Os ingressos para o show do cantor e compositor baiano Mateus Aleluia esgotaram quase instantaneamente assim que foram disponibilizados ao público. E tinha fila de espera no Salão de Atos da Ufrgs na noite de terça-feira 16 de setembro, quando ocorreu a apresentação que integra o Projeto Unimúsica, da universidade.
Grisalho, Aleluia entrou no palco às 20h15min, vestido todo de branco, caminhando lentamente e amparado pelo percussionista Mimmo Ferreira, que o acompanhou no show. Recebeu uma salva de palmas avassaladora, com o público de pé, aplaudindo até o momento em que o músico sentou-se no seu banquinho, já com as luzes do teatro apagadas.
Com um cenário minimalista, Aleluia ganhou a plateia logo nas primeiras canções, com seu vozeirão e um dedilhar de viola que lembra um mantra. A percussão de Mimmo Ferreira foi uma atração extra, com equipamentos e sons diferenciados lembrando a natureza.
Depois de um momento de "hipnose coletivo", Aleluia pediu participação e logo ganhou a plateia entusiasmada, cantando algumas canções dos mais de 60 anos de carreira do artista, especialmente no refrão do clássico Cordeiro de Nanã, famoso na interpretação do trio vocal Os Tincoãs: "Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê / Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê".
Apresentação foi marcada por muitos momentos de interação entre público e palco
Bruna Fraga/Divulgação/JC
Aleluia, por sinal, como diz a letra da própria canção, avisou que não era cordeiro, em uma de suas falas acompanhadas pelo violão. Fez diversas referências à luta do povo negro contra a escravidão e apresentou canções que musicou a partir de textos de autores africanos.
Alguém da plateia gritou: "Viva os Lanceiros Negros!", em referência aos combatentes da Revolução Farroupilha. Foi a deixa para mais uma salva de palmas estrondosa e um novo discurso de Aleluia, que tinha no público mais do que uma parceria animada que o energizava, mas uma verdadeira torcida. "Que público é esse, gente? Estou muito feliz, muito feliz..."
Depois de mais de uma hora de canções, Aleluia, mais de 80 anos de idade, brincou com sua dificuldade de locomoção e disse que não levantaria e voltaria para o bis, ao que o público reagiu com pedido de “mais um!, mais um!”. Que veio, fechando quase uma hora e meia de espetáculo que deixou quem foi ao Salão de Atos com um sorriso de alegria no rosto após um show memorável.