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Publicada em 14 de Agosto de 2024 às 01:25

Tempo de reencontro com a cultura: Casa Mário Quintana reabre nesta quarta

Exposição com fotos de Gideon Mendel é uma das atrações da reabertura da CCMQ, nesta quarta-feira

Exposição com fotos de Gideon Mendel é uma das atrações da reabertura da CCMQ, nesta quarta-feira

/ASCOM CCMQ/DIVULGAÇÃO/JC
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Maria Eduarda Zucatti Repórter
Depois de quase quatro meses fechada, a Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, nº 736) voltará a abrir portas e corredores aos gaúchos. O evento na Travessa dos Cataventos, nesta quarta-feira, às 18h30min, marcará a retomada das atividades, com um show da cantora Jessie Jazz às 19h30min e o lançamento da exposição Reflexos da Emergência, produzida pelo fotógrafo sul-africano Gideon Mendel, que visitou o Estado durante a catástrofe e registrou momentos de angústia vividos pela população gaúcha. Aberta ao público, a reabertura promete unir celebração e reencontro da comunidade com o centro cultural. O festejo contará com a participação de autoridades, de representantes de patrocinadores e de apoiadores da CCMQ.
Depois de quase quatro meses fechada, a Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, nº 736) voltará a abrir portas e corredores aos gaúchos. O evento na Travessa dos Cataventos, nesta quarta-feira, às 18h30min, marcará a retomada das atividades, com um show da cantora Jessie Jazz às 19h30min e o lançamento da exposição Reflexos da Emergência, produzida pelo fotógrafo sul-africano Gideon Mendel, que visitou o Estado durante a catástrofe e registrou momentos de angústia vividos pela população gaúcha. Aberta ao público, a reabertura promete unir celebração e reencontro da comunidade com o centro cultural. O festejo contará com a participação de autoridades, de representantes de patrocinadores e de apoiadores da CCMQ.
Nascido na África do Sul e radicado em Londres, Gideon Mendel possui grande histórico de fotografias de desastres naturais. O artista é autor de algumas das fotos do artigo Imagens sobre mudanças climáticas que não podem ser esquecidas, da revista americana The New Yorker, e visitou Porto Alegre e região Metropolitana para registrar o momento histórico vivido no mês de maio. As imagens fazem parte do projeto Drowning World (em tradução livre, Mundo se Afogando), que o artista desenvolve desde 2007. Na abertura, Gideon e a Casa de Cultura contarão com a presença de alguns dos personagens das fotos, dispostas nas paredes de entrada do centro cultural. A musicalidade ficará por conta de Jessie Jazz e banda, que já estavam programados para tocar na Casa antes das enchentes. Jessie também foi afetada pela inundação, o que torna o momento ainda mais especial e reconfortante.
Já no dia seguinte, quinta-feira, a Casa volta a abrir em seu horário habitual, de terça-feira a domingo, das 10h às 20h. A semana de comemoração conta também com a inauguração da exposição Nham Nham Nham, do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Macrs), que explora a relação sinestésica entre visão e apetite. A sua abertura estava prevista para a primeira semana de maio, e foi adiada devido às fortes chuvas que iniciavam a catástrofe. A diretora da Casa, Germana Konrath, comenta que nada mais justo do que inaugurar a casa com ela. "Ela ficou montada ali, todo esse tempo pronta para ser aberta, e a gente entende que agora faz todo o sentido reabrir a casa com essa abertura também".
No final de semana, a partir de sexta-feira, iniciam-se as comemorações do Dia Nacional do Patrimônio Cultural. A festa contará com um cortejo, passando por instituições culturais do Centro Histórico da cidade, chegando até a Casa de Cultura. Os andares acima do térreo foram pouco afetados e irão reabrir ao público já nesta semana. "A partir do segundo andar está tudo normalizado. A nossa ideia é justamente poder devolver para a população espaços de cultura", conta Germana.
A volta da Casa de Cultura será gradual, e de acordo com a diretora, por partes. "Estamos trabalhando em blocos, justamente para permitir que algumas entregas fossem feitas antes e não travar tudo ao mesmo tempo". Foi acordado que a ala leste, onde estão localizados os espaços comerciais, como a Livraria Taverna, o restaurante Térreo e a Cinemateca Paulo Amorim, teria prioridade nas obras. Porém, os estabelecimentos ainda estão operando parcialmente, e a livraria, assim como a loja Andaime, seguem em obras de restauração.
A Cinemateca Paulo Amorim, muito afetada pelas enchentes, reabriu na última quinta-feira a sala Eduardo Hirtz, também na ala leste. As outras duas salas, Paulo Amorim e Norberto Lubisco, seguem em obras para melhor receber o público em um futuro próximo. Germana ressalta a importância de seguir reconstruindo o espaço para retomar as atividades com força total. "É bem importante dizer que a gente vai seguir com trabalhos de recuperação na casa ao longo das próximas semanas. Assim, vamos entrar setembro, e talvez ainda o mês de outubro, em obras."
Com o olhar no futuro, a diretora defende que é hora de aprendermos com os erros do passado e construirmos um futuro mais consciente e harmonizado com as obras da natureza. Ainda nos próximos meses, a Casa de Cultura pretende expor, como no Mercado Público da cidade, placas com a cota da água nas enchentes de maio e da localização do Rio Guaíba antes da construção do Centro Histórico. "Tivemos a sensação de que as águas invadiram Porto Alegre, mas a gente não pode esquecer na nossa história o fato de que a gente invadiu a água com as cidades."
Pauta permanente a partir de agora, a relação de homem e natureza será avaliada com mais cuidado e atenção pelo espaço. Seminários, palestras e planos de crise estão no radar da programação da Casa de Cultura, que não deixará que o tempo apague as marcas gravadas em tantas paredes e corações do povo gaúcho.

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