Porto Alegre,

Anuncie no JC
Jornal do Comércio. O jornal da economia e negócios do RS. 90 anos.

Publicada em 16 de Novembro de 2023 às 18:23

Com repertório de sucessos, Alceu Valença se coloca ao dispor do público no Festival Turá

Artista pernambucano se apresenta neste sábado (18) com o show 'Alceu Dispor'

Artista pernambucano se apresenta neste sábado (18) com o show 'Alceu Dispor'

Leo Aversa/Divulgação/JC
Compartilhe:
Carlos Villela
A apresentação é apenas no final de semana, mas ele vem e Porto Alegre já escuta os seus sinais: Alceu Valença é uma das atrações do Festival Turá, que acontece neste sábado (18) e domingo (19), junto a artistas como Caetano Veloso, Emicida, Fresno e Pitty. O músico pernambucano traz sua turnê Alceu Dispor para o festival, (quase) antenado com as tendências online e indo de encontro às novas gerações.
A apresentação é apenas no final de semana, mas ele vem e Porto Alegre já escuta os seus sinais: Alceu Valença é uma das atrações do Festival Turá, que acontece neste sábado (18) e domingo (19), junto a artistas como Caetano Veloso, Emicida, Fresno e Pitty. O músico pernambucano traz sua turnê Alceu Dispor para o festival, (quase) antenado com as tendências online e indo de encontro às novas gerações.
“Eu não sou muito de internet, mas a minha mulher, a Yanê Montenegro, diz que foi o tal do meme de internet que apareceu, ‘Alceu Dispor, ao seu dispor’, então foi ela que botou o nome”, conta o artista ao Jornal do Comércio. O trocadilho surgiu nas redes sociais e se popularizou, indo de publicações e figurinhas digitais até virar estampa de camiseta autorizada por Alceu. “Estamos colocando à disposição de vocês um show, que é esse que eu estou levando para o Rio Grande do Sul”.
A relação com o Estado vem de longa data, e rendeu bons frutos. Em uma de suas visitas nos anos 1980, enquanto estava hospedado no bairro Moinhos de Vento, Alceu começou a compor a letra da música "O P da Paixão", inspirado pelo P de Porto Alegre. “O P da paixão provoca o poema / E o P do poema é um parto, é um parto / São poucas pegadas nas pedras do porto / E um poema torto persegue teus passos”, diz a letra, concluída após uma coincidência: poucos dias depois de se apresentar aqui, ele viajou para cantar em Portugal, na cidade do Porto. Lá, terminou a canção. “P de Porto Alegre, P do Porto”, ri Alceu.
Desde então, os retornos à Capital gaúcha são garantidos, e quase anuais. O mais recente foi no fim de 2022, quando recebeu o Mérito Cultural da Pucrs. E, depois do Turá, Alceu já tem data de retorno marcada. No dia 17 de agosto de 2024, vai levar para o Auditório Araújo Vianna o concerto Valencianas, sua parceria de sucesso com a Orquestra Ouro Preto que já rendeu dois discos.
Nesta apresentação no festival, o repertório mostra a versatilidade do artista e traz sucessos como "Anunciação", "Tropicana", "Coração Bobo", "Táxi Lunar", "Cavalo-de-Pau" e "Belle de Jour". Além disso, dá espaço para músicas de diferentes fases de sua vida: "Papagaio do Futuro" e "Anjo de Fogo", lançadas no começo da carreira; "Bobo da Corte", "Estação da Luz" e "Tesoura do Desejo", do período de consagração nos anos 80 e 90, e canções mais recentes como "Flor de Tangerina" e "Embolada do Tempo".
Sempre expandindo seus horizontes ao misturar referências musicais, teatrais e do cinema, Alceu é um dos artistas mais inovadores do Brasil. A sua curiosidade se nota na erudição dos arranjos de Valencianas ou na proposta popular da Alceu Dispor, e no interesse em explorar as possibilidades que instrumentos musicais podem oferecer. E, dentro dessas pesquisas e inovações, ele não se distancia jamais da própria cultura. “Em determinado momento eu coloquei guitarra, um instrumento que sempre gostei, mas a guitarra era muito usada pelo pessoal que tocava rock e blues. Quando eu coloquei dentro da minha música, ela não tem nada a ver com rock and roll - apesar de eu respeitar e achar é um gênero muito bacana”, diz. “Cada povo, cada região tem um sotaque, e é bom que tenha, para não ser uma coisa monocórdia”.
Para Alceu, antes de tudo é preciso ser fiel a si mesmo. “O (filósofo espanhol) Ortega y Gassett falava sobre isso, as minhas circunstâncias é o meu mundo circundante. Alceu Valença é natural de Pernambuco. Da onde? Lá de São Bento do Una. Ele ouvia coisas de lá? Ouvia, tudo. Depois ele foi para o Recife, e adquiriu outro tipo de cultura. Depois, ele ouvia através do rádio um outro tipo de cultura. Então eu sou original.”
Por isso, ele ressalta: nada de medir a arte brasileira com régua estrangeira. “A Madonna é ótima. Agora, quando uma brasileira quer ser uma Madonna, ela não consegue, porque a Madonna teve as circunstâncias dela. Como a Elis Regina, que era gaúcha. Madonna sabe cantar como Elis Regina? De jeito nenhum, nem Elis Regina cantaria como ela. Eu, da minha parte, respeito todo mundo. Um cara como o Mick Jagger, ele é maravilhoso. Ele sabe cantar 'Coração Bobo'? Não, o swing dele é outro. Então eu não me comparo com ninguém, eu sou eu”, explica Alceu. “Vamos fazendo a nossa, porque quando a gente faz a dos outros, a gente fica o segundo time, o reserva”.
Pronto para se conectar com o público em um festival com atrações nacionais de diferentes estilos, Alceu Valença também se solidariza com os desafios enfrentados por novos talentos que buscam um espaço ao sol. Na sua percepção, é mais difícil que uma música faça grande sucesso nas redes sociais hoje sem ter sido lançada no passado, em uma época em que o modelo comercial era outro. “É muito chato isso, porque tem artistas maravilhosos que estão aí surgindo, e fica complicado”, lamenta Alceu. “Acho que Raul Seixas tinha razão quando ele falava que ‘é tanta coisa no menu que eu não sei o que comer’. É muita gente cantando, e isso é muito bom por um lado, você tem acesso ao cara que coloca (música) nas plataformas igual ao Paul McCartney, ao Geraldo Azevedo. Mas aí o difícil é a música pegar”.
O segredo para fazer sucesso neste contexto é um mistério difícil de decifrar. “Até hoje ninguém descobriu uma coisa chamada viral. Se a gente soubesse como é que se faz, então o filho de um milionário que queria ser artista, o pai comprava o viral e aí o cara ia aparecer para caramba. Mas até agora ninguém sabe como é que ele acontece”.
Sábado, 18 de novembro
14h15:
Bloco Império da Lã
15h20:
Jup do Bairro
16h10:
Céu Bar + Arte by Johnny 420
16h45: Papas da Língua
17h45:
Blow Up
18h20:
Alceu Valença
19h20:
Cabaret
19h55:
Fresno convida Pitty
21h05:
Cadê Tereza? por Nanni Rios
21h40:
Emicida

Domingo, 19 de novembro
14h25:
Bloco da Laje
15h30:
Francisco, el Hombre
16h30:
Morrostock
17h05:
Marina Sena
18h05:
Carol Sanches & Raquel Pianta
18h40:
Duda Beat
19h40:
DJ Chernobyl
20h15:
Baco Exu do Blues
21h15:
Cadê Tereza? por Nanni Rios
21h50:
Caetano Veloso

Notícias relacionadas