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Publicada em 14 de Maio de 2024 às 19:03

Proprietários da Livraria Taverna projetam longo período de recuperação após alagamento

Livraria localizada em loja no andar térreo da Casa de Cultura Mario Quintana está alagada desde o dia 3

Livraria localizada em loja no andar térreo da Casa de Cultura Mario Quintana está alagada desde o dia 3

ANDRÉ GÜNTHER/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
O alagamento que tomou conta de diversas ruas do Centro de Porto Alegre, por conta do aumento do nível do Guaíba, após as fortes chuvas da primeira semana de maio em todo Estado, afetou também a Livraria Taverna. Localizado no térreo do prédio da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), o estabelecimento administrado pelos sócios André Günther e Ederson Lopes está debaixo d´água desde a tarde do último dia 3. 
O alagamento que tomou conta de diversas ruas do Centro de Porto Alegre, por conta do aumento do nível do Guaíba, após as fortes chuvas da primeira semana de maio em todo Estado, afetou também a Livraria Taverna. Localizado no térreo do prédio da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), o estabelecimento administrado pelos sócios André GüntherEderson Lopes está debaixo d´água desde a tarde do último dia 3. 
Segundo os proprietários, ainda não é possível estimar o tamanho do prejuízo, mas, dentre os estragos já verificados está o mobiliário da parte do primeiro andar da livraria. "Toda essa área foi atingida pela água, e, como a grande maioria dos móveis é de MDF, já constatamos que a madeira está inchada e desgatada, com as conexões se soltando. Ali há também, na vitrine, estantes de ferro, que não sabemos se vão resisitir à inundação ou se terão quer ser restauradas", afirma Günther. "Somente em mobiliário, foram investidos R$ 100 mil, há três anos atrás; então esse é o valor mínimo (considerando que os materiais podem ter dobrado de preço nesse perído), que acreditamos que vamos precisar para refazer os móveis, quando for possível reabrir as portas."
Para além do mobiliário do primeiro andar, Günther calcula que parte do acervo de 15 mil títulos da livraria pode ter sofrido danos, após nove dias exposto à umidade. Ele conta que a empresa fechou as portas já na manhã do dia 3, quando a água começava a chegar no entorno da Casa de cultura, na av. Sete de Setembro. "Ao perceber que poderia inundar, dispensamos nossa equipe de colaboradores. Saímos do local e retornamos no no final da tarde, às 17h20min, quando o acesso ao local já estava alagado", recorda.
Foi nesse momento que os proprietários da Taverna decidiram começar o processo de evacuação da loja, retirando todos os livros que estivessem até 1,5 metro do chão - colocando parte nos andares de cima das estantes e parte no mezzanino do espaço comecial. "Também colocamos barreiras na porta, improvisadas com fita adesiva e expansiva, para evitar que o local fosse inundado, mas não adiantou. No sábado (4), quando voltamos, a água já estava no nível das canelas - e à tarde, avançou mais, chegando na altura da cintura", destaca o sócio-proprietário.
"Torcemos para que não se perca muita coisa do acervo, pois os livros têm um preço bastante significativo, e isso poderia multiplicar nosso prejuízo", avalia Günther. Na manhã desta segunda-feira (13), aproveitando que no decorrer do final de semana o nível do Guaíba recuou e a inundação baixou, ele e o sócio reuniram um grupo de sete pessoas, para realizar uma força-tarefa e retirar o maior número possível de exemplares do local. "No entanto, mais da metade do acervo segue exposta à umidade", lamenta. Ainda de acordo com o lojista, também deu tempo de salvar todos os equipamentos eletrônicos (computadores, leitores de código de barras, impressoras, máquina de consulta de preços e câmera fotográfica que utilizam para imagens de publicações nas redes sociais). 
Apesar de toda a movimentação para evitar maiores danos ao negócio, Günther afirma que está preocupado sobre como será a reconstrução da livraria. Fundada em 2014, a empresa inicialmente funcionava de forma virtual, com venda online de livros acadêmicos, da área de Ciências Humanas (publicações com conteúdo de Sociologia, Ciência Política e Antropologia), e, em seguida, participando de feiras culturais de rua. Dois anos depois, os proprietários da Taverna abriram a primeira loja física, em um pequeno espaço na rua Fernando Machado. Foi nesse momento, que a empresa ampliu o acervo, com inclusão de publicações de outros gêneros. Desde então, matém também em seu catálogo livros publicações de Literatura (brasileira e estrangeira), com destaque para autores do gaúchos e portoalegrenses; Artes Visuais, Cinema, Música e Teatro.
A mudança para o prédio na Casa de Cultura ocorreu em 2021, somada à ampliação de títulos do acervo.
"Atualmente, apesar de trabalharmos com os mesmos gêneros, há uma diversidade maior, com catálogo maior e mais editoras; no entanto, a identidade e a curadoria se mantém a mesma: livros de artes, Ciências Humanas e Literatura, com bastante enfoque para questões ambientais, de gênero e de raça, além de autores negros e indígenas e questões ambientais", detalha Günther. 
Com as operações totalmente paradas após a inundação, os proprietários da Taverna afirmam que não têm como fazer nenhuma frente do trabalho, "nem mesmo vendas online, pois o acervo ficou todo bagunçado, uma vez que tudo foi retirado às pressas".
"Não sei quanto tempo ficaremos nessa situação", pontua o lojista. Segundo ele, os planos iniciais incluem esperar a água baixar para fazer uma limpeza no local, além de providenciar novo mobiliário, e verificar o que será possível aproveitar dos livros que forem salvos. "Acredito que não poderemos reabrir antes de um mês ou dois", calcula Günther. 
"Como precisamos manter as contas básicas, a exemplo da luz, do pagamento das funcionárias e de despesas com fornecedores, fizemos uma publicação no instagram - inicialmente como um desabafo - com um pedido de ajuda, para quem puder contribuir com qualquer valor, a fim de que possamos ao menos pagar essas contas", destaca o sócio-proprietário da Livraria Taverna. Ele esclarece que a campanha foi feita diretamente nas redes sociais da empresa e as doações em dinheiro, podem ser feitas pela chave Pix do empreendimento ([email protected]). "Temos muita esperança que seja possível reconstruir tudo que foi atingido. E, ainda que possamos conseguir isso, estamos muito preocupados e aflitos, pois sabemos que os próximos meses serão muito desafiadores para todos os que têm comércio ou pequenas empresas, e também para artistas e produtores culturais. Não vai ser fácil para ninguém."
 

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