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Publicada em 05 de Setembro de 2025 às 19:27

Gilberto Gil recebe título de Doutor Honoris Causa da Ufrgs

Gilberto Gil recebe título de Doutor Honoris Causa da Ufrgs | CULTURA

Gilberto Gil recebe título de Doutor Honoris Causa da Ufrgs | CULTURA

Flávio Dutra/Divulgação/JC
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Amanda Flora
Amanda Flora
Sob uma extensa salva de palmas, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A cerimônia aconteceu na tarde desta sexta-feira (5), perto das 14h30min, no Centro Cultural da Universidade, com uma mesa formada pelas presenças da reitora Marcia Barbosa, o Vice Reitor, Pedro Costa e o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs (IFCH), Vitor Queiroz, na ocasião, orador da cerimônia.
Sob uma extensa salva de palmas, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A cerimônia aconteceu na tarde desta sexta-feira (5), perto das 14h30min, no Centro Cultural da Universidade, com uma mesa formada pelas presenças da reitora Marcia Barbosa, o Vice Reitor, Pedro Costa e o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs (IFCH), Vitor Queiroz, na ocasião, orador da cerimônia.
Gil chegou ao auditório Ipê do Centro Cultural ao som da clássica Palco e após a execução do hino nacional, o orador do doutoramento leu o texto de justificativa. “Gil recebe o título de Doutor Honoris Causa desta Universidade por todos os seus méritos de produção artística e reflexiva, seus inúmeros ensinamentos e por sua atuação social lúcida e necessária, em muitos níveis formais e informais. Que bom que ele nos concede, hoje, a honra de homenageá-lo”, justificou Vitor Queiroz.
A reitora da Ufrgs, Marcia Barbosa, discursou sobre a atuação da Universidade em diversos setores da sociedade e apresentou a instituição ao compositor, agora também doutor. Em momento curioso, a reitora, que também é física, dividiu sua relação com o artista e a preferência pelo álbum Quanta, lançado por Gil em 1997, com faixas que brincam e relacionam a ciência e a física. “Fazer esta transição de, ora falar do concreto e ora trazer a musicalidade, faz a conexão entre a ciência, que às vezes é tão dura, com a musicalidade da arte. Para fazer este caminho, se tem que ter uma enorme coragem e uma visão de mundo que entende que a ciência não pode ser uma coisa desconectada da arte”, afirmou a reitora.
Após sua fala, Marcia Barbosa entregou o título de Doutor Honoris Causa ao artista sob forte aplauso. Gilberto Gil, fez um discurso improvisado, mas visivelmente grato.  “Possivelmente para fugir desse desassossego de ter que imaginar coisas, adotei esse sossego do silêncio, esse sossego da economia verbal. Que acaba não sendo cumprida, porque apesar de ter vindo aqui para não dizer nada, acabou dizendo um tanto de coisa”, disse o compositor, bem-humorado.
Surpreso com a lembrança da reitora em mencionar a obra Quanta, o cantor parafraseou a canção, “quanta do latim, plural de quantum, quando quase não há quantidade que se medir, qualidade que se expressar”. E dividiu com o público seu interesse pela física, ao explicar o significado da sua composição ao utilizar o conceito de quanta: “no campo da especulação da expressão de realidade no mundo físico, admitimos que, o que é, pode, ao mesmo tempo, não ser. E o que está, pode, ao mesmo tempo, não estar”.
Gil também dividiu o sentimento de receber a titulação da instituição e agradeceu o público presente. “Vocês vieram aqui pelo fato de atribuírem importância aos pequenos gestos, a esses gestos permanentes do cotidiano. De compreenderem a importância das pessoas para além do que elas fazem, pelo fato de que, tudo o que elas fazem tem importância para si e para todos. Muito obrigado a vocês em si, e a vocês em mim”, finalizou Gilberto Gil, que foi embora do local sob o coro da música Andar com Fé.
A concessão do título a Gil foi aprovada pelo Conselho Universitário em abril deste ano e surgiu de uma proposição do Departamento de Antropologia do IFCH. Na proposta, a justificativa para o doutoramento vai além da primorosa contribuição de Gil a música brasileira com suas composições, mas parte de sua relevância histórica e prestígio nacional e internacional, sua postura ética e defesa da democracia. No texto, é citada a sua participação nos principais festivais de música dos anos de 1960 e 1970, o protagonismo no movimento tropicalista, a resistência durante o regime militar (1964 – 1985), que resultou no seu exílio em 1968, e sua contribuição ativa durante os cinco anos como Ministro da Cultura do Brasil, de 2003 a 2008 — período do primeiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva.
Gilberto Gil segue na Capital gaúcha até pelo menos este sábado (6), onde faz o show da sua última turnê, Tempo Rei, no estádio Beira-Rio.

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