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cinema

- Publicada em 25 de Novembro de 2020 às 22:55

Estreia documentário que traz a memória de Babenco em preto e branco

'Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou' representa o Brasil no Oscar

'Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou' representa o Brasil no Oscar


IMOVISION/DIVULGAÇÃO/JC
"Muito estudo, muito foco, muito sonho." Assim a gaúcha de Campo Bom Bárbara Paz traduz a forma como sua trajetória artística foi consolidada até chegar aqui, momento em que ela assina a direção do longa que vai representar o Brasil na busca por uma vaga no Oscar 2021. Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, sobre a trajetória do cineasta argentino Hector Babenco (de Pixote e Carandiru), que construiu carreira no Brasil, foi o primeiro documentário a ser selecionado para a missão. O anúncio foi feito na quinta-feira (18) passada.
"Muito estudo, muito foco, muito sonho." Assim a gaúcha de Campo Bom Bárbara Paz traduz a forma como sua trajetória artística foi consolidada até chegar aqui, momento em que ela assina a direção do longa que vai representar o Brasil na busca por uma vaga no Oscar 2021. Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, sobre a trajetória do cineasta argentino Hector Babenco (de Pixote e Carandiru), que construiu carreira no Brasil, foi o primeiro documentário a ser selecionado para a missão. O anúncio foi feito na quinta-feira (18) passada.
Companheira do diretor, a atriz começou a filmá-lo em 2010, em um hospital em Paris. "Tem filmes maravilhosos na seleção, outros vão estrear ainda. A safra deste ano do cinema brasileiro está viajando pelo mundo inteiro, sendo premiada, eu só fico honrada e orgulhosa de ter sido escolhida com um documentário, pela primeira vez, para representar o Brasil no Oscar e levar o Hector de volta para a Academia", comenta Bárbara.
"Isso me emociona, pois foi um homem que levou o cinema brasileiro para o mundo. Fiquei sabendo que vários países indicaram documentários neste ano, isso é incrível, porque as pessoas estão um pouco cansadas de ficção e querem mais realidade, estão consumindo mais o documental. O streaming chegou para nos dar isso também, porque não havia muito acesso, a não ser em festivais. E, a partir de hoje, tem no cinema um documentário íntimo e pessoal", afirma a diretora, referindo-se à estreia nacional do título nas salas nesta quinta-feira.
Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou estreou no Festival de Veneza de 2019, vencendo na categoria de melhor documentário e também destacado pelo prêmio Bisato D'Oro, da crítica independente. A seleção para um dos três eventos cinematográficos mais importantes do mundo se devia ao prestígio e relevância internacional de Babenco como grande cineasta da alma humana; e o que ele começou a arquitetar com Bárbara sobre sua morte para exibir na tela grande, finalizado por ela depois do falecimento em 2016, honra a sua história e contribuição artística.
Além de Pixote, a lei do mais fraco (1980), O Beijo da Mulher-Aranha (1985) - que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor diretor naquele ano - resiste na memória de cinéfilos do planeta inteiro.

"Cinema é a expressão maior de retratar um grande ser humano"

Desde o início, Bárbara Paz sabia que sua estreia na direção de longas seria um poema visual

Desde o início, Bárbara Paz sabia que sua estreia na direção de longas seria um poema visual


FELIPE HELLMEISTER/DIVULGAÇÃO/JC
O filme é uma grande sequência de acertadas escolhas estéticas. Como todo documentário que funciona em seu propósito, tem uma montagem destacada. A bela fotografia é conceitual; a trilha gera um estranhamento de forma positiva. "Foi um longo processo de montagem, porque eu sabia deste o início o tipo de filme que queria, mais um poema visual e não uma biografia. Era para ser uma colcha de retalhos da vida e da obra desse homem", ressalta a diretora.
"Foi feito minuciosamente, cada imagem foi pensada, cada palavra, cada som, cada música, tudo foi pensado dentro de um roteiro que é o retrato desse pedaço da vida desse pensador. Todos os montadores passaram ali e deixaram um pedacinho, e eu e o Cao Guimarães fechamos o filme juntos, mas a linguagem, o estilo, a dança das imagens, o preto e branco, são coisas que partiram de mim", destaca Bárbara.
Ela conta que Babenco nunca teve coragem de fazer um filme em preto e branco, mas dizia que toda a memória dele era em PB. "As pessoas me perguntam: 'Por que você colocou até os filmes dele em preto e branco no seu documentário?'. Eu respondo: 'Porque a arte não tem limites'. Um pouco antes de ele morrer, mostrei um primeiro teaser. Ele se emocionou muito e falou: 'É... até que eu sou um homem interessante. Você pode fazer o que quiser neste filme. Estou te dando meu passaporte'."
Conforme Bárbara, o mais difícil do projeto foi ter que escolher imagens para ficar e tirar outras que amava: "Acho que não se termina um filme, desistimos, porque não queremos acabar nunca, podemos contar essa história de várias maneiras. Eram tantas cenas, mas tive que optar. O que me aliviou foi saber que lancei o livro também, que tem o bruto disso tudo. Ele e o filme são complementares".
Mr. Babenco - Solilóquio a dois sem um (2019, 184 págs., R$ 55,00) foi publicado pela Editora Nós. Amigos da diretora, a realizadora Petra Costa (de Democracia em vertigem) e o ator norte-americano Willem Dafoe, que vive o alter ego do cineasta em Meu amigo hindu (2015), são produtores associados do documentário.
Neste ano, o filme da Petra também concorreu na categoria Documentário no Oscar. Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou foi selecionado para mais de 20 festivais internacionais e no início de 2020 conquistou o prêmio de Melhor Documentário no Festival internacional de Cinema de Mumbai, na Índia. Os olhos dos críticos de fora do País, naturalmente, estão voltados para nossa produção audiovisual, cada vez mais em evidência. "O cinema pode ser a expressão de um povo e pode ser o retrato de um grande ser humano, como é o caso do meu filme. Acho que o cinema é a expressão maior de retratar um grande ser humano", comenta Bárbara Paz.