dos objetivos pela autoridade monetária. "O tema da meta é predominante hoje. Mas já elementos para ver expectativas de inflação caindo", avaliou.

Segundo Campos Neto, a inflação brasileira atualmente se situa abaixo da média mundial. "Não que a inflação brasileira esteja dentro da meta, mas inflação global subiu muito", disse, completando que os núcleos de inflação, em 7,5% em termos anualizados, ainda estão muito acima da meta.