Faltando menos de uma semana para o início da 71ª Feira do Livro de Porto Alegre, o coração cultural da cidade vê avançar a montagem das estruturas para o evento. O som de martelos e o brilho das soldadeiras nas mãos dos trabalhadores contratados para erguer os estandes enche o espaço para deixar tudo pronto. A mostra literária começa na sexta-feira (31) e segue até o dia 16 de novembro, na Praça da Alfândega.
Na tarde deste sábado (25), o ritmo era menor, com apenas alguns comércios ajustando as barracas e imprimindo já um ambiente de pré-festa. A maioria das bancas, com seus esqueletos já em pé, ficou parada. Mas alguns livreiros, já personagens tradicionais da feira, não conseguem mesmo ficar apartados.
Exemplo disso é a família Almansa. O livreiro Ivo Alberto tem mais de quatro décadas de envolvimento com a mostra. Responsável pelas livrarias Martins Livreiro e Erico Verissimo, cujos estandes nesta edição estão posicionados quase frente a frente em um dos corredores centrais, ele supervisionava o trabalho da esposa e dos filhos na preparação dos espaços. Serão eles à frente dos estandes ao longo da feira, enquanto Ivo permanecerá na livraria, localizada na rua Riachuelo, 1.300.
“A feira na praça é uma rotina que eu já não comando. Mas desde um mês antes já estamos todos envolvidos na preparação, escolhendo títulos, saldos, remarcando preços. É bastante cansativo, mas o resultado compensa o esforço. O faturamento da mostra garante a sustentação da livraria até março do ano seguinte, quando se inicia o período letivo”, conta Almansa.
Para esta edição, obras sobre as Missões Jesuíticas, que completam 400 anos, e sobre o Rio Grande do Sul devem ganhar destaque e visibilidade. Isso porque a demanda por esses conteúdos é grande, projeta.
O comerciante é o mais antigo na feira, e no ano passado recebeu pela Martins Livreiro uma homenagem dos organizadores. A livraria está na mostra desde a primeira edição, antes conduzida por Manoel dos Santos Martins, ex-sogro de Almansa, que adquiriu o negócio em 1980.
Ele destaca que a feira ganhou profissionalismo ao longo do tempo, com estruturas que ajudam os estandes a vender. E lembra que no passado foi preciso, muitas vezes, botar a mão na massa e até mesmo desentupir bueiros em dias chuvosos. “No começo, eram apenas 7 bancas. Hoje o número é muito maior. E esperamos uma grande mostra em 2025”, finaliza o comerciante.