Uma coleção de projetos e fotos das peças desenvolvidas pelo joalheiro, ourives e lapidário Masamitsu Okajima, estão à mostra no espaço cultural Casa Amarela (rua José Gertum, 671) até o final da tarde desta quarta-feira, 7 de agosto. Intitulada Desenhos que ficaram joias raras, a exposição pode ser visitada gratuitamente das 14h às 17h, sem necessidade de agendamento. Fruto de trabalhos desenvolvidos pelo artista ao longo dos últimos 17 anos, as obras reúnem nove pranchas tamanho A2, com desenhos e fotos respectivos; duas pranchas de fotos, uma de desenhos, além de vídeos com os movimentos de algumas peças e que demonstram processos de trabalho do ourives.
Natural do Japão, Okajima veio com a família para o Brasil em 1958, aos oito anos de idade, radicando-se no Rio Grande do Sul. Ele conta que foi na juventude que conheceu a rede de comércio de pedras regional e nacional. "Na época do colégio, tive um colega cuja família era de garimpeiros. Aprendi com ele sobre o beneficiamento de ametistas e citrinos da nossa região e, em 1976, cursei lapidação na Escola do Senai, em Lajeado, onde eu residia."
Posteriormente, o artista aprofundou seus estudos em Gemologia pelo curso de extensão universitária da Ufrgs. "A ourivesaria, resolvi aprender por ser complementar ao ramo", detalha Okajima, que em 1986 fez o curso Ourivesaria Artesanal Tradicional, ministrado pelo ourives Wilmut Scherer. Ele emenda que, ao longo de 54 anos, vem trabalhando com a técnica, que consiste em fundição do metal, laminação, trefilagem de fios, entre outros processos, a partir de ferramentas como martelos, serrinha, limas e brocas. "Construo a estrutura das joias com soldaduras, e faço desde a fundição até o engaste das gemas, que também lapido", explica o ourives. "Nas obras, sempre surgem pequenos detalhes e formas que remetem à estética oriental", observa.
"Fabrico ferramentas específicas, as máquinas de lapidação e aparelhos exclusivos são de minha autoria", detalha Okajima. Esses equipamentos também são utilizados no curso Ourivesaria Artesanal e Lapidação de Gemas - Noções de Gemologia e Classificação de Diamantes, que ele ministra desde 2007. "A técnica que aprendi no Senai era de lapidação manual, mas no meu curso eu utilizo facetadores mecânicos para ter melhor resultado na gema lapidada", pontua. "No facetamento de gemas, ensino técnicas corretas para obter a 'reflexão total'", emenda, destacando que também repassa noções de gemologia e classificação de diamantes, embasado nos estudos da década de 1980 e, "principalmente" no conhecimento que adquirido na prática de anos de comércio de gemas de todo Brasil.
Além de dar aulas (individuais ou para duplas), o artista segue criando joias por encomenda e produzindo o maquinário para lapidação de pedras. Nesta, que é sua primeira exposição individual, ele apresenta ao público desenhos técnicos que utiliza no processo de elaboração das joias encomendadas por seus clientes. "Os desenhos são estudos de proporção, de soluções técnicas e estéticas, e estão à mostra em escala 1:1, em tamanho real", explica Okajima, que, desde 2007, trabalha em seu atelier de ourivesaria e lapidação de gemas, localizado no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre.
Ao todo, no espaço cultural Casa Amarela, ele reuniu 38 joias com fotos e outras dez, com desenhos. "Estas joias são as mais interessantes dentre muitas executadas durante minha trajetória no ramo", comenta. Segundo Okajima, uma curiosidade de seu trabalho é que, dentre os serviços mais solicitados pela clientela, os consertos de peças são os de maior demanda. "Todas as obras apresentadas na mostra retratam joias que foram produzidas artesanalmente, na técnica tradicional de ourivesaria artesanal. Não uso técnicas de fundição de cera perdida, que é a que permite reproduzir em cópias", sinaliza.
Os desenhos técnicos ainda representam metais, gemas e diamantes em tamanho real, ao lado de fotos de joias que mostram o resultado final dos modelos produzidos à mão. "Como trabalho sob encomendas, tento entender o que o cliente quer (o objetivo, tipo de design e o valor). Para isso, elaboro os desenhos", explica. "Os clientes trazem fotos de catálogos para inspirar, além de peças de bijuterias que gostaram ou joias de família para transformar", observa, emendando que muitas produções não foram registradas em fotos.
"Nesta mostra constam somente as peças fotografadas que considerei mais interessantes. Eu selecionei esse material, assessorado por minha filha (Bruna Okajima), que é arquiteta; enquanto meu filho (Víctor Okajima), que é publicitário, editou os vídeos."