"Porto Alegre é uma cidade de que gosto muito. Sempre teve uma vibração cultural muito forte". Foi assim que Gilberto Gil falou sobre a última vez em que esteve na capital gaúcha. Agora, ele retorna para a apresentação de sua última turnê, Tempo Rei, neste sábado (6), no Estádio Beira-Rio (Padre Cacique, 891). Vale lembrar que este é o único show da tour agendado para a região Sul do País. Ainda há ingressos disponíveis no site da Eventim.
Com uma estrutura imponente, que ajuda a contar uma história, através de uma narrativa que não é linear — afinal o tempo jamais foi óbvio na perspectiva da obra de Gil. Antes de cantar Aqui e Agora, ele costuma afirmar: “essa é a despedida dos grandes espetáculos que venho fazendo nesses 60 anos. Estarmos aqui juntos é o sentido profundo de eu ter me dedicado a essa carreira”.
Outras características que marcaram a carreira de Gilberto Gil para além da música surgem na turnê Tempo Rei, como a presença de filhos, netos e familiares na banda que roda o País ao seu lado. Este, inclusive, é um dos primeiros shows que o artista faz após a morte de sua filha, a cantora Preta Gil. O caráter agregador, generoso e curioso ao novo se reflete nas participações especiais que Gil já recebeu desde a estreia da turnê.
Vale lembrar que as participações de convidados são sempre uma surpresa para o público, já que os nomes não são revelados com antecedência. Chico Buarque e Caetano Veloso são dois de seus parceiros musicais que estiveram presentes na passagem da tour pelo Rio de Janeiro — cidade que também teve Marisa Monte em uma ocasião. Russo Passapusso e Liniker estiveram em Salvador e São Paulo, respectivamente, representando a nova geração de artistas nacionais.
No repertório, cerca de 31 canções que fizeram a história do Brasil nos últimos 60 anos — tempo de carreira do artista —, como a baladinha de Palco, a homônima da turnê, Tempo Rei, a frenética e dançante Bate Macumba e Toda Menina Baiana, que homenageia às mulheres da terra do artista. Um dos momentos mais aguardados é a interpretação da música Drão, canção escrita para a ex-mulher do artista, Sandra Gadelha e favorita de Preta Gil. No dia 4 de abril, Preta protagonizou um dos momentos mais emocionantes da turnê ao cantar Drão ao lado do pai. Aquela foi sua última aparição nos palcos.
Com direção artística de Rafael Dragaud, direção musical de Bem Gil e José Gil e acompanhado por uma mega banda recheada de nomes celebres da música brasileira, Gilberto Gil faz deste espetáculo uma celebração da entidade mais intrigante da experiência humana: o tempo. Lembrando que, para Gil, o tempo é simplesmente o agora. E essa é a proposta do artista: embaralhar as cartas de sua própria história e viver junto o público um espetáculo que o Brasil e o mundo irão guardar para sempre na memória.