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Energia

- Publicada em 15 de Maio de 2023 às 18:56

Geração de energia no RS sofre com estagnação sem entrada em operação de novos projetos em 2023

Santana do Livramento é um dos municípios gaúchos com usinas em construção neste ano

Santana do Livramento é um dos municípios gaúchos com usinas em construção neste ano


Divulgação CGT Eletrosul/Vanderlei Tecchio/JC
Jefferson Klein
Jefferson Klein
O Brasil encerrou abril com em torno de 191,7 mil MW de capacidade de geração de energia instalada no Brasil. Nos primeiros quatro meses do ano, foram acrescidos mais cerca de 3,3 mil MW na matriz elétrica nacional a partir de novas usinas (sem contar a geração distribuída, em que o consumidor produz sua própria energia), entretanto nenhuma parcela dessa potência foi oriunda de empreendimentos gaúchos.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no quadrimestre, 86,34% da expansão na capacidade instalada no País foi sustentada apenas por complexos eólicos e solares fotovoltaicos. Um total de 104 usinas iniciou a operação comercial nesse período, em 15 estados das cinco regiões brasileiras. Em ordem decrescente, apresentaram maiores resultados os estados de Minas Gerais (1.057,8 MW), Rio Grande do Norte (687,4), Bahia (567,1 MW) e Piauí (314,9 MW).
Até o momento, nenhuma usina no Rio Grande do Sul entrou em operação comercial em 2023, mas, segundo dados da Aneel, o Estado apresenta hoje oito plantas em construção: quatro parques eólicos (que somam cerca de 153 MW) e quatro pequenas centrais hidrelétricas (que totalizam em torno de 47 MW). Enquanto as unidades alimentadas com vento serão implementadas nos municípios de Rio Grande e Santana do Livramento, as que aproveitam os recursos hídricos abrangerão as cidades de André da Rocha, Muitos Capões, Ijuí, Quevedos, São Martinho da Serra, Ibirapuitã e Tio Hugo. O maior desses complexos, com 100,8 MW, é o parque eólico Coxilha Negra 2, da CGT Eletrosul, em Santana do Livramento, onde a empresa já possui a geração de energia através dos ventos.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, esses 200 MW em construção são um patamar baixo para o potencial energético do Rio Grande do Sul. “Mas, é um início de alento, a gente já esteve pior”, aponta. Ele considera que boa parte da dificuldade enfrentada é devido aos problemas no escoamento de energia verificados nos anos recentes. “Ainda pagamos esse preço”, comenta o dirigente.
Um conjunto robusto de obras de transmissão no Estado, cujo direito de implantação foi conquistado pela Eletrosul em 2014, atrasou. A companhia, devido a dificuldades financeiras, não levou os projetos adiante e eles tiveram que ser relicitados. Parte desses complexos entrou em operação comercial nos últimos meses e outras estruturas também começarão a estar ativas em breve.
Além desse atraso das obras de transmissão, Sari ressalta que outro ônus encarado pelos gaúchos é não terem se organizado para a consolidação de uma cadeia industrial local para as energias renováveis, como o Nordeste fez em relação à produção eólica. A questão de licenciamento ambiental, no que diz respeito a hidrelétricas, por exemplo, também é um fator que pode complicar o desenvolvimento dessas iniciativas no Rio Grande do Sul. “Falta um engajamento e um planejamento mais bem executado no sentido de como licenciar essas usinas”, diz o presidente do Sindienergia-RS.
Sari prevê que, como os projetos de energia são de longo prazo, a situação no Estado possa melhorar entre 2026 e 2028. O dirigente informa que, em média, 70% do consumo de energia no Rio Grande do Sul é atendido por usinas gaúchas e o restante vem de fora do Estado. Além de dar mais segurança ao abastecimento da região, empreendimentos locais, reforça o presidente do Sindienergia-RS, propiciam emprego, renda e tributos.
O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, complementa que o acréscimo de novos volumes de geração de energia dentro do setor elétrico não é algo que ocorre “do dia para a noite”. Ele frisa que é preciso um vasto planejamento, que implica anos. “Esse planejamento de Estado, junto com a iniciativa privada, está devagar”, considera o dirigente.

Insegurança jurídica é um dos obstáculos a serem superados

Conforme o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, o Rio Grande do Sul não vem se preparando para novas gerações de energia. Ele acrescenta que o setor energético também enfrenta inseguranças regulatórias, que atrapalham o desenvolvimento de um maior número de empreendimentos. “O investidor precisa ter segurança que seu aporte depois de 15 anos, 20 anos, tenha efetivamente o retorno”, assinala o dirigente.
Apesar das dificuldades, Menzel destaca que há fatores que permitem ser otimista quanto ao futuro energético do Estado. “A boa notícia é que temos um enorme potencial para gerar energia”, sustenta o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura.
Atualmente, o órgão regulador indica que 83,55% da matriz elétrica do País é considerada renovável. A agência atualiza diariamente os dados de geração por meio do Sistema de Informações de Geração da Aneel, o SIGA. Ele apresenta dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção.