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Música

- Publicada em 27 de Setembro de 2022 às 17:07

Guns N' Roses empolga fãs com show longo e energético em Porto Alegre

Banda dos icônicos Axl Rose (esquerda) e Slash (direita) agitou 40 mil pessoas em show na Arena do Grêmio

Banda dos icônicos Axl Rose (esquerda) e Slash (direita) agitou 40 mil pessoas em show na Arena do Grêmio


KAT BENZOVA/DIVULGAÇÃO/JC
Os fãs gaúchos de rock pesado não têm tido o que reclamar de 2022, no que se refere a grandes shows internacionais. Depois de um período de seca musical, ampliado pelas necessidades de distanciamento trazidas pela pandemia, Porto Alegre teve a chance de assistir, neste ano, a grandiosos espetáculos de Kiss e Metallica - lista que foi ampliada na última segunda-feira (26), quando o Guns N Roses tocou na Arena do Grêmio para 40 mil barulhentos e fervorosos fãs. E a verdade é que, se fôssemos estabelecer um placar de mega-shows no Estado, Axl Rose e seus colegas provavelmente levariam o caneco, já que trouxeram aos gaúchos um espetáculo longo (três horas ao todo), de alto nível visual e musical, com repertório memorável e quase sem erros ou problemas visíveis. 
Os fãs gaúchos de rock pesado não têm tido o que reclamar de 2022, no que se refere a grandes shows internacionais. Depois de um período de seca musical, ampliado pelas necessidades de distanciamento trazidas pela pandemia, Porto Alegre teve a chance de assistir, neste ano, a grandiosos espetáculos de Kiss e Metallica - lista que foi ampliada na última segunda-feira (26), quando o Guns N Roses tocou na Arena do Grêmio para 40 mil barulhentos e fervorosos fãs. E a verdade é que, se fôssemos estabelecer um placar de mega-shows no Estado, Axl Rose e seus colegas provavelmente levariam o caneco, já que trouxeram aos gaúchos um espetáculo longo (três horas ao todo), de alto nível visual e musical, com repertório memorável e quase sem erros ou problemas visíveis. 
A idade é uma seta que não aponta para trás, mas é sempre interessante notar como as grandes bandas de rock conseguem renovar seu público. Embora a quantidade de roqueiros de meia idade tentando esconder com bandanas as entradas de calvície fosse considerável, a verdade é que a Arena do Grêmio recebeu muita, mas muita gente nova - pessoas que possivelmente nem tivessem nascido quando Appetite for Destruction chegou às lojas em 1987, e que mesmo assim carregam uma paixão pela música comparável aos fãs da velha guarda. Foi uma aglomeração empolgada e festiva, que superou as dificuldades inerentes ao entorno do estádio com a paciência de quem sabe que o esforço vale a pena.
A abertura da noite, com os gaúchos da Tokyo Drive, cumpriu sua função com eficiência - embora o estilo da banda, mais próximo do rock alternativo, talvez não fosse a melhor escolha no comparativo com a banda principal. Visivelmente felizes com a oportunidade, os jovens músicos tocaram com bastante entrega, merecendo os aplausos do público que ainda começava a encher a Arena.

Axl Rose e Slash: uma dupla icônica do rock pesado

Apresentação desta segunda-feira (26) marcou a quarta visita dos norte-americanos à Capital

Apresentação desta segunda-feira (26) marcou a quarta visita dos norte-americanos à Capital


KAT BENZOVA/DIVULGAÇÃO/JC
Talvez não seja mais possível dizer, como em tempos idos, que o Guns N' Roses é 'a banda mais perigosa do mundo' - afinal, a idade chega para todos, e novos grupos e movimentos musicais vão pegando para si o ar de novidade incendiária dos mais antigos. Mas o show desta segunda-feira deixou claro que a chama segue forte e que, ao menos em cima do palco, o conjunto segue sendo uma força para lá de respeitável no cenário rock mundial. Abrindo a noite com a dobradinha It's so easy e Mr. Brownstone, o grupo capturou imediatamente a imaginação dos fãs, e quase não deu margem para que a atenção se dispersasse durante as longas três horas de show - que poderiam ser longas demais se conduzidas por mãos menos competentes, mas que, a serviço do set superlativo dos roqueiros norte-americanos, ficaram na medida. 
Algo de mágico acontece quando o vocalista Axl Rose e o guitarrista Slash dividem o mesmo palco. Verdade que Axl segurava bem a onda mesmo nos longos anos em que carregou sozinho a tocha do Guns N' Roses, e que as guitarradas de Slash sempre brilharam em projetos como o Slash's Snakepit e o Velvet Revolver. Mas me parece que ícones do rock têm um pouco de craques do futebol: sozinhos, até conseguem levar um time (ou banda) a importantes conquistas, mas é jogando juntos que a coisa vira, de fato, um espetáculo. Sem desmerecer o grande Duff McKagan, presença eficiente e carismática no baixo, mas é a união de Axl e Slash que faz do Guns N' Roses uma entidade, é a presença dos dois no mesmo palco que traça a linha entre um show competente (como os que a própria banda fez aqui em 2010 e 2014) e uma apresentação, de fato, memorável.
Havia preocupação com a capacidade de Axl Rose cantar o exigente repertório da banda, mas a verdade é que seu desempenho foi bem melhor do que a preocupante performance televisionada no último Rock in Rio, há algumas semanas. A voz não é mais a mesma, mas a banda usa alguns truques competentes para disfarçar - em especial com os backing vocals da também tecladista Melissa Reese, que cantou quase todas as notas altas junto com Axl e ajudou a manter certa fidelidade aos arranjos originais. Mas o cantor conseguiu fazer a maior parte do serviço sem ajuda, e não deixou nada a desejar em presença de palco, correndo bastante e fazendo as danças de praxe.
Quanto a Slash, não parece ter envelhecido um dia sequer. Sua guitarra soou alta e marcante, mesmo com o som um pouco embolado na Arena, e a capacidade de unir melodia e ímpeto segue sendo a grande assinatura do seu estilo de tocar. Em momentos como Estranged e Civil War (que ganhou ares de homenagem aos soldados que morrem em batalhas na Ucrânia), seus solos ganham um caráter quase narrativo, como se trouxessem novos significados ao drama das canções. E sua presença de palco, reforçada pela farta cabeleira escura e pela indefectível cartola, leva qualquer fã em uma emocional viagem de volta ao passado.

Repertório uniu clássicos e faixas mais obscuras

Público interagiu intensamente com a banda durante as três horas de show

Público interagiu intensamente com a banda durante as três horas de show


KAT BENZOVA/DIVULGAÇÃO/JC
Um elogio especial deve ser feito ao vigor dos músicos em cima do palco. Mesmo ocupando sabiamente uma posição mais discreta, o guitarrista Richard Fortus segurou as bases com firmeza e competência, enquanto Frank Ferrer segurou repetidas horas de peso roqueiro sem deixar a pegada de sua bateria cair. Unidos, Melissa Reese e o velho parceiro Dizzy Reed (tecladista da banda desde 1990) criaram marcantes bases melódicas em vários momentos, sem causarem impressão de exagero em momento algum. E não tem como manter uma plateia hipnotizada por três horas seguidas sem aquele famoso 'algo mais' em termos de energia: de fato, todos terminaram a noite visivelmente cansados e cobertos de suor, testemunho de que ninguém fez corpo mole em cima do palco.
Hits não faltam na história do Guns N' Roses, e quase todos eles estiveram presentes. Welcome to the jungle foi uma das mais festejadas, e clássicos do rock pesado como You could be mine, Sweet child o'mine e Knockin' on heaven's door estão entranhados no DNA de qualquer pessoa que tenha escutado um pouco que seja de rock nas últimas décadas. Houve espaço para temas mais recentes, como as boas Better e Sorry, e faixas do novo EP Hard Skool (como a faixa-título e a excelente e agressiva Absurd) também se fizeram presentes. Os fãs mais dedicados, que sempre pedem músicas que fujam do óbvio, devem ter ficado felizes com a presença de Double talkin' jive, Reckless life e Coma, para citar apenas algumas. Em suma, teve algo para todos os gostos, e mesmo quem não estava muito no espírito de determinada canção (eu mesmo, por exemplo, não suporto a chata balada Don't cry) não precisava esperar mais do que alguns minutos para ser recapturado logo em seguida.
Após horas de exuberância visual (com telões mesclando imagens do palco e vídeos aludindo aos temas de cada música) e potência sonora, a apresentação chegou ao fim com um longo bis (que, sozinho, deve ter durado quase meia hora), incluindo um cover de The seeker, do The Who (tocada pela primeira vez em toda a turnê) e encerrando com a majestosa e pesada Paradise city. Mesmo depois de tanto rock, os fãs ainda tinham energia para pular e cantar na reta final - um testemunho de como a energia entre palco e plateia foi realmente acima da média para shows desta dimensão. Segunda-feira não é exatamente um dia talhado para o rock, mas ninguém reclamou de chegar em casa tarde da madrugada após assistir o ótimo show do Guns N' Roses - e a rouquidão e dores de pescoço que possam estar sentindo agora, no cumprimento do dia útil de serviço, ficam como lembrança de uma semana que começou muito bem, da forma mais roqueira possível.