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Economia

- Publicada em 17 de Junho de 2021 às 16:35

Cais Mauá desperta interesse de investidores internacionais, diz CEO de consórcio

'O primeiro e mais importante sujeito a ser ouvido é a sociedade', pontua o CEO do Revitaliza

'O primeiro e mais importante sujeito a ser ouvido é a sociedade', pontua o CEO do Revitaliza


MARIANA ALVES/JC
Patrícia Comunello
Nem bem o modelo de como será a exploração do Cais Mauá foi desenhado e o potencial da porção mais degradada de Porto Alegre já desperta atenção internacional.
Nem bem o modelo de como será a exploração do Cais Mauá foi desenhado e o potencial da porção mais degradada de Porto Alegre já desperta atenção internacional.
"Já fomos procurados por um grupo com sede em Londres, por um banco coreano e um chinês e quatro fundos de investimentos de capital externo. Um deles está insistindo bastante", descreve Paulo Roberto Almeida Lima, CEO da Patrinvest, líder do consórcio Revitaliza.
O consórcio venceu a concorrência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fazer estudos de mercado e arquitetônicos, detalhar características, vocação, forma de exploração do cais e captar expectativas da comunidade, o que começou esta semana.
"O primeiro e mais importante sujeito a ser ouvido é a sociedade", reforça Lima, destacando o nível de exigência do BNDES, que vê na modelagem para o futuro do ativo público porto-alegrense uma referência de reconversão de áreas decadentes pelo País.
O banco firmou acordo com o Estado para estruturar a oferta da área ao setor privado, prevista para ocorrer até março ou abril de 2022. "Temos um compromisso seríssimo de fazer algo que dê certo, avisa, na entrevista a seguir:  
Jornal do Comércio - Dizem, e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, é um deles, que tem um sapo enterrado aqui no Cais Mauá, por isso não deu certo a concessão recente.
Paulo Roberto Almeida Lima - Por que não deu certo? Às vezes, pode não ter dado certo porque a ideia original foi desviada. A gente não sabe. Temos um compromisso seríssimo, e é com o BNDES, que cobra as entregas com uma rigidez muito grande, de fazer algo que dê certo. E dificilmente não dará. O banco cobra diariamente da gente. Temos, em média, quatro reuniões por semana, para passar item por item do projeto. O banco de dados é atualizado a cada hora para que todos os participantes possam se atualizar a qualquer momento. O processo está muito bem elaborado, cobrado e trabalhado.   
JC - A equipe é multidisciplinar?
Lima - Sim, são dois arquitetos acompanhando, um aqui e outo em São Paulo ligado ao escritório Dal Pian, que tem projetos no Brasil e outros lugares do mundo. Tem empresa de licenciamento ambiental, outras de estruturação financeira, de pesquisas de mercado e na área jurídica, que tem o escritório Machado Meyer, o maior do Brasil, com 800 advogados. Não precisa ser o maior, mas precisa saber resolver os problemas. Cada uma das empresas é líder em seus segmentos.  
JC - Vocês já desenvolveram projetos como este de revitalização de uma área portuária com características de patrimônio histórico? 
Lima -  Não, mas cada projeto é único. O que é importante é que este não é um projeto da Patrivest ou do consórcio Revitaliza, mas do BNDES. As entregas estão sendo feitas. Um dos itens definidos tem 136 páginas. Nossa missão é descrever tudo que compõe a região minuciosamente, desde o solo, a história, a vocação e a questão do muro, que é discutido e qual será a solução. O BNDES vai processar as informações e propor a melhor solução, se é venda, concessão ou parceria público privada (PPP), dentro desse conjunto de variáveis. O desafio é ter um projeto que a população apoie e que tenha alguém disposto a pagar a conta.     
JC - Qual é o potencial que esta área tem e que perfil de empreendimento pode ter aqui? 
Lima - O desafio é ter um projeto sustentável do ponto de vista econômico e que gere uma atividade. Quando entrega um projeto interessante com viés econômico, vai gerar empregos, tributos, vai ser um vetor de desenvolvimento. Prédios hoje degradados entram em processo de reforma. A qualidade dos locatários dos edifícios aumenta também. Ou seja: o que implantar aqui vai irradiar para o entorno. E que tipo de projeto? Dá para fazer um Porto Madero (Buenos Aires)? Seria o ideal, mas a área na capital argentina ocupa uma área que é uma fração do Cais Mauá. Vamos apresentar as alternativas que façam sentido, de um lado, para o mercado e investidores, e, de outro, que a comunidade ache razoável.
Lima - Dá para fazer, mas não dá para encher de residências, assim como de áreas comerciais. Isso tudo vai ser apresentado pelos arquitetos do Dal Pian, compondo um mix. Para se ter uma ideia da complexidade, o estudo de vocação, que já está pronto, tem 400 páginas. O material será apresentado em breve.
JC - As soluções aqui podem ser referência para outros equipamentos que aguardam revitalização?
Lima -  A ideia do BNDES é que o Cais Mauá seja um divisor de águas para implantar as soluções em mais locais degradados para serem recuperados, portos ou não. O trabalho segue uma governança que deve observar a transparência do projeto, uma preocupação reforçada pelo governador Eduardo Leite e pela prefeitura. Um projeto que tem de ser bom e legal para a cidade. 
JC - Mesmo tendo pela frente um novo projeto, com estes cuidados que o senhor citou, o passado recente de fracasso da concessão vira um estigma, um risco? 
Lima - O fato de ter tido uma relação traumatizante não vai te preparar para sempre ter isso, mas talvez para não cair nas mesmas armadilhas. Há a preocupação de fazer coisas diferentes. Se em algum momento houver um sombramento, vai se fazer tudo o mais transparente possível. Acredito que a sociedade vai chegar a um acordo sobre a melhor opção. 
JC - A questão do muro tem uma encomenda especial de solução feita pelo governador. Já tem algum caminho? 
Lima - Vão ser apresentadas alternativas para a barreira. A equipe do Dal Pian estará aqui para o seminário de vocação, quando vai se falar sobre isso. Os estudos estão sendo feitos. 
JC - Como está o nível de interesse do mercado para este tipo de empreendimento?
Lima - Já fomos procurados por um grupo com sede em Londres, com representação em São Paulo, por um banco coreano e um chinês e quatro fundos de investimentos de capital externo. Um deles está insistindo bastante. Também tem mais dois fundos de investimento brasileiros que mostraram interesse, mas ainda não foi apresentado nada para eles. O primeiro e mais importante sujeito a ser ouvido é a sociedade, que é o que estamos fazendo agora. Uma coisa posso garantir: dificilmente eu tenha visto, e estou há bastante tempo na estrada, preocupação para que seja tudo bem organizado, com metodologia para garantir que se tenha algo muito fluido lá na frente. Quanto mais transparente for o projeto, melhor para se colocar o dinheiro. Ninguém quer correr riscos (investidores). O BNDES nos autorizou a ouvir os grupos interessados a partir de agosto. Mas, independentemente de qual investidor for, ele passará pelo processo licitário de igual para igual com outros que se habilitarem no lelião.
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